No dia 19 de outubro de 2024, na 40ª Assembleia Arquidiocesana da Iniciação à Vida Cristã, em missa realizada na Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro instituímos 80 ministros da Catequese de todos os vicariatos territoriais da arquidiocese. São homens e mulheres que já exercem a missão de catequistas, alguns há décadas e que, depois de tantos cursos de formação e acadêmicos foram escolhidos para serem os primeiros catequistas instituídos de nossa arquidiocese. Além da formação e experiência que já possuem, tiveram a oportunidade de uma preparação de quase dois anos para essa responsabilidade.
O Ministério de Catequista foi instituído pelo Para Francisco em 10 de maio de 2021, através do Motu Proprio Antiquum Ministerium. Esse documento oficializa o papel dos catequistas dentro da Igreja Católica, reconhecendo a importância histórica e contemporânea da catequese na transmissão da fé cristã. A decisão de Francisco reflete sua visão de uma Igreja mais participativa, em que os leigos desempenham um papel ativo na evangelização e na formação espiritual das comunidades. O ritual da instituição de catequistas foi aprovado pela Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, a 3 de dezembro de 2021, para poder ser utilizado em língua latina, a partir de 1 de janeiro de 2022. A tradução em português para o Brasil foi aprovada em 10 de janeiro de 2024. Esse texto foi promulgado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a 2 de fevereiro de 2024, para ser utilizado no Brasil assim que publicado.
O Antiquum Ministerium faz referência à antiga tradição da Igreja, onde catequistas sempre tiveram um papel crucial na educação e preparação dos fiéis. O Papa destaca que ser catequista não é apenas uma função de ensino, mas um serviço de testemunho vivo da fé, com a missão de formar discípulos autênticos e engajados. E o Papa recorda que é um trabalho dos leigos e leigas na Igreja.
O Papel do Catequista Segundo o Papa Francisco: ele afirma que o catequista deve ser alguém profundamente enraizado na fé e na tradição cristã, com uma forte vida de oração e um compromisso sólido com a comunidade eclesial. Ele também frisa que esse ministério laical deve ser estável e que os catequistas precisam de uma formação adequada para responder aos desafios pastorais e culturais do mundo contemporâneo.
O catequista, conforme o Papa Francisco, é um anunciador do Evangelho e um educador na fé, ajudando a transmitir os ensinamentos cristãos, especialmente em ambientes onde os sacerdotes são escassos ou onde a evangelização enfrenta desafios. Ele ressalta ainda que a catequese não se limita ao ensino teórico, mas envolve o testemunho da vida cristã em atos concretos de caridade e fraternidade.
Ao instituir o ministério de catequista, o Papa Francisco oferece um reconhecimento formal para leigos que, durante séculos, têm desempenhado esse papel de forma não oficial. O Papa quer sublinhar que a evangelização e catequese é uma responsabilidade compartilhada por todo o povo de Deus.
Essa iniciativa reflete a intenção de fortalecer a presença laical na vida da Igreja e em suas diversas missões. Com o ministério de catequista, os leigos têm a oportunidade de se preparar de maneira mais estruturada e receber apoio espiritual para desempenhar sua função com eficácia, especialmente em áreas onde a evangelização é mais desafiadora.
Formação e Responsabilidade: A Carta Apostólica sublinha que os bispos são responsáveis por promover a formação de catequistas, discernindo aqueles que têm vocação para esse ministério e garantindo que eles recebam o suporte necessário. O Papa alerta que esse ministério não deve ser encarado como um título de honra, mas como um verdadeiro compromisso de serviço à Igreja e às suas comunidades.
O Antiquum Ministerium também destaca que o catequista deve ser uma pessoa de fé sólida, bem formada na doutrina e capaz de transmitir não apenas conhecimento, mas a vivência da fé. Eles desempenham um papel-chave na educação cristã, preparando novos fiéis e acompanhando aqueles que já estão em sua caminhada espiritual.
O Motu Proprio Antiquum Ministerium, ao instituir o ministério de catequista, é um marco importante na história recente da Igreja Católica, reconhecendo formalmente a importância dos leigos na missão de evangelizar e formar a fé. Assim como a celebração dos primeiros 80 catequistas instituídos é um marco histórico na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Gostaria de relembrar as palavras do Evangelho onde Jesus atesta que aqueles que O testemunham diante dos homens, o próprio Jesus testemunhará em favor deles diante do Pai. Por fim, ressalto a importância desse povo de fé, que testemunha Jesus na sociedade do mundo de hoje, marcada por tantas notícias nem sempre boas. É o mais antigo ministério e importante na vida da Igreja Arquidiocesana porque é o ministério que transmite a fé: “Ide e ensinai!”. Queremos louvar e bendizer a Deus pelos primeiros 80 Ministros da Catequese e esperar que novos catequistas estejam aptos para esta grande tarefa evangelizadora em nossa arquidiocese.
“Ó Pai, que nos fazeis participar da missão do vosso Filho e enriqueceis a vossa igreja com abundantes dons do Espírito, abençoai + estes vossos filhos escolhidos para o ministério de Catequistas. Concedei, nós vos pedimos, que vivam plenamente o seu Batismo, cooperando com os pastores nas diversas formas de apostolado, no anúncio do Evangelho e na transmissão da fé, para a edificação do vosso Reino”. É oração de instituição segundo o ritual de Instituição de Catequistas.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