O Fórum de Ciência e Cultura – Série do Circuito Proart – e a Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos apresentam o Quarteto de Cordas da Universidade Federal Fluminense em “Quartetos Populares?”.
O evento será realizado no dia 31 de outubro, às 14h, na Igreja do Rosário e São Benedito, situada na Rua Uruguaiana, 77, no centro do Rio de Janeiro.
O Quarteto de Cordas da Universidade Federal Fluminense tem Tomaz Soares, 1º violino, Ubiratã Rodrigues, 2º violino, Clara Santos, viola, Glenda Carvalho, violoncelista licenciada e Kayami Satomi Farias, violoncelista convidado.
Popular ou erudito?
Considerando o século XX como marco temporal, com o estabelecimento de uma acessibilidade mais ampla através dos meios de comunicação de massa dos diversos gêneros musicais, como o rock ‘n’ roll, o jazz, a bossa nova, apenas para citar alguns, a música de concerto, historicamente ligada às elites de uma sociedade, de certa forma, não adentraram neste universo de divulgação massiva de suas criações e recriações musicais.
A tônica do concerto de hoje traz a seguinte provocação: Será que o repertório a ser apresentado poderia ser classificado como “popular”? Ou de forma anacrônica como “erudito”?
A resposta não está pronta. Cabe a vocês, audiência, baseando-se nas suas vivências pregressas e na experiência de hoje buscarem elementos para respondê-la, ou não!
O programa de hoje começa com a obra Rondó, para quarteto de cordas, do compositor teuto-brasileiro Ernst Mahle. Em um gesto de extrema generosidade, o compositor dedicou ao Quarteto de Cordas da UFF e seus membros esta primeira obra, composta em 2022. A professora Cidinha Mahle, sua esposa, disse: “Mahle escreveu essa peça para vocês pensando na contemporaneidade. É uma peça curta, enérgica, rápida, assim como tem sido a vida”.
Hercules Gomes, nascido em Vitória-ES, em 1980, é um pianista e compositor formado pela Unicamp. Tem sido reconhecido por sua performance instrumental e por suas composições e arranjos para piano e diversas formações. Em Ijexá, Hércules se utiliza do ritmo homônimo originado em Ilexá, Nigéria, e trazido para a Bahia pelo enorme contingente de iorubás escravizados, trazidos para o Brasil entre os séculos XVII e XVIII. Artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Moraes Moreira e BaianaSystem, dentre outros, incorporaram este ritmo em suas composições. Esta obra foi feita por encomenda do Quarteto de Cordas da UFF através do Projeto “UFF-Funarte Música de Concerto”, ocorrido em 2022.
Este programa continua com a execução do Quarteto de Cordas nº 2 de César Guerra-Peixe. Esta obra foi composta em 1958, na cidade de São Paulo, e é dedicada ao Quarteto da Cidade de São Paulo. O mestre petropolitano encontrou no folclore brasileiro, em especial o do Nordeste, uma grande fonte inspiradora para as suas criações musicais. Seja através do uso dos ritmos, da forma musical ou de criações de melodias, seguindo a estética das melodias folclóricas, Guerra-Peixe usa com muita criatividade e invenção estes elementos nesta obra.
Radámes Gnatalli era o compositor que transitava sem nenhuma limitação artística ou técnica pelo “clássico” e o “popular”, colocou na pauta a linguagem popular brasileira dentro da estética de quarteto de cordas. O Quarteto Popular, escrito em 1940, reflete as influências recebidas de Gnatalli na dualidade de sua carreira de arranjador de música popular na Rádio Nacional e de exímio pianista, violinista, violista, cavaquinista e violonista com sólida formação clássica que viu toda a sua criatividade colocada a serviço da nossa música.
Ao longo da história da música, o que pode ser percebido é, de uma forma ou de outra, a música de concerto sempre foi influenciada pela música popular de cada época e de cada lugar. Seja Tchaikovsky, Brahms, Schubert ou Villa-Lobos, suas obras “clássicas” são carregadas de conteúdo popular. Em suma, o que faltaria para que estes quartetos fossem realmente populares, ou seja, conhecidos do grande público?
Programa
“Quartetos Populares?”
- Ernst MAHLE (n. 1929) – 95 anos de nascimento
Rondó (Allegro), para Quarteto de Cordas, C 336 – Estreia Mundial
(Peça dedicada ao Quarteto de Cordas da UFF)
Duração musical estimada: 03 minutos
- Hercules GOMES (n. 1980)
IJEXÁ*, para quarteto de cordas (dur. aprox. 8’)
Duração musical estimada: 08 minutos
- César GUERRA-PEIXE (1914-1993)
Quarteto de Cordas n. 2
Allegro con moto
Presto
Andante
Allegro
Duração musical estimada: 20 minutos
- Radamés GNATALLI (1906-1988)
Quarteto Popular
Movido
Lento
Allegro Moderato
Duração musical estimada: 21 minutos
Duração musical estimada total: 52 minutos
Da Redação