“É bom servir ao Senhor e à Igreja, com alegria. Fazer a vontade de Deus é sempre a melhor escolha da nossa vida. Que em cada Eucaristia celebrada eu possa renovar, por meio do ministério sacerdotal, a minha gratidão pela bondade de Deus”, disse o cônego Aldo de Souto Santos, que no dia 12 de fevereiro celebrou 25 anos de ordenação sacerdotal.
A missa em ação de graças foi realizada na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Engenho Novo, onde é pároco desde o dia 7 de março de 2023, e contou com a presença do arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, e de diversos sacerdotes.
Membro efetivo do Cabido da Catedral, do Conselho Presbiteral e do Colégio de Consultores, ele também exerce na arquidiocese os ofícios de vigário episcopal do Vicariato Norte e de assistente eclesiástico da Comissão Arquidiocesana de Assistência Religiosa ao Adolescente Privado de Liberdade. Foi incardinado na Arquidiocese do Rio de Janeiro no dia 26 de março de 2014.
Nascido na cidade de Ouro Branco, região do Seridó, no Rio Grande do Norte, no dia 25 de novembro de 1974, cônego Aldo tem 21 irmãos (14 vivos e oito falecidos ainda quando criança), e foi o vigésimo primeiro filho do casal Francisco Vicente dos Santos e Julieta de Souto Santos. Na sua cidade natal, fez a Primeira Comunhão, em 1986, e a Crisma, em 1990.
Ao sentir no coração o chamado para o sacerdócio, ingressou no Seminário Menor Santo Cura d’Ars, na cidade de Caicó (RN), sede da diocese, no dia 6 de fevereiro de 1991. Seus estudos de Filosofia e Teologia foram feitos no Seminário Arquidiocesano de São José, no Rio de Janeiro, a partir do dia em 8 de fevereiro de 1994, na época, tendo como reitor o então padre, hoje Dom Assis Lopes.
Foi ordenado diácono no dia 25 de dezembro de 1998, na Paróquia Divino Espírito Santo e São Francisco de Assis, sua paróquia de origem, em Ouro Branco (RN). Neste período, exerceu na Arquidiocese do Rio de Janeiro o ministério diaconal na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Del Castilho, nomeado em março de 1999. Após sua ordenação sacerdotal, ocorrida no dia 12 de fevereiro de 2000, na Diocese de Caicó (RN), exerceu o ministério por quatro anos em sua diocese de origem.
Em 2004, retornou para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde exerceu os ofícios de vigário paroquial na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Glória, nomeado em março de 2004, de vigário paroquial na Paróquia Nossa Senhora da Cabeça, na Penha, nomeado em julho de 2005, de pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Penha Circular, nomeado em outubro de 2006, de pároco da Paróquia Santo Antônio de Pádua e Nossa Senhora da Boa Vista, no Cachambi, nomeado em março de 2011.
Em entrevista ao jornal “Testemunho de Fé”, cônego Aldo contou um pouco sobre vida, vocação, a experiência de seus ofícios e os desafios da missão em trabalhar numa cidade como o Rio de Janeiro:
Testemunho de Fé (TF) – Conte um pouco sobre sua família?
Cônego Aldo de Souto Santos – Meus pais, Francisco e Julieta, eram camponeses. Meu pai trabalhava na roça como agricultor, e minha mãe era do lar. Eles tiveram 22 filhos, oito morreram quando crianças e 14 estão vivos. Meus irmãos moravam também na roça, depois foram para a cidade. Com 8 anos de idade, também fui morar na cidade. Conheci e comecei a participar da igreja paroquial. Fiz a Primeira Comunhão com 12 anos de idade e o Crisma aos 15 anos, época que ingressei no Seminário Menor.
TF – Como surgiu sua vocação? Teve o exemplo de algum sacerdote?
Cônego Aldo – Ainda criança, fui atraído pelo testemunho do pároco, monsenhor Ernesto da Silva Espinola, que já tinha uma certa idade, mas cuidava das almas de quatro cidades, pela carência de sacerdotes na diocese. Ao ver o exemplo do sacerdote que se consumia pela Igreja e a necessidade também de outros sacerdotes, fiquei motivado em ser sacerdote, ajudar e a me consumir também pela Igreja, assim como meu pároco que exercia seu pastoreio de forma tão incansável.
Porém, a minha vocação surgiu a partir da vida e história de São Francisco de Assis, copadroeiro de minha paróquia de origem, que tinha como padroeiro titular o Divino Espírito Santo. Herdei a devoção de meu pai, que tinha o nome de Francisco. Ao conhecer a vida dele pelos livros e filmes, me encantei pelo seu despojamento.
Inicialmente, queria ser franciscano, e meu colega Josivaldo queria ser diocesano. Eu queria que ele entrasse no convento para ser franciscano, e ele queria que eu entrasse no seminário para ser diocesano. Resolvemos conhecer juntos o convento e o seminário. Quando conheci o Seminário Menor Santo Cura d’Ars, na Diocese de Caicó, fiquei encantado pelo seminário diocesano. Ele conheceu o convento franciscano e ficou encantado pelos franciscanos. Hoje sou sacerdote e feliz com a minha vocação.
