O Jubileu da Esperança

Um chamado à renovação espiritual e à confiança em Deus

 

O Jubileu da Esperança, também conhecido como Ano Santo de 2025, é um período de graça extraordinária promovido pela Igreja Católica, um tempo dedicado à renovação espiritual, à reconciliação e à vivência profunda da misericórdia divina. Este jubileu foi solenemente inaugurado pelo Papa Francisco em 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, marcando o início de um período de perdão, cura e esperança para toda a Humanidade.

Em sintonia com o Vaticano, arquidioceses e dioceses ao redor do mundo estão se unindo para celebrar este momento singular.  Nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro promoveu no domingo passado, Festa da Sagrada Família, concentração diante do Convento Santo Antônio, no Largo da Carioca. Do Convento Santo Antônio fomos em peregrinação até a Catedral, como diz a Bula do Ano Santo: “Que a peregrinação, desde a igreja escolhida para a concentração até à catedral, seja o sinal do caminho de esperança que, iluminado pela Palavra de Deus, une os crentes. Durante o percurso, leiam-se algumas passagens deste documento e anuncie-se ao povo a Indulgência Jubilar, que poderá ser obtida segundo as prescrições contidas no mesmo ritual para a celebração do jubileu nas Igrejas particulares”. Chegando a procissão apresentamos a cruz e com a água da pia batismal fomos aspergidos e depois presidimos a Santa Missa Solene de abertura do Ano Santo Jubilar em nossa arquidiocese.

A procissão simboliza o desejo de caminhar juntos como Igreja sinodal em busca de Deus. Essas celebrações locais são um reflexo da universalidade da Igreja, que une povos e culturas em torno da esperança comum na salvação em Cristo.

O Jubileu da Esperança não é apenas um evento litúrgico, mas um chamado à conversão profunda. Inspirado no tema “A esperança não confunde” (cf. Rm 5,5), este Ano Santo nos convida a refletir sobre a essência da esperança cristã: uma confiança inabalável no amor de Deus, que nunca falha.

A abertura da Porta Santa nas Basílicas Maiores e no presídio de Roma é um símbolo poderoso. Ela nos lembra que Cristo é a porta que nos conduz ao Pai (cf. Jo 10,9). Ao atravessá-la, somos convidados a deixar para trás o peso do pecado e abraçar a vida nova em Cristo. É um gesto de fé e humildade, que nos chama a renovar nossa caminhada espiritual e a viver como testemunhas da esperança no mundo. Por isso é importante lembrar que a Porta Santa, neste jubileu, somente é aberta nas quatro basílicas vaticanas maiores em Roma: São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Fora dos Muros e no presídio Rebibbia, em Roma.

A esperança é uma virtude teologal que nos conecta ao futuro, mas que também transforma o presente. Ela nos sustenta nas dificuldades, nos dá força para perseverar e nos mantém firmes na certeza de que Deus está conosco.

Neste jubileu, somos convidados a viver a esperança de forma concreta:

  • Na reconciliação: buscar o perdão de Deus no Sacramento da Confissão e perdoar aqueles que nos feriram.
  • Na caridade: ser instrumentos de misericórdia, ajudando os necessitados e promovendo a justiça.
  • Na oração: fortalecer nosso relacionamento com Deus, que é a fonte de toda esperança.

A esperança cristã não é apenas um sentimento, mas uma virtude que transforma vidas. Como afirma o Papa Francisco, ela é “uma âncora lançada no Céu”, que nos mantém firmes mesmo nas tempestades da vida.

O Jubileu da Esperança é um tempo único, um presente de Deus para a Humanidade. Ele nos chama a sermos luz em um mundo frequentemente marcado pela escuridão do desespero e da divisão.

É um momento de exaltação da misericórdia divina, que nos abraça em nossa fragilidade e nos dá a força para recomeçar. É também um convite à solidariedade, para que, unidos como irmãos, possamos construir um mundo mais justo e fraterno.

Este jubileu nos desafia a ser “Peregrinos de Esperança”, levando a mensagem de Cristo aos confins da terra. É uma oportunidade de testemunhar que, mesmo diante das dificuldades, Deus é fiel e Sua promessa de salvação é eterna.

Que este jubileu seja para todos um tempo de renovação, de reencontro com o amor de Deus e de compromisso com Sua missão. Que possamos viver com o coração aberto, prontos para sermos transformados pela graça e pela misericórdia divina. Para os que não podem peregrinar até Roma, que possam, visitando a Catedral Metropolitana e as 21 igrejas determinadas por nós como locais de peregrinação, cumprir o que a Igreja pede, rezando nas intenções do Papa, a obtenção da indulgência plenária aplicada na forma costumeira por si e na intenção dos fiéis defuntos. Vivamos intensamente este tempo de penitência, renovação e perdão dos pecados e das dívidas, restituindo o que foi retirado a quem de direito como pede a Sagrada Escritura!

Como Igreja, caminhamos juntos, fortalecidos pela esperança que não confunde e pela certeza de que, em Cristo, encontramos a verdadeira paz e alegria.

Que Maria, Mãe da Esperança, interceda por nós e nos acompanhe nesta jornada jubilar, ajudando-nos a sermos testemunhas vivas da esperança que transforma o mundo. Amém.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ 

 

 

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