Juventude celebra 11 anos da Jornada Mundial com o Papa Francisco

Ide sem medo para servir

Mais de 20 mil pessoas lotaram a Catedral de São Sebastião, no Rio de Janeiro, em 27 de julho, para celebrar os 11 anos da Jornada Mundial da Juventude, que ocorreu na capital fluminense, em 2013. Esse evento também marcou a primeira viagem apostólica do Papa Francisco, fora da Itália, após sua nomeação como Sumo Pontífice.

O arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, acolheu os fiéis da arquidiocese e das dioceses vizinhas, como Niterói, Nova Iguaçu, Petrópolis, e Duque de Caxias.

“Há 11 anos, nós estávamos com o Santo Padre aqui entre nós, vivendo a experiência da Jornada Mundial da Juventude. E cada um de nós tem a oportunidade de fazer memória. Recordo que, à época, a Catedral também estava cheia como está hoje. Aqui, o Papa teve encontros com argentinos, sacerdotes e outros grupos. E em todos os momentos, o Santo Padre nos convidou a fazer missão. O último discurso dele foi sobre a vida missionária. Por isso minhas boas-vindas a todos e a todas que vieram de perto e de longe”, saudou o arcebispo.

Dom Orani também fez memória da 1ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, que ocorreu no Rio de Janeiro, no dia 25 de julho de 1955. O encontro foi uma convocação do Papa Pio XII aos bispos para a criação do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam).

“Há 69 anos, o Rio de Janeiro também acolheu bispos da América Latina e do Caribe para a fundação do Celam. Portanto, nós somos testemunhas de grandes acontecimentos, e queremos celebrar, festejar, agradecer e ter os corações ainda mais fervorosos para poder ir, sem medo, evangelizar. À época da jornada aconteceu de tudo, chuva, frio, inundações. Mas os jovens deram um belo testemunho de sua fé e de sua caminhada. No dia seguinte, eu escrevi um artigo dizendo “Vimos Deus agir”. Assim como vimos Deus atuar no meio da juventude que esteve aqui no Rio de Janeiro, superlotando o bairro de Copacabana. Também, hoje, vemos Deus agir, e temos a mesma sensação e experiência de ter Deus conosco para, cada vez mais, tornar nosso coração cheio de fervor para a missão, para sermos bons cristãos. Vocês recordam o hino da Jornada?, celebrou o arcebispo, e, junto ao coro de vozes, cantou o Hino da JMJ Rio2013, “Esperança do Amanhecer”.

 

Padre Jorge Carreira: “Não sejam desmemoriados sobre o seu chamado”

Nas primeiras horas do evento “Ide sem medo para servir”, o assessor eclesiástico do Setor Juventude, padre Jorge Carreira, junto com outros membros, animaram jovens, adultos e idosos, que louvaram a Deus, cantaram e dançaram. Em sua pregação, o sacerdote também comemorou os seus 11 anos de ordenação, que ocorreu três meses antes do evento mundial com o Papa Francisco.

“No dia 6 de abril de 2013, minha turma e eu fomos ordenados. Nós pudemos testemunhar esse evento maravilhoso. E faço memória não somente à JMJ porque a Jornada foi um ponto de partida para muitos de nós. Por exemplo, a minha turma fez um bonito ministério nas comunidades paroquiais, muito semelhante ao tema da JMJRio 2013, que foi retirado do Evangelho de São Mateus, Capítulo 28, quando o Senhor Jesus deu uma ordem aos apóstolos a fazer todos os povos os seus discípulos. Então, naquele momento, eu, um jovem de 26 anos ordenado aqui na Catedral, animado para evangelizar, cheguei na Jornada também como você e como tantos outros. Mas antes daquela data, foi feita uma caminhada vocacional muito longa. Eu preciso lembrar do amor de Deus todos os dias da minha vida. E convido você a também fazer memória do que Deus tem feito em sua vida”, encorajou o sacerdote.

A luz do Livro de Lamentações, Capítulo 3, padre Jorge Carreira trouxe à memória sinais de esperança e fé.

