PUC-Rio e embaixador do Brasil junto à Santa Sé refletem sobre continuidade entre Francisco e Leão XIV

O embaixador lembrou que, em 2026, serão celebrados os 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Santa Sé, uma das mais antigas do mundo.

A transição entre os pontificados do Papa Francisco e do Papa Leão XIV foi o centro das reflexões apresentadas pelo Embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Éverton Vieira Vargas, em encontro realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Para o diplomata, o Papa Leão XIV inaugura uma nova etapa na história da Igreja em clara continuidade com o legado de Francisco, reafirmando a missão de promover paz, justiça e verdade no cenário global.

O evento contou com a presença do Reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Pedroso, S.J., e da presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), Júlia Dias Leite, fortalecendo a colaboração entre universidade, diplomacia e centros de pensamento estratégico.

De Francisco a Leão XIV: uma linha de continuidade

Em sua exposição, o embaixador destacou o caráter inovador e “dramático” do pontificado de Francisco, marcado pela ousadia em enfrentar desafios contemporâneos — da reforma da Cúria ao diálogo inter-religioso, passando pela denúncia das desigualdades sociais. Ao mesmo tempo, ressaltou como o Papa Leão XIV, primeiro norte-americano eleito ao trono de Pedro, traz experiência missionária e administrativa sólida, capaz de dar prosseguimento a esse caminho, com especial atenção aos eixos de paz, justiça e verdade.

“Quando saiu da Capela Sistina, a primeira mensagem de Leão XIV ao mundo foi ‘A paz esteja convosco’. Esse gesto já revela a marca de um pontificado comprometido em dar continuidade ao espírito de Francisco, mas com sua própria sensibilidade pastoral e visão estratégica”, afirmou o embaixador.

 

Desafios da Igreja e da humanidade

Entre os temas estratégicos levantados, destacam-se:

·         A necessidade urgente da paz, em meio a guerras e violências locais e globais;

·         O compromisso com a justiça social e a equidade, destacando a encíclica Laudato si’ como documento de importância histórica comparável à Rerum Novarum;

·         A centralidade da verdade como autenticidade e clareza no testemunho da Igreja;

·         O diálogo inter-religioso como instrumento de reconciliação e prevenção de conflitos;

·         O impacto civilizacional da inteligência artificial, que exige reflexão ética profunda.

 

História, futuro e missão partilhada

O embaixador lembrou que, em 2026, serão celebrados os 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Santa Sé, uma das mais antigas do mundo. O Reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Pedroso, S.J., destacou que a Universidade se coloca à disposição da Embaixada do Brasil junto à Santa Sé para colaborar nas celebrações, reafirmando seu compromisso de servir à missão da Igreja e ao diálogo internacional.

A atividade foi fruto de uma iniciativa conjunta entre PUC-Rio e CEBRI, reforçando a importância da cooperação entre universidades católicas e think tanks independentes na construção de análises críticas sobre a realidade internacional. Essa convergência entre academia e diplomacia mostra-se essencial para fortalecer a missão da Igreja no mundo contemporâneo e formar novas gerações comprometidas com a paz, a justiça e o diálogo.

 

Lívia Pinheiro – Jornalista – Rio de Janeiro

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