Neste ano de 2025, celebramos com muita solenidade o Jubileu da Juventude num clima de Jornada Mundial da Juventude, no contexto do Jubileu Ordinário convocado pelo Papa Francisco e presidido pelo Papa Leão XIV. As juventudes do mundo se reúnem em oração, partilha, escuta e missão, reafirmando sua disposição de serem discípulos missionários de Jesus Cristo. É um tempo de graça para a Igreja e um chamado à renovação da fé, sobretudo em tempos tão desafiadores como os que vivemos.
É inevitável, para nós do Brasil, especialmente do Rio de Janeiro, revisitarmos espiritualmente o marco que foi a JMJ Rio 2013. Naquela ocasião, tivemos a alegria, a honra e a responsabilidade de acolher a primeira viagem internacional do Papa Francisco, poucos meses após sua eleição. O Rio de Janeiro se transformou numa grande catedral a céu aberto. Milhões de jovens de todas as partes do mundo ocuparam as ruas, as igrejas, as praças e, acima de tudo, abriram os corações à ação do Espírito Santo.
Recordo com emoção os dias em que o Santo Padre percorreu nossa cidade, desde sua chegada calorosa até os momentos inesquecíveis na Praia de Copacabana. Como arcebispo metropolitano do Rio de Janeiro, pude acompanhar de perto sua ternura, sua escuta, sua firmeza nas palavras e a centralidade de seu apelo: “Ide, sem medo, para servir!”. Essa frase ficou gravada na memória e no coração de toda uma geração. A JMJ 2013 não foi apenas um grande evento; foi um verdadeiro Pentecostes juvenil em terras brasileiras.
Hoje, ao contemplarmos esse momento juvenil no jubileu da esperança que se realiza em 2025, reconhecemos os frutos daquela experiência. Muitos jovens que participaram da JMJ Rio 2013 hoje atuam nas mais diversas frentes eclesiais: são padres, religiosas, leigos engajados, catequistas, missionários, casais, profissionais que buscam unir fé e vida. Aquela semente germinou e continua a dar frutos, inclusive no entusiasmo com que muitos deles se mobilizaram para esta nova experiência e já se preparam para a JMJ em Seul, na Coreia, de 3 a 8 de agosto de 2027.
Este tempo jubilar é uma ocasião preciosa para revitalizarmos o nosso compromisso com a evangelização da juventude. O Papa Francisco insistiu com veemência que a juventude não é apenas o futuro da Igreja, mas seu presente mais vibrante. No mundo ferido por guerras, pobreza, crise climática, injustiças e perda de sentido, é a juventude cristã que pode reacender a esperança por meio de seu testemunho de fé, de sua criatividade e de sua coragem.
O jubileu da juventude, neste ano da esperança de 2025, reafirma esse chamado missionário. A juventude é convidada a levantar-se, como Maria, e partir apressadamente ao encontro de quem precisa (cf. Lc 1,39). Trata-se de uma geração que, mesmo ferida por muitas ausências, carrega em si uma profunda sede de sentido, de autenticidade, de transcendência. A Igreja, como mãe e mestra, precisa ser capaz de acolher, escutar, formar e enviar.
Ao recordar a JMJ 2013, não o faço por saudosismo, mas por gratidão. Foi naquele encontro que vivemos intensamente o rosto jovem da Igreja no Brasil e no mundo. Ver o Papa Francisco sendo acolhido com tanto carinho pelo povo brasileiro foi um sinal do Espírito para toda a Igreja. Ver as favelas sendo visitadas, os doentes sendo tocados, os voluntários dando seu tempo com generosidade. Tudo isso revela que a fé, quando encarnada no amor, transforma o mundo.
O Jubileu da Juventude, neste Ano Santo de 2025, também nos desafia a sermos presença ativa e profética nos grandes debates do nosso tempo. Os jovens querem ser escutados, participar, construir pontes. A Igreja precisa continuar abrindo espaços, rompendo barreiras e dialogando com as novas linguagens, sem jamais perder o essencial: Jesus Cristo vivo, centro de nossa fé e razão de nossa alegria.
O jubileu da juventude não se encerra com a viagem de volta. Ele continua na vida concreta de cada jovem que retorna à sua paróquia, à sua comunidade, ao seu trabalho. Continua também no compromisso da Igreja de acompanhar, formar e integrar essa juventude à missão da evangelização. Que o ardor vivido agora, em 2025, alimente ainda mais a chama acesa no Rio de Janeiro há doze anos. Tivemos ocasião de viver este jubileu no Santuário da Penha no dia 2 de agosto, unidos a mais de um milhão de jovens reunidos em Tor Vergata, em Roma, para a Vigília e Missa solenes desse jubileu dos jovens.
Que Maria, a jovem de Nazaré, modelo de escuta e entrega, continue caminhando com nossos jovens. E que o Espírito Santo nos conceda a graça de sermos uma Igreja cada vez mais sinodal, missionária e próxima, especialmente dos mais jovens e mais pobres.
Com gratidão e esperança, seguimos confiantes: Cristo vive e quer você vivo! (Christus vivit, 1).
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