Indulgência plenária aplicável aos mortos

Do dia 1° a 8 de novembro pode-se lucrar a indulgência plenária aplicável aos mortos, ou seja, pode oferecer a indulgência por uma pessoa que já tenha falecido e as penas dos pecados que essa pessoa cometeu em vida serão reparadas. É o que diz o diretório litúrgico: “Aos que visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos mesmo só mentalmente, concede-se uma indulgência plenária, só aplicável aos defuntos diariamente, do dia 1º ao dia 8 de novembro, nas condições costumeiras, isto é: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice, nos restantes dias do ano, indulgência parcial.

É que para oferecer a indulgência plenária a algum falecido é necessário seguir os seguintes passos: estar em estado de graça, ou seja, ter se confessado recentemente, rezar pelo Papa, comungar, visitar o cemitério, rezar pelos mortos, um Pai Nosso, uma Ave Maria ou outra oração que inspirar a piedade. No dia 02 de novembro, é possível também lucrar uma indulgência visitando uma Igreja, realizando orações pelo Papa e pela Igreja.

O pecado tem em si duas consequências: a culpa e a pena. A culpa é tirada a partir do Sacramento da Confissão, ou pelo arrependimento sincero com a intenção de não mais pecar como propósito do Sacramento da Confissão. A pena é absolvida através de orações e penitências, temos que estar constantemente pedindo perdão por conta de nossos pecados.

Mesmo quando morremos em estado de graça, ou seja, após ter confessado, ainda carregamos alguma pena por nossos pecados, essa pena é absolvida no purgatório, que é um período em que somos purificados após a nossa morte antes de ir para o céu. O purgatório é um estágio no qual a nossa alma passa após a morte e que temos a oportunidade de sermos purificados. Após esse estado, vamos ao paraíso, habitar eternamente ao lado de Deus.

A indulgência é o perdão parcial ou total dessa pena, por isso, é importante sempre oferecermos missas e orações em favor dos mortos, inclusive agora entre os dias 01 a 08 de novembro e no Dia de Finados. O Papa como sucessor de Pedro concede determinadas indulgências aos fiéis pelas práticas de alguns atos de piedade. Essas indulgências são concedidas somente para as pessoas que realizam esses atos de piedade.

O Papa concede indulgência plenária aplicável a uma pessoa falecida mediante atos de piedade cristã que praticamos, conforme mencionado acima. Podemos rezar o terço, rezar pelo Papa, participar da Santa Missa, rezar pela Igreja e visitar os cemitérios. Conforme dissemos, devemos estar de igual modo em estado de graça, ou seja, com a confissão em dia. Muitas vezes, sabemos que aquela pessoa que morreu e que conhecemos precisa de oração, e que ofereçamos indulgência em favor dela para que alcance mais facilmente a salvação.

Poderemos oferecer missas nesses dias entre 01 a 08 de novembro por quem já faleceu, colocando como intenção na missa o nome de quem já faleceu e pedindo que a alma daquela pessoa seja salva. É sempre importante rezar por quem já faleceu, mesmo que não coloque a intenção na missa, mas reze mentalmente por quem já faleceu. É sempre bom rezarmos pelas almas do purgatório, para que alcancem a salvação e sejam perdoadas de suas penas.

É um dever cristão, de caridade, rezar sempre pelos mortos, e quem reza em vida pelos mortos terá, mais adiante, alguém que rezará por ele. Devemos sempre rezar pelos mortos, por isso, na oração eucarística sempre têm o momento em que os mortos são lembrados e que podemos falar o nome em voz alta, ou pensar naqueles que já se foram, para que tenham o descanso eterno, e nós que aqui ainda peregrinamos possamos ter um dia.

No dia 2 de novembro, quando celebramos a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, a Igreja nos lembra esse dever de rezar pelos mortos. É o que diz o Diretório Litúrgico: “Ainda neste dia, em todas as igrejas, oratórios públicos ou semipúblicos, igualmente, lucra-se uma indulgência plenária, só aplicável aos defuntos: a obra que se prescreve é a piedosa visitação à igreja, durante a qual se deve rezar a oração dominical e o símbolo (Pai Nosso e Credo|), confissão sacramental, comunhão eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice (que pode ser um Pai Nosso e Ave Maria, ou quaisquer outras orações conforme inspirar a piedade e devoção)”.

No Dia de Finados, somos convidados a nos voltarmos para a Igreja celeste, pedindo a intercessão dos santos por nós e que possam acolher nossos entes queridos que já partiram. Conforme é proferido pelo sacerdote na oração das exéquias quando nos despedimos de um ente querido, pedimos que os santos e a Virgem Maria venham ao encontro daquele ente querido que partiu:

Caríssimo irmão (caríssima irmã), encomendo-te a Deus todo-poderoso e confio-te ao Criador, para que voltes àqu’Ele que te formou do pó da terra. Venham ao encontro de ti, que estás a partir desta vida, Santa Maria, os Anjos e todos os Santos. Liberte-te Cristo, que por ti foi crucificado; liberte-te Cristo, que morreu por ti; leve-te Cristo, Filho de Deus vivo, ao Paraíso, e reconheça-te o verdadeiro Pastor entre as suas ovelhas. Ele te absolva de todos os teus pecados e te receba entre os seus eleitos. Vejas o teu Redentor face a face e gozes da contemplação de Deus pelos séculos dos séculos”.

E ainda, termina com a seguinte:

“Nós Vos encomendamos, Senhor, o vosso servo (a vossa serva) N., a fim de que, morto(a) para este mundo, viva para Vós; na vossa misericórdia infinita, perdoai-lhe os pecados que por fragilidade humana tiver cometido e concedei-lhe a paz e a vida eterna”. Por Cristo nosso Senhor.

Rezemos entre os dias 01 e 08 de novembro de 2024 pelos nossos fiéis defuntos. Que possamos aplicar as indulgências plenárias em seu favor. Que os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz!

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

 

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