No dia 9 de agosto, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, recebeu em audiência no Edifício São João Paulo II, na Glória, um grupo de professores e alunos da República do Irã, da comunidade muçulmana Xiita, oriundo da Universidade Internacional de Religiões e Denominações, da cidade de Qom, acompanhados de dois sheiks.
O grupo que esteve na audiência é formado pelos alunos Ramin Mohaimeni e Mohsen Taheri, doutorando em Direito, Mohammad Kazem Nouri, doutorando em Religiões e Seitas, Alireza Sadough, mestrando em Administração de Mídia, Saeedeh Alam al-Hoda, mestranda em Estudos das Mulhares, Zahra Osati, doutoranda em Estudos das Mulheres, e as professoras Afsaneh Mozaffari, de literatura árabe, Tayebeh Rahimi Sabet e Masoumeh Babran, de Comunicação, e os sheiks Rezai e Hossein Khaliloo.
No exercício de seu ministério episcopal, no qual escolheu como lema: “Que todos sejam um” (Jo 17,21), Dom Orani tem feito todos os esforços para promover a unidade dos cristãos e o diálogo inter-religioso no âmbito da arquidiocese, através da compreensão recíproca, estima, diálogo e cooperação.
Segundo o secretário da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, padre Nelson Águia, que estava presente na audiência, a referida comissão promove muitas ações referentes à questão da aproximação entre a Igreja Católica e as demais religiões.
“A Arquidiocese do Rio de Janeiro é muito ativa nessa área, e a comunidade muçulmana tem uma proximidade muito boa conosco”, disse.
A visita, observou padre Nelson Águia, fortalece o diálogo, a aproximação e a integração entre os muçulmanos e a Arquidiocese do Rio de Janeiro.
“É um testemunho de diálogo, de compreensão, de incentivo ao respeito entre as religiões, aos credos, uma mensagem contra a intolerância religiosa. A visita é uma aproximação e o testemunho que a Arquidiocese do Rio de Janeiro dá em benefício do diálogo inter-religioso”, disse.
Padre Nelson Águia lembrou que o pontificado do Papa Francisco, à semelhança de seus últimos predecessores, com mais avanços a partir do Concilio Vaticano II, tem se empenhado na construção da unidade por meio de seus discursos e viagens apostólicas, manifestando que o diálogo inter-religioso é condição necessária para a paz no mundo e um dever para os cristãos.
Ele lembrou o que o Santo Padre falou aos participantes da plenária do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, em 2022: “O diálogo inter-religioso se concretiza através da ação, do intercâmbio teológico e da experiência espiritual, promove entre todos os homens uma verdadeira busca de Deus. O convívio ecoa o desejo de comunhão que habita no coração de cada ser humano, graças ao qual todos podem conversar uns com os outros, podem trocar projetos e delinear um futuro juntos”.
Diálogo como caminho para a paz
Após a audiência, em entrevista ao Sistema de Comunicação da Arquidiocese, o teólogo e líder religioso Sheikh Hossein Khaliloo disse que para os grupos de professores e alunos de uma universidade iraniana que estudam as religiões e denominações é importante conhecer a realidade das universidades brasileiras.
“Nossos professores procuram manter o diálogo entre as religiões, especialmente com o cristianismo e o islamismo, que têm muitos pontos comuns. É bom construir esses pontos para que os cristãos e os muçulmanos estejam cada vez mais unidos. Visitamos o arcebispo do Rio de Janeiro, também fomos em universidades de São Paulo, e seria interessante que professores brasileiros também pudessem visitar nossa universidade no Irã e assim aproximar mais as duas nações”, disse.
O Sheik Hossein Khaliloo destacou que o estudo sobre religiões e denominações tem por base o diálogo, que também é um caminho para a paz entre as pessoas e as nações. Ele afirmou que todos os profetas carregam uma mensagem de paz para a Humanidade.
“Quando estudamos sobre as religiões, observamos que cada uma delas, na história, está à procura de preservar a sociedade, a família, a vida da comunidade. Não existe nenhuma das religiões divinas hoje no mundo que pregue o ódio entre as pessoas. Ao contrário, todas estão atrás da paz para a Humanidade”, disse.
Ao encerrar a entrevista, o líder religioso iraniano lembrou que o Brasil é um pais católico e conhecido, e que o “povo brasileiro é um povo carinhoso, está sempre de braços abertos, acolhe pessoas de vários países, e busca a paz, o diálogo e a boa convivência”.
Sobre a universidade
A Universidade Internacional de Religiões e Denominações (urd.ac.ir/em), a primeira universidade especializada no campo de religiões e denominações no Irã, e um desdobramento do Islamic Seminary, visa obter conhecimento de religiões e denominações e se esforça para interações e diálogos com seus seguidores com base em crenças comuns. Além disso, busca conduzir pesquisas e treinar especialistas para estabelecer a solidariedade humana, fortalecer a paz, aliviar o sofrimento humano, disseminar espiritualidade e moralidade e fornecer uma introdução acadêmica ao islamismo em consonância com as doutrinas da origem do Profeta Muhammad (Ahl al-Bayt).
Carlos Moioli