Dom Orani instala o Vicariato Tijuca: nova configuração para multiplicar a presença, ampliar a proximidade pastoral e intensificar a missão

Em uma cerimônia marcada por forte senso de missão e renovação pastoral, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro realizou, no dia 31 de outubro, a criação e instalação de seu 13º vicariato episcopal: o Vicariato Episcopal Tijuca. A nova circunscrição eclesiástica surge do desmembramento do Vicariato Episcopal Norte, visando intensificar a presença da Igreja na região da Grande Tijuca.

A celebração solene, presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, aconteceu na Basílica Nossa Senhora de Lourdes, em Vila Isabel. Durante a celebração, que coincidiu com a conclusão do Mês das Missões e a véspera da Solenidade de Todos os Santos, o cônego Valtemário Silva Frazão Junior foi empossado como o primeiro vigário episcopal do Vicariato Tijuca. O evento foi amplamente reconhecido como um “dia histórico que nos fala da vitalidade da Igreja do Rio de Janeiro, que vai se multiplicando e multiplicando presenças”, destaca Dom Orani.

 

O motivo da multiplicação: Missão e proximidade

A decisão de reorganizar o território foi fruto de um processo que levou cerca de dois anos de ponderação e estudo, respondendo a um pedido de padres, leigos, consagrados e consagradas da região. Dom Orani enfatizou que a multiplicação de presenças tem como objetivo primordial “trabalhar ainda melhor, multiplicar presença, crescer ainda mais na missão” e, consequentemente, “fazer crescer ainda mais a missão evangelizadora”.

Uma das razões práticas para a nova configuração é a necessidade de “facilitar também deslocamentos”, dada a “questão do trânsito, dificuldades”, permitindo que o trabalho se desenvolva em um “ambiente geograficamente menor”.

O arcebispo também sublinhou o desafio imposto pelo desenvolvimento urbano da área: “Já que, tendo um espaço geográfico menor, possa crescer nesses locais em que verticalmente crescem os prédios, os condomínios e ainda necessitamos de mais evangelização”.

A reorganização visa garantir que, com um território menor, os membros da Igreja possam “se encontrar mais vezes, se encontrar mais próximos, se encontrar para as formações, para as reuniões, para os vários momentos”, levando adiante “o caminho de santificação do povo de Deus”.

 

A proximidade como meta da santidade

Dom Célio Calixto, bispo auxiliar responsável por animar os dois vicariatos, Norte e Tijuca, reforçou que a criação da nova estrutura está intimamente ligada ao chamado universal à santidade: “Deus quer nos dizer que a nossa missão é, de fato, a santidade”. Ele ressaltou que a nova configuração “favorece a proximidade” e é essencial para o crescimento espiritual. Ele relembrou que o saudoso Papa Francisco aponta quatro tipos de proximidade que devem ser buscados pelos ministros: “com Deus em primeiro lugar, com o nosso bispo, entre os irmãos e com o povo de Deus”.

 

O novo vigário: Chamado para a unidade

Ao receber a missão, cônego Valtemário Silva Frazão Junior expressou sua emoção e aceitou o desafio com “alegre espírito de serviço”. Ele destacou que a criação do vicariato é uma demonstração do “zelo do bispo diocesano, que assim deseja fortalecer o cuidado pastoral”.

O cônego Valtemário possui profundos laços históricos com a região da Grande Tijuca, tendo estudado no Colégio Militar e residido no Seminário Arquidiocesano de São José, no Rio Comprido. Ele dedicou 17 anos de sacerdócio apenas em Vila Isabel, totalizando “30 anos de Grande Tijuca”.

Assumindo a função com “temor e com fé”, ele declarou o propósito do novo vicariato: “O vicariato nasce para ser sinal de unidade e corresponsabilidade. Uma Igreja em saída, onde todos servem, cada um com o dom que recebeu em vista do bem de todos”.

Seu compromisso pastoral é “estar mais perto das comunidades, para ouvir melhor, servir melhor, amar mais”. Dirigindo-se aos fiéis, ele fez um apelo para que o novo vicariato seja visto como responsabilidade de todos: “Este vicariato é de todos vocês”, o que “denota uma grande responsabilidade na evangelização e na catequese”.

 

Reconhecimento e transição

O cônego Aldo de Souza Santos, que liderou o Vicariato Norte por quase nove anos e continuará à frente da região reformulada, fez uma reflexão de humildade durante a celebração. Citando Lucas 17,10, ele resumiu seu trabalho com o sentimento: “Somos simples servos, porque fizemos somente o que devíamos fazer”.

Ele agradeceu a amizade e o apoio dos sacerdotes, diáconos e leigos que “souberam muito bem, nesses nove anos, completar” sua missão. Ao cônego Valtemário, desejou que o Espírito Santo lhe conceda “a sabedoria e paciência de Salomão, a humildade e mansidão de Moisés e a simplicidade de João Batista”. Cônego Valtemário, por sua vez, agradeceu ao cônego Aldo por “toda a sua amizade, fraternidade, ombridade e zelo na transferência de tudo aquilo que agora diz respeito ao vicariato”.

 

O chamado à Igreja sinodal

Reforçando a necessidade de comunhão, o padre Sérgio Luiz e Silva, pároco da Paróquia Santo Afonso, na Tijuca, dirigiu-se aos membros do novo vicariato. Ele lembrou que, independentemente do título, “Nós somos todos, todos servidores, servos”.

O padre Sérgio instigou os presbíteros e diáconos a partilharem não apenas talentos e experiências, mas sobretudo “um dos dons mais preciosos e até mesmo raros em nossos tempos, que é o tempo”. Seu apelo foi claro: “Que apliquemos o tempo para nos conhecer mais, para partilhar as nossas experiências pastorais, para partilharmos os nossos talentos e também as nossas dificuldades, para nos escutarmos mais, para sermos verdadeiramente uma Igreja sinodal em nosso vicariato”.

 

Santidade e presença na cidade

Em sua homilia, Dom Orani ressaltou que a criação do vicariato ocorreu no final do ano litúrgico, período em que a Igreja é chamada a recordar a vocação comum à santidade: “O caminho da santidade supõe vida de conversão sincera, de colocar Jesus Cristo como centro da nossa vida, razão da nossa vida”.

A organização pastoral, como o novo vicariato, tem como propósito ajudar os fiéis a buscarem essa conversão e santificação.

Ao final da celebração, o arcebispo deu o mandato de vitalidade missionária para os dois vicariatos. Ele instruiu que o trabalho deve abranger não apenas as paróquias, mas buscar a presença evangelizadora em diversos locais da realidade urbana: “Possamos ter também os círculos bíblicos, grupos de reflexão, enfim, tanto nas vilas como nos quarteirões, como também nos condomínios e prédios”.

A evangelização deve focar “com preocupação com os pobres, com os necessitados, com os abandonados, com os idosos”, além de garantir a presença em escolas, hospitais e até mesmo em cemitérios, mencionando Catumbi e Caju.

A criação do 13º vicariato, o Vicariato Tijuca, é um sinal do “dinamismo e vitalidade” da Igreja carioca, que se multiplica para dar uma “resposta de evangelização” e “multiplicar os serviços” com renovado entusiasmo.

 

Carlos Moioli

 

 

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