As relíquias de São Pio de Pietrelcina estiveram pela primeira vez na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, de 2 a 4 de maio de 2024. Trazidas para a veneração pública, elas consistem em artigos provenientes de São Pio, como as crostas de suas feridas, a gaze de algodão com manchas de sangue, uma mecha de seu cabelo, sua luva e até um pedaço de seu manto.
“A presença das relíquias de São Pio entre nós é uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a sua vida, carisma e dons espirituais. Todo o seu sacerdócio, de maneira especial, por meio das confissões e pregações, foi voltado à santificação do povo de Deus. Ele, que vivenciou nas mãos e nós pés as chagas da crucifixão, foi canonizado pela Igreja e se tornou um sinal para todos nós de que a nossa vocação comum é a santidade”, disse o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, que foi quem formulou o pedido da visita das relíquias à Fundação São Pio, responsável pela peregrinação, com sede em Nova York.
Dom Orani lembrou em entrevista coletiva realizada no dia 2 de maio, na sede da arquidiocese, que por Providência de Deus, no mesmo dia, há dois anos, ele criou a Paróquia São Pio, no Rio Comprido. “Por questões burocráticas ainda não existe o templo. A sede paroquial fica na Capela São José, no Turano. Logo seja aprovada a documentação, iremos dar início a construção da igreja”, disse o arcebispo, destacando que também, na mesma data, Padre Pio era beatificado por São João Paulo II.
No Rio de Janeiro, as relíquias peregrinaram nas paróquias Santa Rosa de Lima, na Barra da Tijuca, Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, Nossa Senhora da Conceição, no Engenho Novo, e São Pio, no Rio Comprido.
Na Catedral de São Sebastião, no Centro, no dia 4 de maio, as relíquias estiveram presentes no Encontro Espiritual com São Pio, que teve como tema: “A oração é a chave que abre o coração de Deus!”, para devotos, filhos espirituais e grupos de oração do Padre Pio, com pregação pelos padres Jorge dos Santos Carreira e Thiago Bartoli Gonçalves da Rocha.
Durante o encontro, houve missa presidida por Dom Orani. O fundador da Fundação São Pio, Luciano Lamonarca, cantou ao vivo, pela primeira vez em português, a música “La Canzone de Padre Pio”.
“É a primeira vez que venho ao Brasil. Hoje é um dia abençoado. Faz 25 anos da beatificação de Padre Pio e 10 anos da criação da Fundação São Pio. Quando criamos, não imaginávamos que a divulgação de São Pio iria ultrapassar fronteiras. Recebemos a missão de sair dos Estados Unidos e temos esperança de encontrar mais pessoas, como Dom Orani, que foi receptivo e tornou possível a vinda das relíquias no Rio de Janeiro”, disse o fundador e CEO da Fundação São Pio, Luciano Lamonarca.
Devoto de São Pio, Luciano Lamonarca disse que todas as vezes que viaja para a Itália faz questão de visitar a cidade de San Giovanni Rotondo, onde viveu, trabalhou e morreu o presbítero e confessor da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos que chegou aos altares.
Nesta cidade, local de peregrinação, encontra-se a Casa do Alívio do Sofrimento, que Padre Pio construiu para aliviar os sofrimentos e misérias das famílias. Hoje o hospital administra 900 leitos, 206 leitos para idosos, 2.900 funcionários, 60 mil internações anuais, 9.500 cirurgias por ano e mais de 1,3 milhão de atendimentos ambulatoriais anuais, tornando-o um dos mais conceituados da Europa.
“São Pio foi uma pessoa muito humilde. Fico admirado com a alegria das pessoas quando se aproximam das relíquias. Faço votos que elas sejam inspiradas a ser santas”, disse Luciano, que convidou a todos para acessar o site da fundação, no qual há materiais relacionados a São Pio, como fotografias inéditas, cartas e documentário.
Veneração de relíquias
Na Igreja Católica, relíquias são objetos físicos associados a um santo ou candidato à santidade – parte do corpo da pessoa ou algo com o qual ela esteve em contato. As relíquias não são adoradas, mas tratadas com respeito religioso. Tocar ou orar na presença de tal objeto ajuda um indivíduo fiel a se concentrar na vida e nas virtudes do santo, de modo que através da oração ou intercessão do santo diante de Deus, o devoto será atraído para mais perto de Deus.
“Os santos e santas são intercessores diante de Deus. Apenas Ele realiza milagres. São Pio é um santo próximo, que conhecemos por meio de fotografias, cartas e vídeos. Ele viveu e dialogou conosco, e realiza maravilhas através de sua intercessão, quando Deus vai atuando no meio de nós. Venerar suas relíquias traz conforto espiritual e aumenta nossa devoção, para que possamos crescer na nossa fé. Ele, que recebeu e vivenciou as dores de Cristo na Cruz, é uma testemunha eloquente de fé para nós. A veneração das relíquias é uma oportunidade de rezar, como padre Pio nos pediu, para alcançar as graças que precisamos. É um momento de graça, de crescer na fé e de rezar por nós e pela nossa cidade que tanta precisa”, disse o vigário episcopal para as Irmandades, monsenhor André Sampaio, que acompanhou a peregrinação das relíquias.
Segundo monsenhor André Sampaio, foi no Concílio de Trento que os padres conciliares aprovaram o decreto, de 3 de dezembro de 1563, sobre a invocação e a veneração das relíquias dos santos e imagens sagradas.
No decreto lê-se o seguinte: “Devem ser venerados pelos fiéis os santos corpos dos santos mártires e dos outros que vivem com Cristo, corpos que foram membros vivos do mesmo Cristo e templo do Espírito Santo, que por ele devem ser ressuscitados para a vida eterna e glorificados e pelos quais Deus concede aos homens muitos benefícios. ”
“Os corpos ressuscitarão, e é justamente porque serão divinizados que, hoje, os corpos dos santos podem servir de instrumentos de Deus na distribuição aos homens de suas graças e favores. Além disso, os corpos dos santos que serviram a Nosso Senhor são para Deus como que lembranças belíssimas do amor em que eles se consumiram, em penitências e boas obras: são corpos de pessoas que se doaram e gastaram por caridade”, destacou monsenhor André Sampaio.
Sobre a Fundação São Pio
Fundada em 2014, a Fundação São Pio é uma organização beneficente sem fins lucrativos que promove o legado e os ensinamentos de São Pio de Pietrelcina.
A Fundação São Pio trabalha com instituições e indivíduos que compartilham a mesma visão de servir aqueles que necessitam de alívio do sofrimento e que buscam aliviar a fome física e emocional dos desfavorecidos de forma digna e solidária. Isso inclui fornecer nutrição espiritual, física e emocional. Site: www.elverdaderosantopio.org .
São Pio de Pietrelcina
São Pio viveu entre 1887 e 1968 em Pietrelcina, na Itália. Aos 16 anos, ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, sendo ordenado padre em 1910. A partir de 1918, Padre Pio passou a sofrer com estigmas nas mãos e nos pés, tornando-se o único padre na História da Igreja a receber as chagas da crucificação de Jesus Cristo.
Com a divulgação da notícia dos estigmas, a fama de Padre Pio se propagou pelo mundo e iniciaram-se as peregrinações para vê-lo. Toda sua vida foi dedicada à oração, na simplicidade, e voltada para a caridade. São Pio dizia: “Sou um simples frade que reza”.
Após a cura do menino Matteo Colella, em 2000, atribuída à intercessão de Padre Pio, o religioso foi canonizado, em 2002, pelo Papa João Paulo II. O menino sofria de meningite aguda fulminante causada por bactéria.
Carlos Moioli