No dia 1º de maio, comemora-se o Dia do Trabalhador ou Dia do Trabalho e, consequentemente, o Dia de São José Operário, que confere um caráter religioso a essa celebração. Nesse dia, somos convidados a ir à Igreja para agradecer a Deus pelo nosso trabalho e pedir um emprego, caso estejamos desempregados. O Dia do Trabalho surgiu como uma reivindicação da classe trabalhadora por melhores condições laborais.
A data é marcada por diversas manifestações promovidas pelos sindicatos, que ainda hoje lutam por melhores condições de trabalho. Muitas ações sociais e festas também acontecem nesse dia, até por ser um feriado nacional, em que os trabalhadores estão em casa descansando. Mas, como já dissemos, não podemos esquecer de agradecer a Deus por nosso trabalho e pedir um emprego, caso estejamos sem ele.
Se estamos empregados, é por nossa dedicação, competência e também pela graça divina. Precisamos ter prudência ao reivindicar algo no ambiente de trabalho ou ao participar de certos grupos, para não nos prejudicarmos. Por isso, antes de participar de manifestações trabalhistas nesse dia, participe da Eucaristia e agradeça a Deus pelo seu trabalho e pela oportunidade de levar o pão de cada dia à sua mesa.
O trabalho dignifica a pessoa humana. Sobretudo nos dias atuais, é essencial ter uma ocupação para garantir o sustento diário. Não existe trabalho melhor ou pior do que outro; todo trabalho feito com dignidade agrada a Deus. Se aquilo que fazemos nos satisfaz e nos sentimos bem, não importa o que os outros digam. O pai de família que trabalha e se ocupa é exemplo para os filhos, pois estes, vendo o pai trabalhar, também criarão gosto pelo trabalho no futuro.
Quando se está empregado, é possível ter dinheiro para pagar dívidas, colocar o alimento na mesa, sair e se divertir com a família, dar um trocado aos filhos, enfim, garantir o necessário para sobreviver. Quando se está desempregado, a situação se complica: muitas vezes falta dinheiro para as contas, para o alimento, e não se pode atender aos pedidos dos filhos por um simples trocado.
Por mais que, às vezes, o trabalho se torne exaustivo e tenhamos vontade de desistir, ele é necessário para garantir o sustento. Mesmo com conflitos no ambiente profissional, com chefes ou colegas, precisamos nos manter firmes, superar as adversidades e seguir adiante. Não estamos no trabalho por causa de um ou de outro, mas por nós mesmos. Se a situação se tornar insustentável, Deus abrirá outras portas. O importante é estar empregado e, com honestidade, levar o pão de cada dia para casa.
Recordamos neste Dia do Trabalho a figura de São José, não apenas como pai adotivo de Jesus, mas como operário, trabalhador e chefe de família, que por meio de seu ofício levava o sustento para sua casa. Por isso, espelhemo-nos em São José e na Sagrada Família de Nazaré e agradeçamos a Deus pelo nosso trabalho. Como já dissemos, recordamos São José como patrono universal da Igreja em 19 de março e, agora, como operário, exemplo e intercessor de todos os trabalhadores.
Em 1955, para dar um caráter cristão à festa, o Papa Pio XII instituiu a comemoração de São José Operário no dia 1º de maio. O Papa cristianizou essa celebração e, assim, dignificou os frutos do esforço de cada trabalhador. O Dia do Trabalho já era comemorado por causa das lutas da classe trabalhadora, e o Papa não quis apagar isso, mas dar um sentido cristão à data, pois, antes de tudo, devemos agradecer a Deus por nosso trabalho e por podermos celebrar esse dia.
Defendamos nosso trabalho, cuidemos dele e nutramos amor pelo que fazemos, pois muitos gostariam de estar em nosso lugar. Valorizemos o que temos enquanto é tempo, pois, depois que perdemos, de nada adianta reclamar. Façamos a nossa parte e peçamos que Deus, por intercessão de São José, abençoe nosso trabalho.
No Dia do Trabalhador e do Trabalho, mais do que sair por aí para reivindicar direitos, façamos deste dia uma oportunidade para agradecer a Deus pelo trabalho que temos. É claro que não devemos aceitar qualquer condição de trabalho e tampouco sofrer calados, mas, antes de tudo, o Dia do Trabalho é um momento para elevarmos nossa gratidão a Deus.
Infelizmente, mesmo após o fim da escravidão, muitos trabalhadores ainda são submetidos a condições análogas à escravidão. Alguns empregadores exigem demais de seus empregados, tornando-os quase escravos. Peçamos, portanto, ao Senhor, neste Dia do Trabalho, que essa realidade seja transformada, e lutemos por condições dignas para todos os trabalhadores.
No Brasil, o Dia do Trabalho foi oficialmente reconhecido em 26 de setembro de 1924, por meio do decreto nº 4.859, assinado pelo então presidente Artur da Silva Bernardes. A criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ocorreu por meio do decreto-lei nº 5.452, em 1º de maio de 1943, durante o governo de Getúlio Dorneles Vargas. Nessa época, grandes manifestações com músicas, desfiles e anúncios de novas leis trabalhistas marcavam a data. Até hoje, alguns governos aproveitam o 1º de maio para anunciar medidas, como o reajuste do salário mínimo.
Infelizmente, muitos patrões ainda não respeitam seus funcionários e, mesmo oferecendo emprego, não garantem condições dignas de trabalho. Muitos exploram seus empregados, exigindo jornadas exaustivas e tornando o ambiente profissional tóxico. Os trabalhadores precisam se sentir bem no local de trabalho, pois ali passam grande parte do dia. Por isso, é importante que todos reflitam, neste dia, sobre o valor e a dignidade do próprio trabalho.
Portanto, celebremos este Dia do Trabalho com gratidão a Deus pelo emprego que temos. Sem ele, não poderíamos sustentar nossa família. Esforcemo-nos para realizar bem o nosso trabalho, com dedicação e empenho, buscando crescer profissionalmente. Se nos sentirmos lesados em algo, dialoguemos com nossos superiores antes de tomar atitudes drásticas ou participar de manifestações.
Que São José Operário interceda por cada um de nós e nos proteja em nossos locais de trabalho. Que o Espírito Santo nos conceda sabedoria para tomarmos as decisões corretas.
Amém!
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist., arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