O 13º Encontro de Formação Missionária de Seminaristas (Formise), realizado na Arquidiocese do Rio de Janeiro, de 8 a 11 de julho, contou com a presença de seminaristas, sacerdotes, reitores e formadores de seminários, e foi acompanhado por bispos do Regional Leste 1 da CNBB.
Entre os presentes, padre Odilio Gentil, sacerdote indígena da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, que deu testemunho de sua missão. Ele veio ao encontro com o propósito de atualizar o conhecimento e fortalecer o espírito missionário para atuar na pastoral com mais ardor e dinamismo.
Padre Odilio Gentil exerce seu ministério missionário na região de São Gabriel da Cachoeira, que está entre as cidades com maior população indígena na Região Amazônica.
O amor pela missão começou ainda na infância quando os padres visitavam a comunidade indígena à qual ele pertencia. Durante essas visitas, eles realizavam refeições comunitárias, presidiam missas e tinham momentos de lazer. Foi através desse olhar de admiração que, na adolescência, ele começou a participar das funções da Igreja. Até que um sacerdote o convidou para realizar visitas missionárias a outras comunidades indígenas.
Essa experiência serviu de motivação para que padre Odilio seguisse também o caminho missionário. Como trabalho nos lugares em que evangelizam, eles buscam não só levar a palavra como a formação de líderes.
“Hoje, além de nos dedicarmos à evangelização, também buscamos fazer a reflexão da Palavra de Deus, algumas pequenas formações e acompanhamos o dia a dia daquele povo dentro do campo missionário”, contou.
Na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, mais de 50% dos padres são indígenas, pertencentes a diversas etnias. Apesar da pluralidade linguística, a missa é conduzida pelo padre Odilio em Tukano, facilitando a expressão e o entendimento aos fiéis. A cidade de São Gabriel da Cachoeira é considerada uma das mais indígenas do Brasil e possui quatro línguas oficiais: portuguesa, nheengatu, tukano e baniwa. Por isso, é uma região com fiéis católicos multilíngues.
Falar sobre o meio ambiente é frequente nas missas do sacerdote, já que vive em um estado onde tem a Floresta Amazônica e entre um povo que vive em harmonia com a natureza. Os povos indígenas têm um papel essencial na preservação ambiental graças à sua profunda conexão e conhecimento tradicional sobre a fauna e a flora.
Desde 2015, o Papa Francisco fala em prol do cuidado com o meio ambiente com a Encíclica Laudato Si’. Textos que tratam do cuidado com a casa comum e destacam a necessidade urgente de enfrentar as questões ambientais de maneira integral.
A encíclica do Papa Francisco ajudou a dar uma maior visibilidade para o que os indígenas já vinham alertando há muito tempo sobre a destruição ambiental que acontece não só no Brasil como no mundo.
“Nós sentimos muita segurança depois da Laudato Si’. O Papa Francisco ajudou muito nas lutas dos povos indígenas”, disse o sacerdote.
A missão do padre Odilio vai além da transmissão da Palavra de Deus, ele também se dedica a dar voz aos povos indígenas de São Gabriel da Cachoeira. Sua luta pela preservação ambiental é compartilhada com os bispos diocesanos que abraçaram a causa. Juntos, eles defendem os direitos dos povos indígenas e combatem a entrada de mineradoras e o desmatamento na região.
“Nas nossas homilias e também nas reflexões que fazemos na comunidade incentivamos a preservação, eles colhem para ter o necessário para viver”, concluiu.
Beatriz Siqueira