No dia da memória litúrgica de São João Paulo II, 22 de outubro, os padres da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro se reuniram na sede da Mitra Arquiepiscopal, na Glória, para o 2° Encontro de Formação para os Presbíteros em 2025.
Durante toda a manhã, os temas apresentados levaram os sacerdotes a meditar sobre os desafios para a prática de uma comunicação humanizada, tanto no dia a dia de suas comunidades como nos ambientes digitais. O encontro também proporcionou momentos de partilha e fortalecimento da fraternidade sacerdotal.
“Nós temos muitas oportunidades de estar com os nossos sacerdotes. Seja quando temos celebrações nas paróquias; nas visitas pastorais, onde reunimos também os padres das foranias, nos vicariatos episcopais que promovem suas formações e suas convivências dos presbíteros, e, duas vezes por ano, reunimos todo o clero arquidiocesano para tratar de temas especiais que contribuem para a missão dos pastores nas suas comunidades”, disse o arcebispo metropolitano do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta.
“Coincidentemente, neste dia nós celebramos a memória de São João Paulo II, que, na sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores Dabo Vobis, de 1992, apresenta essa necessidade da formação permanente dos presbíteros para o diálogo com o mundo moderno. Então, é uma forma dessa formação permanente. Não quer dizer que vamos sair daqui especialistas nesse tema, mas é uma busca para aprofundar melhor os temas que são trazidos”, disse o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, referencial para a Pastoral Presbiteral, Dom Roque Costa Souza.
A primeira conferência foi conduzida por Marcelo Alves, professor do Departamento de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O conferencista abordou os principais aspectos das ferramentas de inteligência artificial (IA) e os desafios impostos pela sua utilização nas esferas privada e profissional. Para o professor, cabe às instituições definirem as boas práticas para uma aplicação ética e eficiente dessas poderosas tecnologias.
“As tecnologias de IA têm uma dimensão de uso, no momento que a gente está hoje, que é a experimentação e inovação. Todo mundo, quando tem um debate público, muitas pessoas falando sobre uma nova tecnologia, a gente tem curiosidade, a gente quer utilizar e a gente quer saber genuinamente como essas tecnologias podem nos ajudar no nosso dia a dia. Esse é um uso pessoal. Quando se trata de um contexto institucional, a gente, de fato, precisa compreender quais são os conjuntos de regras, boas práticas, que podem ser constituídas numa política de comunicação ou num manual, num guia de uso, de referência, para que possa instruir as pessoas”, disse Marcelo Alves.
O segundo momento de reflexão teve como tema “Gestão de pessoas: Relacionamentos com os padres e com o povo”. A psicóloga Ana Paula Pingarilho destacou que a Igreja necessita de líderes empenhados em humanizar sua relação com os fiéis, tendo a consciência de sua responsabilidade e influência na vida das pessoas.
“Os padres têm uma alta responsabilidade. Porque o impacto de suas palavras e ações é muito grande por ser uma figura de autoridade. Uma palavra é uma palavra de pai, é a palavra representando Deus. É Jesus ali encarnado na figura do padre. Então, o impacto é muito poderoso e a responsabilidade com isso aumenta. Eu acho que é o cuidado, é a presença: liderar pela presença, liderar pelo exemplo é o que impacta a vida dos fiéis”, disse a psicóloga Ana Paula Pingarilho.
Para o clero arquidiocesano, a atividade foi mais que uma formação. Além dos aprofundamentos que contribuíram para renovar o ardor pastoral, a manhã foi um momento de rever os amigos, trocar experiências e fortalecer as relações fraternas desses homens que compartilham a mesma missão: servir ao povo de Deus.
“Talvez devamos deixar de ter convivências superficiais e termos mais relacionamento uns com os outros. Eu acho que a oportunidade desse encontro providenciou isso também: de ver irmãos que, às vezes, a gente não consegue encontrar no nosso dia a dia, dada a missão particular que temos. De fato, nutrirmos este relacionamento além de uma convivência, além de um encontro. Aprofundar o contato direto, mais próximo, mais íntimo com os irmãos. Então, foi muito proveitoso a nossa partilha nesta manhã”, disse o vigário episcopal do Vicariato Madureira, padre Bruno Borba.
Luiz Casemiro