“Nós vivemos em uma época muito difícil em que somos assaltados por pensamentos intrusivos. Os jovens têm sido alvo de Satanás e, ao mesmo tempo que lutamos, estamos aqui hoje com uma juventude grande, outros jovens estão sendo alvo da tentação do demônio. Os jovens têm sido alvos deste mundo para que sejam desmemoriados para que se esqueçam do que Deus faz por todos nós. O Papa Francisco pregou esta palavra, aqui na Catedral, numa bela manhã para muitos padres e religiosos, e nos disse: ‘Não sejam desmemoriados sobre o seu chamado’. Naquele momento, eu, que era padre ordenado há três meses à época, fui questionado por Deus sobre o que me dava esperança. Deus tem sido muito maravilhoso conosco. Então, hoje, nós temos de trazer em mente o que pode nos levar a Deus; e romper com pensamentos pessimistas, tristeza, raiva, ressentimento, e o que mais pode nos atrapalhar nessa relação com as obras de Deus”, alertou.

Ao fazer menção às vicissitudes e problemas do Rio de Janeiro e cidades vizinhas, padre Jorge Carreira alentou a juventude a nunca esquecer do amor de Jesus Cristo.

“Você que mora aqui na nossa cidade, e você vizinho de Nova Iguaçu, Niterói, Petrópolis, Teresópolis, Duque de Caxias e tantas outras cidades que marcam presença aqui na Catedral, você sabe que a nossa região está pela misericórdia.  Então, temos de encher os nossos corações de esperança e fé, temos de ir à igreja, rezar o Rosário, pois a Palavra nos diz que o amor de Jesus está sobre todos nós. Lembrar que Ele te ama é lembrar dos seus compromissos com Deus; compromisso com o seu casamento, com a sua família. Você que se diz consagrado a Nossa Senhora, mas é um jovem preguiçoso, não lava nem a louça para mãe, toma vergonha nessa cara, irmão. Você não é vítima da sua vida. Seja responsável, levante da cama, cumpra com as suas obrigações e não reclame. Pegue a sua energia, a força de vontade, une o teu coração ao coração de Jesus, que vai te fortalecer para não desanimar. Lembra do que Ele já fez na sua vida e não desanime mais. A bola está contigo, irmão. Eu te ajudo, rezo por você, mas agora é com você: terço na mão, Bíblia na mão, joelho no chão, e tenha responsabilidade sobre a sua vida”, concluiu padre Jorge Carreira, e, em seguida, convidando a todos para cantar a canção “Alma missionária”.

 

Dom Antônio Catelan: “Como é lindo ver a Catedral cheia de pessoas procurando a Deus”

O bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro e animador do Vicariato Episcopal de Pastoral, Dom Antônio Luiz Catelan Ferreira, ministrou a segunda pregação sobre juventude missionária e sobre o Sínodo Arquidiocesano para as Missões, que acontecerá até o dia 8 de junho do Ano Santo de 2025.

“Viemos fazer memória do legado da Jornada Mundial da Juventude como um momento missionário que a Arquidiocese do Rio de Janeiro vive neste e no próximo ano, neste segundo Sínodo Arquidiocesano das Missões. A Jornada da Juventude desencadeou esse processo bonito de evangelização e de continuação do anúncio da Palavra de Deus. Mas nós temos diante de nós um grande desafio, no qual chamamos de desafio evangelizador e missionário, que é nos encher de Cristo para partilhar essa fé. A melhor coisa que aconteceu em nossa vida foi ter encontrado e conhecido Jesus Cristo. E a melhor coisa que podemos oferecer para outras pessoas é a oportunidade de se encontrar com Jesus e conhecê-Lo, além de viver a experiência de ser Igreja e estar em comunhão com Jesus Cristo. Isso é o coração da missão”, explicou.

Dom Catelan reforça que o Papa Francisco, através da sua Carta Encíclica “Fratelli Tutti”, convida todos os cristãos a romper barreiras para o amor, a fraternidade e a amizade social.

“O documento “Alegria do Evangelho” diz que devemos nos inquietar e ficarmos incomodados com o grande número de pessoas que ainda não conhecem Jesus, e que ainda não têm o consolo de fazer parte de uma comunidade de fé e uma verdadeira família. Não ter isso é viver de modo muito empobrecido humanamente”, ressaltou.

O bispo auxiliar explicou aos fiéis sobre o que é um sínodo e como essa grande iniciativa arquidiocesana para as missões está acontecendo no Rio de Janeiro, a fim de buscar renovação e dinamização da vida e ação eclesial.

