A Hora Santa do Clero, como parte da programação da 99ª Semana Eucarística, em preparação à Solenidade de Corpus Christi, foi realizada na Igreja de Sant’Ana, o Santuário de Adoração Perpétua, no Centro, em 16 de junho.
Presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, a celebração reuniu bispos auxiliares, presbíteros diocesanos e religiosos, diáconos, seminaristas e fiéis.
“São 99 anos que o nosso antecessor, Cardeal Sebastião Leme, quis, entre tantas realizações que teve em nossa cidade, arquidiocese e país, também instituir um Santuário de Adoração Perpétua. No seu testamento, pediu para ser sepultado aqui, em frente ao Santíssimo Sacramento exposto 24 horas, exceto durante as celebrações da missa, para que pudesse passar toda a eternidade adorando o Senhor”, disse o arcebispo.
Na sua mensagem, após a leitura do Evangelho, Dom Orani lembrou que Dom Sebastião Leme, considerado um dos bispos da Eucaristia, confiou à Congregação do Santíssimo Sacramento – padres sacramentinos – a direção do Santuário de Adoração Perpétua, e até hoje, eles continuam na bela e importante missão.
Para dar a bênção com o Santíssimo Sacramento, Dom Orani lembrou que o pároco e reitor do santuário, padre José Laudares de Ávila, fez questão de usar o mesmo ostensório utilizado pelo Cardeal Sebastião Leme há 99 anos, durante a fundação do Santuário e da Obra de Adoração Perpétua, com a primeira exposição eucarística. Ele anunciou a abertura do centenário da Obra de Adoração Perpétua, a campanha de novos adoradores e a reedição do livro de adoração com roteiros conforme o tempo litúrgico.
Para o arcebispo, a Hora Santa do Clero é uma oportunidade de continuar a tradição da arquidiocese e do carisma dos padres sacramentinos de “adorar e fazer adorar”.
“Nos colocarmos diante de Jesus na Eucaristia, o pão da vida, um presente no meio de nós, como prometera na Última Ceia: ‘Este é o meu corpo, este é o meu sangue’. Assim a Igreja permanece. Na quinta-feira, após a Solenidade da Santíssima Trindade, a Igreja percorre os caminhos da cidade com Cristo na Eucaristia. Ele caminha conosco, vivo, ressuscitado, presente na Eucaristia”, disse.
Dom Orani destacou a relevância jubilar do centenário da Obra da Adoração Perpétua, e dos 450 anos da Prelazia do Rio de Janeiro em unidade ao Jubileu do Ano Santo, que tem como tema: “Peregrinos de Esperança”.
“A messe é grande, são poucos operários, mas caminhamos juntos nessa sinodalidade, com muita esperança e confiança, neste tempo de missão, na certeza que Jesus Cristo é a fonte da nossa esperança. Ao nos alimentarmos do Pão da Vida, devemos ser canais e sinais de esperança na sociedade, oferecendo nosso serviço, trabalho e partilha para que o nosso povo possa ser também alimentado com o pão da vida”, disse.
Sobre as muitas situações de violência, questões sociais complexas e inúmeros problemas de incompreensão que devem ser enfrentados, o arcebispo enfatizou: “Há muitas perseguições e dificuldades, narrativas contrárias à caminhada da Igreja Católica no Brasil e no mundo, e pode ser que, muitas vezes, nos sintamos cansados diante de tantas provações que recaem sobre nós, em nossas paróquias, capelas e na realidade dessa cidade em sua multiplicidade de desafios, mas sejamos os primeiros a experimentar a esperança”.
Dom Orani acrescentou: “É tempo de reavivar, pois o jubileu é tempo de reavivamento, de recomeço, de retomada, de recolocar a nossa vida no caminho com os entusiasmos iniciais, para que todos nós possamos reavivar nossa vida, nossa vocação e nosso chamado. Nesse longo caminho que temos a percorrer, contagiar as pessoas ao nosso redor, conscientes de que vivemos a vida do nosso povo, com todas as suas realidades, seus sofrimentos e suas dificuldades. Mas entre nós, temos a razão que nos permite seguir caminhando: Jesus Cristo, nossa esperança, nossa paz, nossa vida e o pão que nos alimenta”.
Aos que levam a missão adiante, de modo especial, os irmãos bispos, presbíteros, diáconos, religiosos, religiosas, agentes de pastoral e o povo de Deus, o arcebispo agradeceu e animou a todos a buscar novos caminhos, cada um com seu carisma.
“São tantos dons e graças que, diante de Cristo na Eucaristia, somos chamados a bendizer e louvar o Senhor, pedindo que Ele continue a nos alimentar com Sua presença e, principalmente, a ser a nossa esperança, preenchendo, cada vez mais, os nossos corações com as consequências dessa presença: uma vida, cada vez mais, transparente, uma vida coerente com o Evangelho, uma vida dedicada com generosidade às ovelhas, ao povo de Deus, com generosidade, e, cada vez mais, marcada pela comunhão com Ele na oração, no cotidiano e na vida”, disse.
“Que sejamos, cada vez mais, uma Igreja presente na sociedade, que dialoga com tudo e com todos, mas que tem algo a dizer, algo a oferecer, algo a testemunhar como sinal para esse mundo que tanto necessita de homens e mulheres que vivam, com alegria, a sua vida cristã na diversidade de dons e carismas que o Senhor nos concede”, concluiu.
Carlos Moioli e Rita Vasconcelos