Pastor e educador, monsenhor Djalma Rodrigues de Andrade recebeu com ternura o abraço de misericórdia do Senhor

“Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura. (Sl 144, 8-9)

 

Retornou à Casa do Pai para receber a “coroa da justiça” (2Tm 4,8), o nosso amado monsenhor Djalma Rodrigues de Andrade, às 4h30 desta terça-feira, 3 de setembro de 2024, no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, aos 94 anos de idade e 68 anos de sacerdócio.
A exemplo de São Gregório Magno, Papa e doutor da Igreja, cuja memória a Igreja celebra nesta data, foi um homem simples e de grande espiritualidade. Pastor e educador, ensinou os jovens, de maneira especial, os seminaristas, a serem cidadãos de bem e fiéis seguidores de Jesus Cristo, o verdadeiro mestre de nossas vidas e história.
Seu corpo será velado na Igreja Sagrado Coração de Jesus, situada no complexo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), na Gávea, no dia 4 de setembro, quarta-feira, a partir das 8h, com missa e orações às 9h, 11h e 12h. Às 13h30, irei presidir a missa de exéquias, seguida de sepultamento na quadra dos padres da Irmandade de São Pedro, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.

 

Pastor e educador
Mestre em Psicopedagogia e doutor em Teologia Sistemático-Pastoral, monsenhor Djalma dedicou parte de sua vida à educação. Na PUC-Rio, foi professor de Teologia por mais de 30 anos, diretor do Departamento de Teologia, membro e suplente do Conselho Universitário, e reitor da Igreja Sagrado Coração de Jesus.
Ainda exerceu os ofícios de reitor do Seminário Arquidiocesano de São José de 1979 a 1982, pároco da Paróquia São Conrado, em São Conrado, de 1983 a 2003, pároco dominical da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, em Inhaúma, capelão do Colégio da Companhia de Maria, no Grajaú, assistente espiritual das Equipes de Nossa Senhora, coordenador arquidiocesano das Escolas de Fé e Catequese, membro do Conselho Presbiteral e assistente da Pastoral do Menor.

Oriundo da Diocese de Oeiras, no Estado do Piauí, foi incardinado na Arquidiocese do Rio no dia 20 de dezembro de 1976. No dia 27 de fevereiro deste ano, tornou-se monsenhor, título eclesiástico de honra conferido pelo Papa Francisco, também conhecido por Capelão de Sua Santidade, por indicação do ordinário local.
Antes de vir para o Rio de Janeiro, monsenhor Djalma já tinha atuado como professor em escolas de Ensino Médio no Estado do Piauí, em Oeiras e Floriano (1956-1968). Em Floriano, também foi diretor do Colégio Estadual Monsenhor Lindolfo Uchôa (1961), e do Colégio Estadual Monsenhor Hipólito (1965). Foi, ainda, professor na Faculdade Católica de Filosofia, em Teresina, capital do Piauí.

 

Reitor do Seminário São José
Sua vasta experiência no campo da educação muito contribuiu na formação dos seminaristas, os futuros sacerdotes da Arquidiocese do Rio que, na época, cursavam a Teologia na PUC-Rio.
Em 1980, na sua primeira visita ao Brasil, o Papa São João Paulo II ordenou no Maracanã 76 sacerdotes de várias dioceses do Brasil, entre eles, dois da Arquidiocese, Manuel de Oliveira Manangão e Silas Pereira Viana. Em 1982, foram ordenados 7 padres, à época, uma turma numerosa. São eles, os padres Geraldo Magela de Souza Lima, Joel Portella Amado, Ludendorff (Licinho) Cohen Couto, Luiz Antônio Pereira Lopes, Sebastião Gonçalves da Silveira, e os indianos José Kalapura e Tiago Parampathu.
Também na sua reitoria, o ano de 1981 foi marcado pela criação da Faculdade Eclesiástica de Filosofia João Paulo II, que funcionou inicialmente no Edifício São João Paulo II, na Glória, sede da Arquidiocese do Rio. Até o final do ano de 1980, os alunos de filosofia do Seminário São José estudavam no Instituto Aloisiano, dos padres jesuítas, em Botafogo.