“O Sínodo que fazemos na Arquidiocese do Rio requer duas coisas: organizar estruturas de missão permanente para que a nossa Igreja esteja sempre em saída, sempre indo ao encontro dos outros e oferecendo a oportunidade de conhecer Jesus; e organizar as ações missionárias. Convido vocês jovens a também se envolverem, fazerem os mutirões de visitação de casa em casa, andar pelas comunidades. Quando, através dessas atividades, repartimos a fé com o outros, nós saímos ainda mais entusiasmados, mais preenchidos porque encontramos pessoas com o coração aberto, onde a gente menos imagina. E muitas pessoas agradecem a visita, pois levamos a palavra de Deus, oração, canto, água benta, além daqueles poucos minutos de diálogo. Nós vemos nos olhos das pessoas, e isso faz muita diferença na vida delas, renova a fé dessas pessoas e da nossa fé também, pois o melhor modo de crescer na fé é repartindo a fé; crescer na amizade com Jesus é ajudar fazer novos amigos e amigas para Jesus”, explicou.

Dom Catelan destacou que a melhor dinâmica para fazer missão é através do contato presencial com as pessoas. As estruturas para a missão são construídas através do nosso empenho e vontade de transmitir a fé para os outros individualmente e pessoalmente.

“Nós saímos para fazer missão nos transportes públicos (ônibus, trem, metrô, Uber) e nos ambientes que a gente frequenta. Ao levar um símbolo religioso no pescoço ou na estampa de uma blusa, uma frase da Bíblia lida pela manhã, as pessoas nos olham diferente quando precisam de Deus. E se nós dermos chance, elas nos perguntam e isso é uma oportunidade de começar uma conversa. Mas ao invés de logo passar a mensagem de Deus, temos de acolher a pessoa. O primeiro Evangelho que concedemos à pessoa é a atenção, a disponibilidade, o carinho, a humanidade. Isso abre a porta. E, se a pessoa passar por alguma dificuldade, se tem alguma dúvida, ela poderá se abrir um pouco. Fazemos a escuta, sem interromper; emprestamos o coração, com toda a disponibilidade, e a hora que terminamos a conversa, olhamos bem no olho da pessoa e falamos: minha irmã, meu irmão, você estará nas minhas orações daqui para frente. E se conseguir, anuncie a Palavra de Deus. Se fizermos isso uma vez ao mês, conseguiremos irrigar o solo da nossa cidade com cordialidade e virtudes humanas que constroem uma cidade melhor. São sementes de um mundo melhor. E o mais importante de tudo: com Deus. Você, meu irmão, você minha irmã, pode ser um missionário e uma missionária. Você foi batizada, você foi batizado. A Santíssima Trindade habita no seu peito. Você está ungido e ungida com o óleo santo. E você tem poder para transmitir o amor de Jesus Cristo a outras pessoas. Deixe se levar pelo seu amor a Jesus, pela sua fé e torne-se um missionário nas suas relações, nas suas amizades, nos seus ambientes”, encorajou.

O animador episcopal do Vicariato de Pastoral, Dom Catelan, estimulou os jovens a diminuírem o tempo de permanência na internet e habitar mais presencialmente com a pessoas, a fim de tornar a própria experiência cristã e humana mais profunda.

“Descola do celular, não fica grudado nele o tempo todo. Olhe para pessoas, pesque almas, esteja interessado em ajudar outras pessoas a fazerem a experiência da salvação. E vocês verão que a vida ficará melhor, será mais bonita, a nossa mente vai abrir. Amizade com Jesus e missão são como a nossa respiração. Além de oxigenar o nosso organismo espiritual, oxigenar os pulmões, o sangue, o coração, encontramos caminhos para crescer na fé. Isso pode tornar o nosso mundo melhor no ponto de vista social, porque pessoas que são amigas de Jesus não fazem mal para os outros, não são violentas, não geram desunião. Ou seja: não apenas cresce a Igreja, como melhora o mundo. O mundo pode ser melhor se formos missionários”, animou.

Dom Antonio Catelan disse que o lema da JMJ Rio2013, “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19), está profundamente ligado com esse momento missionário em que vivemos. “É o legado da Jornada que vai se aprofundando e se tornando um rio caudaloso em nossa existência”, destacou.

Ao final da pregação, Dom Catelan leu alguns trechos do Carta Encíclica do Papa Francisco “Fratelli Tutti”, e motivou os jovens a exercerem a missão de anunciar Jesus Cristo, no dia a dia, em meio à rotina. O bispo frisou quatro passos: diálogo, demostrar interesse pela pessoa, deixar a pessoa falar e fazer escuta atenta, prometer a sua oração.

 

Rita Vasconcelos

 

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