TF – Por que veio estudar no Rio de Janeiro?
Cônego Aldo – Quando concluí o Seminário Menor com o Ensino Médio, fui enviado pelo meu bispo diocesano de Caicó, Dom Heitor de Araujo Sales, para estudar Filosofia e Teologia na Arquidiocese do Rio de Janeiro, administrada pelo seu irmão, Dom Eugenio de Araujo Sales. Nossa diocese era pobre e precisava de ajuda na área de formação de novos padres. Vim para o Rio de Janeiro, por causa da proximidade dos dois irmãos bispos. Depois de concluir Filosofia e Teologia, voltei para a minha diocese. Fui ordenado sacerdote em fevereiro de 2000, ano do Grande Jubileu da Encarnação de Jesus Cristo. Em março do mesmo ano, tive a alegria de celebrar os 50 anos de união matrimonial dos meus pais e, em 2010, os 60 anos de meus pais e também meus 10 anos de ordenação sacerdotal. Foi uma grande graça, honra e bênção que recebi de Deus.
TF – Qual foi o motivo de retornar para a Arquidiocese do Rio de Janeiro?
Cônego Aldo – Dom Heitor foi transferido em 1993 como arcebispo de Natal (RN), sendo sucedido por Dom Jaime Vieira Rocha, que me ordenou sacerdote. No primeiro ano de sacerdócio, era responsável pela secretaria da diocese, depois, por três anos, estive à frente da minha paróquia de origem, que me acolheu carinhosamente. Foi uma experiência maravilhosa e inesquecível com meus conterrâneos, uma escola de aprendizado que marcou minha vida.
Em 2004, pedi a Dom Jaime para fazer uma experiência missionária na Arquidiocese do Rio de Janeiro como forma de gratidão pelo que fizeram por mim, e por ajudar a Diocese de Caicó na formação dos padres. No período de estudos de seis anos, fiquei encantado com a cidade do Rio de Janeiro, que me acolheu, e pela forma de fazer pastoral nas paróquias.
TF – Quais foram as primeiras paróquias que trabalhou na arquidiocese?
Cônego Aldo – De início, fiquei um ano e meio como vigário paroquial na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Glória. Depois, fui transferido para a Igreja Nossa Senhora Aparecida, na comunidade Marcílio Dias, na Penha Circular. À época, era uma capela, um ano depois, foi elevada à paróquia, e com isso me tornei o primeiro pároco. Era uma das paróquias mais pobres do Vicariato Leopoldina, mas foi de grande riqueza para minha vida sacerdotal. Fiquei seis anos, e muito aprendi com um povo simples, mas rico de fé, dedicação e amor à Igreja.
TF – Conte as experiências de ser pároco no Cachambi e, agora, no Engenho Novo?
Cônego Aldo – Em março de 2011, fui transferido para a Paróquia Santo Antônio de Pádua e Nossa Senhora da Boa Vista, no Cachambi, onde fui pároco por 12 anos. Junto com a missão de acolher e evangelizar o povo de Deus, me empenhei na construção do Centro Pastoral e Catequese, que era um sonho dos paroquianos. O processo de construção me fez perceber que Deus foi generoso, me inspirou e meu deu força para me dedicar à comunidade. Tudo foi graça, Deus é bom em tudo e em todos os momentos da nossa vida. Foi uma experiência alegre e inesquecível que marcou meu ministério, por ter a oportunidade de servir um povo bom e fiel.
Há quase dois anos, no dia 7 de março de 2023, assumi a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Engenho Novo. Uma experiência nova e diferente. É uma paróquia, em todos os sentidos, com grande potencial. As pessoas se dedicam, se entregam e se doam à Igreja. A minha motivação sacerdotal é servir e nada mais. Eu louvo, bendigo e agradeço a Deus pela oportunidade de exercer meu sacerdócio nesta comunidade dedicada a Nossa Senhora. Ela é mãe, cuida, protege e ama seus filhos sacerdotes.
TF – Como foi a experiência de trabalhar com os mais vulneráveis?
Cônego Aldo – Durante 10 anos, estive a serviço da Pastoral do Menor, que é um trabalho da arquidiocese junto com os menores privados de liberdade. Foi uma experiência marcante na minha vida, porque me envolvi com tantas realidades, sobretudo nas comunidades mais carentes da nossa arquidiocese. Sempre fui bem acolhido, e para mim foi uma alegria servir os mais vulneráveis, os pequenos, com certeza, os prediletos de Deus. Louvo a Deus pela experiência, pela graça de ver em cada jovem privado de liberdade a figura do Cristo, que precisa ser acolhido, amado e ser compreendido. De certa forma, tive a oportunidade de ajudar a iluminar a vida de cada um deles.
TF – O que é ser sacerdote? Tem algum lema sacerdotal?
