Clube Naval e Arquidiocese do Rio firmam convênio para formação de adolescentes aprendizes

A parceria com a Arquidiocese do Rio de Janeiro fortalece o programa de Aprendizagem Profissional que, desde 2010, já formou mais de 800 adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade na área de auxiliar de escritório em geral.

O Clube Naval e a Pastoral do Menor da Arquidiocese do Rio de Janeiro assinaram um contrato que marca uma nova etapa no compromisso conjunto com a formação técnico-profissional e humana de adolescentes em situação de vulnerabilidade, de acordo com a Lei Federal nº 10.097/2000 sobre a Aprendizagem Profissional.

A iniciativa integra o programa de aprendizagem profissional desenvolvido pela Pastoral do Menor desde 2010 e visa ampliar as oportunidades de ingresso protegido e qualificado no mercado de trabalho para adolescentes a partir dos 14 anos.

O contrato, realizado na sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro, na Glória, no dia 12 de setembro, foi assinado pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, e pelo Almirante de Esquadra (RM1-FN) Alexandre José Barreto de Mattos, presidente do Clube Naval.

Também estiveram presentes na cerimônia o assistente eclesiástico adjunto da Pastoral do Menor, Charles Fernando Gomes; a coordenadora técnica dos programas sociais da Pastoral do Menor, Geovana Silva; a advogada da Mitra Arquiepiscopal, Claudine Milione Dutra; membros da Marinha do Brasil e da Pastoral do Menor.

A primeira aprendiz contratada foi Rebeca Luna Moreira Cordeiro, aluna do Programa Forças no Esporte (Profesp), do Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan), oriunda do Polo da Penha da Pastoral do Menor, que esteve presente no evento acompanhada de sua mãe.

O contrato prevê a abertura de novas vagas para o curso de auxiliar de escritório em geral, oferecido pela Pastoral do Menor, enquanto entidade qualificadora, com cadastro ativo no Ministério do Trabalho e Emprego.

Desde o início do programa, mais de 812 jovens já foram formados pela Pastoral do Menor, sendo que, entre 2020 e 2025, ao menos 108 foram contratados ao término do contrato de aprendizagem.

Um dos diferenciais da Pastoral do Menor, enquanto entidade qualificadora, é o acompanhamento psicossocial oferecido por uma assistente social e uma psicóloga. A formação vai além da área técnica e visa também fortalecer a autoestima, a autonomia e os vínculos familiares dos adolescentes e jovens.

A aprendizagem profissional é respaldada por leis como a nº 10.097/2000 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que asseguram o direito à profissionalização e à inserção gradual no mundo do trabalho. Ao estabelecer esse novo convênio, o Clube Naval se soma ao esforço de garantir esse direito com responsabilidade social e impacto positivo na sociedade.

Para a Pastoral do Menor, a parceria com instituições como o Clube Naval reforça a missão de promover e defender a vida de crianças e adolescentes, assegurando que nenhum talento seja desperdiçado e que toda juventude possa sonhar com um futuro de dignidade e oportunidades.

 

Ações concretas em benefício da dignidade humana

Segundo Dom Orani, a Arquidiocese do Rio de Janeiro, em meio às suas celebrações jubilares e ao Ano Santo da Esperança, formalizou um importante passo em seu compromisso com a inclusão social e o desenvolvimento de adolescentes e jovens.

“A Pastoral do Menor, que já conta com 41 anos de atuação, se dedica ao atendimento de crianças, adolescentes e jovens vulneráveis de regiões de nossa arquidiocese, oferecendo apoio espiritual, capacitação profissional e assistência social. O objetivo é promovê-los no presente, para que no futuro possam ser felizes e ajudarem o mundo a ser melhor”, disse.

O arcebispo enfatizou que a atuação social é parte intrínseca da missão da Igreja e explicou que: “A Igreja está inserida na sociedade, no mundo e, juntamente com o anúncio de Jesus Cristo, razão principal da nossa vida, somos corresponsáveis também por proporcionar às pessoas uma vida mais justa, humana e fraterna”.

Segundo Dom Orani, “esta corresponsabilidade se manifesta na busca por atender às necessidades de todos, dentro das possibilidades, alinhando o Evangelho com a ação concreta em benefício da dignidade humana.”

 

Compromisso Social

O Almirante Alexandre José Barreto de Mattos destacou a importância de um novo acordo, posicionando-o como uma extensão do papel das Forças Armadas no suporte a iniciativas da arquidiocese.

“O acordo é mais uma etapa da participação que as Forças Armadas têm dado aos projetos da arquidiocese, que apoiam as crianças em situação de vulnerabilidade.”

Ele compartilhou experiências pessoais que evidenciam o impacto positivo dessas interações, relembrando que, como comandante de um centro de instrução que recebia cerca de 500 crianças durante o dia, “quando o dia ficava agitado, os problemas ficavam difíceis de ser resolvidos. A minha saída era visitar o projeto, onde as crianças estavam, e lá eu me sentia renovado para resolver.” Para o Almirante, “todos nós deveríamos dar um valor muito grande às crianças, que são o nosso futuro.”

O Almirante afirmou que a vocação social do Clube Naval é inerente à própria Marinha. “Sim, a vocação social vem da Marinha”, explicou. Ele detalhou que a formação militar inclui o apoio à população: “Nós somos preparados para defender o nosso país e apoiar as pessoas. Já temos isso na nossa formação”. Nesse sentido, o Clube Naval funciona como uma extensão da missão social da Marinha. “A missão do Clube Naval não é diferente da missão da Marinha.”

