Psicólogos debatem sobre como desfazer os preconceitos com a saúde mental

Na reunião do dia 25 de junho, o Grupo Plural de Psicólogos da Arquidiocese do Rio de Janeiro recebeu a médica psiquiatra Elizabeth Coutinho, que trouxe importantes reflexões sobre os preconceitos ainda existentes sobre o tema Saúde Mental.

A médica fez uma retrospectiva da história da psiquiatria no Brasil, que desde o século XIX era vista como “um instrumento do Estado para oprimir os doentes pobres”.

Nessa época, o doente era chamado de “alienado mental” pela medicina, que não tinha uma especialização para cuidar dessas pessoas.

A Reforma Psiquiátrica teve início no Brasil em 2001, inspirada nas ideias e práticas do médico italiano Franco Basaglia, que chegou aqui em 1979. Ele tinha como ideal a devolução da liberdade aos internos dos manicômios, entendendo que isso somente seria possível com o retorno desses pacientes ao convívio em sociedade.

A também psiquiatra Nise da Silveira, que foi discípula de Jung, iniciou um trabalho de tratamento humanitário com os internos do Hospital Pedro II, no Engenho de Dentro, com a criação do Museu de Imagens do Inconsciente e a introdução do uso de animais nas sessões de terapia (zooterapia).

A Reforma alterou a condição de funcionamento das clínicas psiquiátricas, reduzindo ao máximo os processos de internação dos doentes mentais e promovendo sua reintegração na família e na sociedade.

O resultado desse movimento foi a criação dos Centros de Atenção Psicossociais (Caps), Unidades de Acolhimento e as unidades de referência especializadas em hospitais gerais, entre outros serviços.

A dra. Elizabeth explicou que esse movimento contribuiu para a redução do distanciamento entre a teoria e a prática psiquiátrica, promovendo um tratamento mais humanizado para o doente mental.

Ela revelou também que a pandemia evidenciou e agravou o sofrimento psíquico, levando mais pessoas a buscarem ajuda nas instituições e junto aos profissionais de saúde mental. O Brasil é atualmente o país com o maior índice de pessoas com crises de ansiedade, que chegam a afetar 9,3% da população.

A médica citou, como exemplo de mudança na forma de tratar a doença mental, o caso do americano John Nash, retratado no filme “Mentes Brilhantes”.

John foi um brilhante universitário que padecia de esquizofrenia e, ainda assim, se tornou professor e recebeu o Prêmio Nobel, em 1994, por suas contribuições na área da Matemática e do Cálculo, com seus estudos da Teoria dos Jogos e Geometria Diferencial, entre outros. Ele faleceu em 2015, aos 83 anos, num acidente automobilístico.

Ao final da palestra, a dra. Elizabeth convidou os participantes a responderem algumas perguntas importantes para o tema:

– como atuar nesse contexto para mudar a situação do preconceito sobre a saúde mental?

– é possível o trabalho conjunto, interdisciplinar?

– como esclarecer dúvidas e quebrar preconceitos?

– é possível criar um cenário, com uma postura mais acolhedora para os doentes mentais?

Ao final da palestra, a médica recebeu das mãos do bispo auxiliar da arquidiocese Dom Antonio Augusto o certificado de participação na reunião do Grupo de Psicólogos Católicos, que foi encerrada com a tradicional comemoração dos aniversariantes do mês.

Se você é psicólogo ou estudante de Psicologia, venha fazer parte do Grupo Plural de Psicólogos da Arquidiocese do Rio de Janeiro. As reuniões acontecem na última terça feira do mês, no prédio da Mitra, na Glória.

 

Luís Paulo Dias, psicólogo

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