Cônego Aldo – Ser sacerdote e se configurar a Cristo, sobretudo no serviço, é ter sempre a consciência de que a nossa missão é servir e não ser servido. Na minha ordenação, escolhi como lema: “Eis-me aqui, eu vim, ó Deus, para fazer sua vontade” (Hb 10, 9), exatamente porque fazer a vontade de Deus é sempre a melhor escolha da nossa vida. Ao longo de meus 25 anos de sacerdócio, sempre procurei fazer não a minha, mas a vontade de Deus. Nunca me arrependi de fazer a vontade de Deus, e com isso sempre pude colher bons frutos e, sobretudo, frutos de alegria. Sou feliz como sacerdote. Desejo sempre servir a Deus com alegria. Sou feliz como sacerdote, por servir a Deus com alegria. Que em cada Eucaristia celebrada eu possa renovar, por meio do ministério sacerdotal, a minha gratidão pela bondade de Deus.
TF – Como é ser vigário episcopal?
Cônego Aldo – Foi surpresa a nomeação como vigário episcopal do Vicariato Norte. Eu já servia a arquidiocese na Pastoral do Menor, e tinha sido forâneo por muitos anos, mas nunca almejei esse oficio, por me considerar pequeno para assumir tamanha missão. Confesso que assumi com temor e tremor, mas sempre confiando em Deus, sabendo que era sua vontade. Quando Dom Orani comunicou minha escolha, a primeira coisa que veio no meu coração foi o lema da minha ordenação de sempre fazer a vontade de Deus. Exerço essa missão desde fevereiro de 2017, não como status, mas um serviço à arquidiocese até quando for preciso. Sempre irei servir à Igreja, com alegria, independentemente do ofício, onde ela precisar de mim.
TF – Quais foram os principais desafios de seu ministério sacerdotal?
Cônego Aldo – Dois momentos da minha vida sacerdotal foram desafiadores. Um deles, a construção do Centro Pastoral e Catequese, na Paróquia Santo Antônio, no Cachambi. Foi um desafio, mas Deus foi bom em todo tempo. O outro, é a missão de vigário episcopal. Senti temor no início por assumir um vicariato tão grande, com 42 paróquias, e este ano com mais uma, e com padres que tem idade de ser meu avô. Novamente, agradeço a Deus por me conduzir e pela colaboração e apoio dos meus irmãos no sacerdócio, que sempre foram solícitos e fraternos, assim como os leigos, que têm dado suporte à missão que me foi confiada.
TF – Se há desafios, há também alegrias?
Cônego Aldo – Tive muitas alegrias nesses 25 anos de ordenação sacerdotal. A alegria de ter conhecido dois grandes Pontífices, hoje um santo, São João Paulo II, por ocasião da Jornada Mundial da Família, em 2007, realizada no Rio de Janeiro. Na época, era seminarista, e tive a alegria de ajudar em duas missas que ele presidiu na Catedral de São Sebastião e no Aterro do Flamengo. A outra, com o Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude Rio2013, quando apresentamos o trabalho realizado pela arquidiocese com os adolescentes privados de liberdade nas unidades socioeducativas. Através de seus olhares, por ficar próximo, foi perceber a paternidade e a acolhida de cada um deles.
TF – O que é ser pastor numa cidade como o Rio de Janeiro?
Cônego Aldo – Ser pastor em uma cidade tão grande como o Rio de Janeiro realmente é um desafio e, ao mesmo tempo, uma tomada de consciência da necessidade de se doar e se entregar mais, se fazer mais presente, sobretudo nos lugares que há mais necessidade. Como sacerdote, servir no Rio de Janeiro é uma grande dádiva de Deus, no sentido de que o campo de missão é desafiador, por isso exige de nós o desejo profundo de se consumir por causa do Reino de Deus.
TF – Sente apoio para exercer o sacerdócio?
Cônego Aldo – O fio condutor de servir com alegria ao Senhor e à Igreja é ter por perto um referencial, o exemplo de alguém que nos ajuda a caminhar, como o nosso pastor Dom Orani. Estou na arquidiocese há 21 anos, e boa parte desses anos sob seu pastoreio. Dom Orani tem sido para minha vida um grande referencial, um modelo e exemplo de pastor que se doa, que se entrega pela causa do Reino. Tenho gratidão por Dom Orani e pelos bispos auxiliares, os atuais e os que passaram pela arquidiocese, por todo apoio recebido. Gratidão pelos irmãos no sacerdócio. Eles não são amigos, mas irmãos, porque os amigos às vezes passam, mas os irmãos, não. Uma vez irmão, irmão para sempre. Tenho todo apreço e carinho por cada irmão no sacerdócio, porque são eles que me ajudam a viver a minha entrega como servo de Deus, através do meu ministério sacerdotal. Também gratidão por todos os leigos e paroquianos, que tem sido um apoio na minha vida sacerdotal. Minha gratidão a todos que sempre rezaram e rezam pelo meu sacerdócio.
Carlos Moioli