A Missa de Natal com os moradores em situação de rua atendidos pelas irmãs Missionárias da Caridade, congregação fundada por Santa Teresa de Calcutá, no bairro da Lapa, foi realizada no dia 30 de dezembro.
“Jesus Cristo é e sempre será o centro da nossa esperança. Com Ele seguimos fortes, revestidos de Sua graça. Mesmo que a situação não apresente possibilidade de resolução, Ele deve ser a nossa escolha”, disse o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, durante a homilia.
“Olhemos para as Irmãs de Calcutá e veremos claramente a mão de Deus nos dando sinal de que Ele está conosco, mesmo nas situações mais difíceis”, acrescentou o arcebispo.
A superiora da comunidade, irmã Joana, ao acolher Dom Orani, disse: “Somos gratas pela sua presença, pelo carinho de paternidade que sempre nos envolve de forma afetiva e incansavelmente.” Também fazem parte da comunidade as irmãs Benedicta, Pulcheria, Mariana e Martin Rose.
A missa foi concelebrada pelo padre Eduardo Gabriel, religioso da Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos), e contou com a presença do diácono Eraldo Santana Moreira, que exerce o ministério na Paróquia Nossa Senhora da Luz, no Alto da Boa Vista. Também presentes consagrados da Comunidade Sementes do Verbo, que ajudaram na celebração e nas refeições.
Em homenagem ao seu jubileu de vida sacerdotal, Dom Orani recebeu de presente pelas mãos de dois moradores em situação de rua, em nome das religiosas e das pessoas vulneráveis, uma manjedoura feita de cera, para recordar a simplicidade da ação das religiosas, e um cartão confeccionado pela irmã Pulcheria com imagens do pastoreio do arcebispo.
Após a celebração eucarística no refeitório da casa, os moradores em situação de rua participaram da Ceia de Natal. Dom Orani também ajudou a servir as refeições.
No final, as pessoas atendidas pelas Missionárias da Caridade receberam de presente um par de sandálias, fruto de campanha organizada pelo diácono Eraldo Santana Moreira, realizada nas paróquias Santa Mônica, no Leblon, e Nossa Senhora da Luz, no Alto da Boa Vista, e nos colégios Santo Agostinho, no Novo Leblon, São Bento, no Centro, Notre Dame, em Ipanema, e Marista São José, na Tijuca.
“As nossas necessidades normais são tão particulares, comparadas às necessidades momentâneas das pessoas em situação vulnerável. O que elas precisam, entre tantas coisas, é de um par de sandálias, porque estão descalços. Foi justamente o que falei quando fiz o pedido para me ajudarem na campanha: ‘Vamos calçar o Menino Jesus’. Consegui 350 pares de sandálias, número aproximado de pessoas que as religiosas atendem diariamente na casa”, disse o diácono Eraldo.
‘Tenho sede’
“Tenho sede” – escrita ao lado de um crucifixo, na sede das religiosas, no bairro da Lapa, é a mesma pronunciada por Jesus enquanto agonizava na Cruz. A súplica de um mendigo com a mesma frase foi o que levou Madre Teresa de Calcutá a se dedicar aos mais pobres, aos excluídos e rejeitados pela sociedade.
É a vocação das irmãs Missionárias da Caridade: dar água para o Cristo sedento hoje nas pessoas mais vulneráveis. A exemplo da fundadora, Santa Teresa de Calcutá, elas oferecem assistência material, acolhimento humano e espiritual. O trabalho começa com a identificação das necessidades básicas, como alimentação, vestuário e higiene. As irmãs organizam distribuição de refeições, doações de roupas, sempre respeitando a dignidade de cada pessoa, vendo em cada um o rosto do próprio Cristo.
Elas promovem atividades que visam reintegrar esses moradores à sociedade, oferecendo orientação e encaminhamentos. As religiosas estabelecem um ambiente de confiança, no qual os moradores podem compartilhar suas histórias e desafios. Através de conversas e escuta ativa, elas ajudam a construir um novo sentido de esperança e oportunidades.
Trabalhando em parceria com outras organizações na cidade, as Missionárias da Caridade também facilitam o acesso a serviços de saúde e programas de recuperação, buscando sempre a inclusão social. Sua presença no bairro da Lapa é um testemunho de compaixão e solidariedade, refletindo o compromisso de transformar a vida daqueles que muitas vezes são esquecidos pela sociedade. O trabalho das religiosas é, portanto, uma luz em meio à escuridão, mostrando que o amor e a empatia podem fazer a diferença na vida das pessoas vulneráveis.
Carlos Moioli