O novo programa de aprendizagem prevê a captação contínua de jovens. As três sedes do Clube Naval no Rio de Janeiro – a sede social no Centro, o Piraquê na Lagoa (sede esportiva) e a sede náutica em Niterói – terão papel fundamental. A ideia é que “a cada vaga que se dê, a cada jovem aprendiz que saia, um novo seja captado”, garantindo a continuidade e a expansão das oportunidades oferecidas”, explicou o Almirante.

 

Promover a inclusão social

Para o assistente eclesiástico adjunto da Pastoral do Menor, Charles Fernando Gomes, que trabalha na área da assistência religiosa no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), a iniciativa da parceria também fortalece a relação histórica entre a Igreja Católica e as Forças Armadas.

“A parceria entre a Pastoral do Menor junto ao Clube Naval tem por intuito promover a inclusão social, como também a empregabilidade de adolescentes e jovens, e essa parceria fortalece muito o vínculo das Forças Armadas junto com a Igreja Católica”, afirmou.

Padre Charles lembrou que a atuação da Pastoral do Menor junto às Forças Armadas não é recente. “Já são anos que a Pastoral do Menor atua de forma muito forte, muito presente em batalhões, seja do Exército, da Marinha, como também da Aeronáutica, e essa parceria sempre deu bons frutos”, destacou.

Segundo ele, o Clube Naval abraçou o projeto com o propósito de oferecer formação integral para a juventude. “O Clube Naval, com esse projeto, tem como intenção trazer possibilidade de empregabilidade e também formação para adolescentes e jovens”, disse.

O assistente eclesiástico ressaltou ainda a importância de resgatar valores éticos e espirituais por meio da iniciativa. “Vejo como uma possibilidade de tirar a juventude deste mundo tão marcado pela alienação, pelos vícios e também pelo desestímulo ao estudo e até mesmo às experiências religiosas”, afirmou.

Para o padre Charles, os princípios transmitidos pelo projeto serão determinantes para a formação dos participantes. “Na Pastoral do Menor, como no Clube Naval, trazemos princípios cristãos, éticos e morais que vão nortear o caráter do cidadão, e penso que isso é de grande valia para a sociedade”, acrescentou.

Ele também ressaltou a relevância da parceria para jovens em situação de vulnerabilidade, como aqueles que deixam o sistema socioeducativo. “Penso que essa parceria futuramente vai estar ajudando e dando frutos para os jovens que, quando saem do Degase, poderiam encontrar uma porta aberta para inserção no mercado de trabalho”, avaliou.

Ao final, ele agradeceu o apoio das lideranças religiosas e militares e reforçou seu compromisso pessoal. “Agradeço a Deus pelo nosso arcebispo do Rio, Dom Orani, sempre atento a essas realidades, e me coloco também disponível a ajudar, trazendo a experiência que tenho junto ao Degase”, concluiu padre Charles.

 

Promoção humana plena de direitos

Para a coordenadora técnica dos programas sociais da Pastoral do Menor, Geovana Silva, a pastoral tem quatro décadas de atuação na Arquidiocese do Rio de Janeiro e continua a ser um farol de esperança para crianças e adolescentes.

Ela revelou os expressivos números e os desafios que a pastoral enfrenta para promover a inclusão de jovens em situação de vulnerabilidade. Em 2024, a Pastoral do Menor atendeu cerca de 15 mil crianças e adolescentes. “O programa de aprendizagem profissional, um dos pilares da instituição desde sua habilitação pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 2010, atende atualmente uma média de 100 adolescentes.”

Apesar de já ter conseguido a formação e emprego de 108 jovens ao longo dos anos, Geovana Silva destaca que há “um gap muito grande”, impulsionando a busca por “novas empresas para encaminhamento dos jovens que aguardam essa oportunidade do primeiro emprego”.

A missão da Pastoral é “promover e defender a vida de crianças e adolescentes empobrecidos e violados nos seus direitos fundamentais”, disse. Isso se traduz na busca por “garantir a escolarização com qualidade, a profissionalização e o emprego. O emprego é a promoção humana plena de todos os direitos que estão garantidos no Estatuto da Criança e do Adolescente”, completou.

Os adolescentes atendidos pela Pastoral são predominantemente das “áreas favelizadas do Rio de Janeiro que têm, muitas das vezes, seus direitos violados”. As necessidades são vastas e complexas, abrangendo desde a “questão documental civil, já que muitos não a possuem, até questões seríssimas de insegurança alimentar, famílias ainda passando fome”. Outros desafios incluem a falta de atendimento na área de saúde, problemas de segurança pública e a carência de creches e escolas.

Diante de tamanhas violações, a coordenadora enfatiza a responsabilidade coletiva: “Todos nós somos responsáveis por essas crianças e adolescentes. Todos nós temos que primar por esses direitos”. A Pastoral do Menor ergue “uma bandeira de esperança, buscando efetivar os direitos desses jovens e lhes proporcionar um futuro mais digno e promissor”, conclui Geovana Silva.

Atualmente, o programa conta com 89 instituições parceiras, incluindo 76 paróquias da Arquidiocese do Rio, além de organizações e empresas como a Rádio Catedral, Cáritas, Obra Social Cristo Redentor, Proteste, Grupo DASA, Seminário Arquidiocesano de São José, Pequena Cruzada, Convento de Santa Terezinha, Ímpar Serviços Hospitalares, CAL, Proecho, ASPA – Ação Social Padre Anchieta, Pátios Paraná Logística e Gestão de Trânsito Ltda.

 

Carlos Moioli

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