‘Os cristãos são chamados a ser presença no mundo como flores perfumadas, levando o bom odor de Jesus Cristo’
Na tarde do dia 22 de maio, centenas de fiéis participaram da missa solene – entre as várias realizadas durante o dia – em honra à padroeira do Santuário Arquidiocesano de Santa Rita, no centro do Rio de Janeiro, sendo acolhidos pelo reitor, padre Wagner Toledo.
A celebração foi presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, que refletiu sobre a vida e o exemplo da santa do impossível. “Onde está o seu tesouro, aí estará o seu coração”, disse, ao comentar o Evangelho do dia (Mt 6,21). “Santa Rita teve seu coração em Jesus Cristo, nosso Senhor. Ali estava o seu grande tesouro”.
Durante a homilia, Dom Orani ressaltou que Santa Rita, nascida no século XV, continua sendo um sinal para toda a Igreja e, especialmente, para seus devotos. “Ela é uma mulher justa, que teme a Deus. Cuidou dos pobres, preocupou-se com os outros e testemunhou o Senhor Jesus Cristo em tudo o que viveu”.
O arcebispo fez um paralelo entre os sofrimentos de Santa Rita e os desafios enfrentados atualmente pelos cristãos: “Ela enfrentou um casamento difícil com um homem violento, teve que orientar os filhos, ingressar na vida consagrada mesmo com restrições e, por fim, sofreu com uma doença marcada por uma ferida na testa que exalava mau odor, mas que, após sua morte, se transformou em perfume.” E completou: “Aquilo que era tão negativo, ela transformou em flor, em rosa, em perfume. Passou por mais problemas do que muitos de nós, mas não desanimou, porque tinha Jesus como centro da sua vida”.
Em um forte apelo à conversão pessoal e à ação cristã no mundo, Dom Orani afirmou: “Nós vivemos numa sociedade cheia de violência e, muitas vezes, queremos resolver tudo com mais violência. Mas Santa Rita nos ensina uma resposta diferente: a resposta da oração, da fé, da paciência, da confiança em Deus”.
O arcebispo também destacou a missão dos cristãos no mundo atual: “Somos chamados a ser presença que transforma. No meio de tantas situações que cheiram mal na sociedade, devemos ser o bom odor de Cristo”.
E acrescentou: “Nós, cristãos, temos algo a oferecer. Mesmo sendo poucos diante de uma cidade, o Rio de Janeiro, com sete milhões de habitantes, o fermento é pouco, mas pode levedar toda a massa. A vida da Santa Rita é um sinal de que o mundo pode ser melhor. Os cristãos são chamados a ser presença no mundo como flores perfumadas, levando o bom odor de Jesus Cristo, o perfume de Cristo na sociedade, tal qual o corpo de Santa Rita que exalava perfume”, disse.
A celebração aconteceu no contexto do Ano Santo, o Jubileu da Esperança proclamado pelo saudoso Papa Francisco. Dom Orani mencionou também a recente eleição do Papa Leão XIV, e destacou que “o Espírito Santo continua agindo na Igreja. E nós somos chamados a ser sinais vivos de esperança”.
O arcebispo observou: “Santa Rita de Cássia, que intercede pelas nossas necessidades, até as causas impossíveis”, continua sendo um sinal de esperança e um chamado para que cada cristão faça a sua parte, tornando a cidade e o mundo ainda mais belos, através da nossa presença enquanto cristãos. A nossa esperança é fundamentada em Cristo, pois Ele é a nossa esperança”, disse.
Ao final, Dom Orani concluiu com um apelo à confiança e à perseverança: “Que nunca nos desesperemos diante dos problemas, nem dentro de casa, nem fora dela, nem na sociedade ou no mundo. Que, como Santa Rita, sejamos sinais de fé, de oração e de transformação. Que ela interceda por todos e cada um de nós”.
“O fermento no meio da massa é pouco fermento para poder levedar. Toda massa. Que assim seja a nossa vida”. Santa Rita de Cássia, que intercede por “necessidades, causas impossíveis”, continua sendo um sinal de esperança e um chamado para que cada cristão faça a sua parte, tornando a cidade e o mundo “ainda mais bela através da nossa presença enquanto cristãos”. A esperança é fundamentada em Cristo, pois “Cristo é a nossa esperança”.
Protetora e advogada
No final da celebração, o reitor do Santuário Santa Rita, padre Wagner Toledo, refletiu sobre a profundidade da fé e as diversas formas de manifestação da devoção dos fiéis pelas quais os devotos demonstram seu amor e apoio ao santuário, ressaltando que “acredita que o amor é inventivo” e que cada um busca sua própria forma de expressar e demonstrar essa inventividade, de maneira especial, até a dedicação dos voluntários que atendem a mais de 150 famílias em vulnerabilidade social. Também sublinhou que toda essa “infinidade de demonstração de carinho, de apreço, de doação” acolhida na porta do santuário é uma forma da comunidade dizer ao Senhor sobre a responsabilidade que lhes foi concedida.
Padre Wagner enfatizou o propósito do santuário, cuja devoção remonta ao ano de 1751, há quase três séculos, quando foi erigida a paróquia, enquanto Santa Rita foi proclamada santa há 125 anos, no dia 24 de maio de 1900, pelo Papa Leão XIII, e declarou: “Queremos cada vez mais ser uma casa de acolhida, de celebração do perdão, da misericórdia e, sobretudo, da difusão do bom odor do Cristo Jesus”.
Ao convidar os fiéis devotos a levantar as rosas que cada um trazia, destacou que as rosas abençoadas são um símbolo de intercessão de Santa Rita e dos milagres a ela atribuídos. O reitor convidou os devotos a se unirem “na alegria de passear na história de Santa Rita”, recordando sua vida de santidade e perseverança.
Ele ressaltou ainda a força da oração e a presença constante de Santa Rita, afirmando que “podemos contar nos seus favores, intercessores nesse santuário por toda parte”, e reafirmou a profunda conexão dos devotos com a santa, expressando “quão preciosa é para todos nós como protetora, como advogada”, destacando seu papel como guia e auxílio nas dificuldades da vida.
Carlos Moioli