COP30: “É preciso dar um sinal concreto de esperança”

O núncio apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, destacou a importância de que a COP30, que acontece até o dia 21 de novembro, em Belém, no Estado do Pará, seja um momento decisivo para a ação climática global. Em entrevista ao jornalista Silvonei José, da Vatican News, Dom Diquattro afirmou que a presença da Santa Sé na conferência, representada por uma delegação de dez membros liderada pelo Cardeal Pietro Parolin, demonstra o compromisso do Vaticano com a promoção de uma ecologia integral e de políticas efetivas em defesa do meio ambiente.

O representante pontifício recordou as palavras do Papa Francisco na mensagem enviada à COP28, quando o Santo Padre afirmou que “é essencial uma mudança de ritmo que não seja uma modificação parcial da rota, mas um modo novo de avançar juntos”. Segundo Dom Diquattro, essa convocação continua atual e inspira a missão da Igreja nesta conferência.

“É preciso dar um sinal concreto de esperança”, afirmou o núncio, sublinhando que esta COP deve ser “um ponto de virada, que manifeste uma vontade política clara e tangível” rumo à transição ecológica. Essa transição, ressaltou, deve ter três características fundamentais: “ser eficiente, vinculante e facilmente monitorável”.

Entre as prioridades da Santa Sé, Dom Diquattro destacou a educação para a ecologia integral como instrumento essencial para enfrentar a crise climática. Ele observou que cada vez mais países estão incluindo a dimensão educativa em suas metas nacionais até 2035. “A educação é um pilar essencial para alcançar os objetivos do Acordo de Paris”, disse.

Outro ponto enfatizado foi a necessidade de implementar com coerência o Global Stocktake, mecanismo criado na COP28 para medir o progresso das metas climáticas e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. O núncio também citou a importância de reformar a arquitetura financeira global, associando o debate sobre o financiamento climático à questão da dívida ecológica.

Sobre a transição justa, Dom Diquattro defendeu que ela deve abranger aspectos econômicos, sociais e ambientais, e estar fundamentada em uma “educação transformadora”. Ele também destacou a urgência de reconhecer o impacto desproporcional da crise climática sobre as mulheres, reforçando a necessidade de promover sua participação ativa nas decisões internacionais.

Por fim, o núncio destacou a relevância de temas como perdas e danos, adaptação global, resiliência climática e proteção da Amazônia, que permanecem centrais na agenda do Vaticano. Para ele, “a COP30 deve ser mais do que uma reunião diplomática — deve ser um compromisso moral com o futuro da humanidade e da criação”.

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