 

Vida e vocação
Filho de Agnelo Dias de Andrade e de Maria Rodrigues de Andrade, o menino Djalma nasceu no dia 11 de janeiro de 1930, em Itainópolis, uma cidade no interior do Estado do Piauí. Em entrevista concedida ao jornal Testemunho de Fé, em 2015, monsenhor Djalma contou que sua vocação surgiu, quando ainda era criança, motivada pelo ardor dos sacerdotes missionários que passavam na sua cidade.

 

“Eu fui um garoto de interior. Meus pais eram muito católicos, assim como as demais famílias da comunidade. Quando eu tinha entre 6 e 7 anos de idade, manifestei à minha mãe o desejo de ser padre. Na época, o padre passava uma semana em cada povoado e, quando passava, era profundamente marcante para a comunidade católica. Não havia a presença de outra expressão religiosa”, contou.
Mesmo ele sendo o único homem da família – perdeu o pai aos cinco anos de idade –, contou que sua mãe não relutou em entregá-lo para Deus. “Deus proverá”, ela disse, segundo ele, quando soube do desejo do filho de ser sacerdote.
“Aquela frase foi, para mim, muito forte, assim como foi forte um dos nossos últimos encontros, quando ela estava doente, e perguntei, sentindo mesmo o que ia dizer, se ela queria que eu voltasse a morar com ela. E ela me respondeu, quase que me repreendendo: ‘Meu filho, eu já dei você para Jesus há muitos anos!’ Coisas de mãe”, contou monsenhor Djalma.

 

Estudos
Depois de fazer o ensino fundamental em sua cidade natal, fez o ensino médio no Seminário Sagrado Coração de Jesus, na capital Teresina (1944-1949). Para cursar a filosofia, teve que ingressar no Seminário da Prainha, em Fortaleza, no Ceará (1949-1952). Enviado para Roma, e residindo no Colégio Pio Brasileiro, fez a teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana (1952-1956) e, ainda pós-graduação em Ciências da Educação. Foi ordenado sacerdote em Roma, no dia 25 de fevereiro de 1956, pelo Cardeal Bento Aloisio Masella.
Tem muitos estudos científicos e obras publicadas na área da educação e da fé, com destaque para o livro “O Paradoxo Cristão, história e transcendência em Alceu A. Lima”, publicado em 1994, pelas Edições Loyola.

 

Ofícios na Diocese de Oeiras
Na sua diocese de origem, exerceu o ministério como assistente eclesiástico e diretor diocesano do Ensino Religioso (1956-1968), secretário do Bispado (1957-1958), e assistente eclesiástico da Ação Católica (1958-1965). Na cidade de Floriano, foi capelão do Colégio Santa Joana D’Arc (1958-1968), vigário cooperador da Paróquia São Pedro de Alcântara e assistente de vários setores da juventude (1958-1969), além de assistente provincial da Juventude Estudantil Católica (JEC) da Província Eclesiástica do Piauí (1960-1965). Também foi professor e diretor de escolas e colégios públicos em Oeiras e Floriano.

Gratidão
Aos familiares, amigos, educandos, fiéis e, de modo especial, aos sacerdotes que por ele foram acompanhados no seminário, ofereço nossa espiritual proximidade, pedindo ao Senhor que conforte o coração de todos.
Ele, que exerceu seu ministério com alegria, entusiasmo e generosidade, sempre próximo aos jovens, seja para todos nós um exemplo de discípulo missionário do Senhor. Monsenhor Djalma deve ser lembrado pelo seu amor e serviço à Igreja, a inspirar nossos corações para a missão e a construir um mundo novo pela força do Evangelho da alegria.
A Arquidiocese agradece a Deus pela sua vida, vocação, testemunho e missão ao longo destes anos. Unidos em oração, pedimos ao Senhor, que é misericórdia, que receba nosso amado irmão em Sua glória. Que monsenhor Djalma possa contemplar face a face quem ele amou, seguiu e anunciou com a sua vida e testemunho.
Hoje, no dia da páscoa definitiva de monsenhor Djalma, a liturgia (Sl 144,8-9) nos diz que o Senhor é misericórdia, piedade, amor, paciência, compaixão. Alicerçados na ressurreição de Jesus Cristo, que nos conquistou a vida eterna com seu sangue, acreditamos que o Senhor, bom para com todos, recebeu nosso irmão com a ternura de Seu abraço de Pai. Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno. E que a luz perpétua os ilumine. Descansem em paz. Amém.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro-RJ

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