Devoção no Rio de Janeiro a Santa Rita

O culto a Santa Rita de Cássia teve início no Rio de Janeiro antes de 1710, quando aqui chegaram o fidalgo português Manuel Nascentes Pinto, sua mulher Dona Antônia Maria e o filho Inácio. Veio em missão dada pelo rei de Portugal, D. João V. O casal trouxe de sua pátria um belo quadro da então Beata Rita, ‘a santinha’ de sua devoção. O quadro por vários anos foi cultuado no solar da chácara, que ficava no limite da atual Rua Teófilo Otoni até a cercania do Morro da Conceição.

Todos os anos, no dia 22 de maio, os nobres portugueses reuniam muitos religiosos na sua residência, para a veneração da beata, que no seio de sua família, já santa, era fonte de inspiração. Toda a cidade era convidada. Em pouco tempo o fidalgo resolveu ampliar o local da veneração, construindo na propriedade uma capela, atual Igreja de Santa Rita, e mandando vir de Portugal uma rica imagem da santa, guardada na Igreja da Candelária, enquanto se construía o pequeno templo, cuja pedra fundamental foi colocada em 1720.

Foi tal o incremento dado pelo fidalgo Nascentes Pinto, que a tudo custeava, que um ano após, em 1721, já estavam prontos a capela-mor, a sacristia e o consistório da igreja.

O templo foi elevado à condição de igreja matriz em 30 de janeiro de 1751, com a criação da Paróquia Santa Rita. Segundo o pesquisador e professor João Carlos Nara, a igreja carioca é a única construída no período colonial que conserva no conjunto, completamente intacta, sua talha original de madeira com decoração em rococó. Em 15 de julho de 1938, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O poder público reconheceu a importância espiritual e social da devoção a Santa Rita com o Projeto de Lei 369/2021, do vereador Rafael Aloisio Freitas, incluído no calendário oficial da cidade o Dia de Santa Rita, a ser comemorado a cada ano em 22 de maio, e outorgado o título de Padroeira do Centro Histórico do Rio de Janeiro.

Contudo, o mais importante é que no contraste da presença deste belíssimo templo em meio a prédios modernos, ao longo destes séculos, ele se tornou lugar de oração e meditação, onde pessoas de tantos lugares e diferentes entre si vivem sua fé com tamanha intensidade.

Santa Rita tem sido consolo, orientação e cura para muitos que a buscam. Deus armou a sua tenda entre nós. Aqui também, no centro da Cidade Maravilhosa, o Criador em sua condução da história deu-nos um santuário, onde habita sua presença transformadora entre nós.

 

 

Padre Wagner Toledo Moreira

Reitor do Santuário Santa Rita, no Centro, e vigário episcopal do Vicariato Urbano

 

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