Acontece todos os anos na Sexta-Feira Santa ou Sexta-Feira da Paixão a Coleta para os Lugares Santos, ocasião em que todos os fiéis são convidados a contribuir para manter esses locais santos que estão, sobretudo, em Jerusalém e em toda a Terra Santa. São os lugares por onde Jesus caminhou anunciando a salvação e nos chamando para uma mudança de vida. Os fiéis são convidados a serem generosos nesse dia na hora da coleta e todo o dinheiro arrecadado é destinado para esses locais, não fica nada na paróquia ou na diocese. É preciso manter aqueles templos, pois recebem a visitação dos fiéis ao longo de todo o ano.
Pedagogicamente, tudo o que deixamos de comer neste dia, de alimentação por causa do jejum eclesiástico previsto para este dia de silêncio, recolhimento, oração, penitência, jejum e abstinência de carne, seja destinado integralmente para a Coleta para os Lugares Santos. Não só o que deixamos de alimentar, mas uma Coleta significativa para esta ocasião.
Infelizmente, devido à guerra, as peregrinações até a Terra Santa não estão como antes, diminuiu muito o número de visitantes, devido ao medo da guerra. Por isso, a ajuda das outras Igrejas ao redor do mundo é de extrema importância, pois esses lugares santos na Terra Santa não estão recebendo ajuda como antes. O dinheiro arrecadado ajuda a manter esses templos, realizando a manutenção necessária, realizando o pagamento das contas e o salário dos funcionários. Esse dinheiro ajuda ainda nas necessidades dos freis que administram os lugares santos, seja para a compra de alimentos, remédios e ainda para ajudar aos necessitados que passam pelo templo. São muitos trabalhos educacionais e sociais mantidos pela Custódia da Terra Santa.
Digno de nota é levar ao conhecimento dos fiéis que a Custódia da Terra Santa mantém escolas, hospitais, asilos, creches, orfanatos e dedicam-se à caridade como pediu Cristo e a Igreja. Estes equipamentos necessitam de serem mantidos e a manutenção, sobretudo, provém da Coleta para os Lugares Santos.
Através da nossa contribuição para os Lugares Santos, colocamos em prática um dos pilares deste tempo quaresmal que é a caridade, que é um desdobramento do jejum que realizamos ao longo da Quaresma. Através dessa Coleta, mesmo de longe, nos sentiremos próximos dos irmãos que vivem em outras partes do mundo. Infelizmente, conforme mencionamos, as coletas locais e peregrinações caíram muito, por isso precisamos ser generosos em nossa Coleta.
Peçamos, com nossa fervorosa oração, ao Senhor nessa Sexta-Feira Santa que cessem as guerras, sobretudo na Terra Santa, uma terra que o Senhor escolheu desde a criação do mundo e que o Senhor selou eternamente a aliança com a Humanidade através da morte de Jesus. Que todos os povos se unam por um único objetivo que é o amor. Que todas as nações “lutem” pela paz e que no próximo ano a situação na Terra Santa seja diferente e que os peregrinos possam visitá-la em paz.
Na próxima Sexta-Feira Santa, dia 18 de abril de 2025, participemos na celebração da paixão e adoração à Cruz. É o único dia do ano que a Igreja não celebra missa, somente a celebração da Paixão do Senhor, chamada de Ação Litúrgica.
Ao longo de todo, ano acontecem quatro coletas: Coleta para a evangelização (Advento), Coleta para os Lugares Santos (Sexta-Feira Santa), Óbolo de São Pedro (Dia do Papa) e Missões e Santa Infância (Outubro). No Brasil, também há a Coleta da Solidariedade, em virtude da Campanha da Fraternidade (Domingo de Ramos), e a Coleta para as Vocações, em agosto.
A Coleta para os Lugares Santos foi instituída por São Paulo VI em 25 de março de 1974, por meio da Exortação Apostólica Nobis in animo. O Papa Paulo VI nutria grande preocupação pela Igreja de Jerusalém e temia que os templos lá existentes ficassem sem manutenção adequada.
A preocupação que nutria o coração do Papa Paulo VI em 1974 continua até hoje, principalmente devido ao cenário da guerra e à falta de peregrinos. Por isso, a nossa contribuição na coleta é de total importância para que esses templos não se deteriorem e possam ter a manutenção adequada para receber os peregrinos quando as guerras cessarem.
Sejamos generosos na coleta dessa Sexta-Feira Santa, pensando, sobretudo, que exerceremos a nossa caridade quaresmal. Com certeza o dinheiro que doaremos para a Igreja não nos fará falta e, mais adiante, receberemos a nossa recompensa. O dinheiro será destinado para manter a missão da Igreja na Terra Santa, o berço da nossa fé.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist., arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