Raní dos Santos Jaber é teóloga, doutora em Teologia Bíblica, professora, cantora e missionária católica dedicada ao serviço litúrgico por meio da música. Com uma trajetória na qual tem se dedicado a servir na voz e violão em missas, adorações, encontros de oração e formações, ela também atua como integrante da equipe de formadores da Pastoral da Música na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e vice-coordenadora no Vicariato Norte. Além disso, colabora com outras pastorais, oferecendo aulas, palestras e retiros.
Raní relata que sua relação com a música começou no ventre materno, quando a mãe colocava música para ela ouvir, e também por influência de uma família muito musical. O avô, José Wellington dos Santos, era músico profissional, violonista. A mãe, Sandra, cantava, e o tio (irmão da mãe) tocava bateria. O pai, ao entrar para a família, integrou a percussão e os cuidados do som. A avó promovia os encontros familiares, que sempre resultavam em música. “Nossa família era uma banda, e foi nesse ambiente festivo e musical que minha irmã e eu nascemos e crescemos”, recorda Raní, que é irmã da cantora católica Maíra Jaber.
A mãe delas, Sandra Mara Jaber, foi pioneira como cantora católica na família, gravando discos e conquistando prêmios em festivais, o que inspirou profundamente as filhas. “Minha mãe é cantora católica até hoje, servindo na liturgia e gravando canções”, reforça Raní. O pai também já foi parceiro da mãe em composições, e já participaram juntos de um festival. Hoje é um grande apoiador do ministério das três.
Raní conta que, quando criança, recebeu os sacramentos e participou de um coral que servia nas missas da escola, mas ainda não vivia plenamente a fé católica. Somente na juventude isso se concretizaria. “A música foi a ‘isca’ que Cristo usou para me pescar”, conta ela, motivo pelo qual se alegra em servi-Lo por meio dela. Um convite para cantar em uma banda da igreja, posteriormente estendido também à sua irmã, marcou o início de uma conversão profunda. Em pouco tempo, foi chamada para cantar nas missas dominicais, recebeu o sacramento da Crisma, participou de encontros de oração e considera que encontrou verdadeiramente Jesus Cristo na Igreja Católica nesse período, sobretudo na Santa Missa, na liturgia e na Palavra que ouvia e lia. Ela afirma: “Fui alcançada profundamente por Jesus Cristo, nunca mais fui a mesma. Minha vida e minha música passaram a ser inteiramente d’Ele”, declara.
Todo esse processo foi vivido também simultaneamente por sua irmã, e juntas serviam ao Senhor na missa dos jovens. Raní conta que foram pioneiras ao compor melodias para os Salmos, num tempo em que essa prática ainda era rara.
Ela revela que suas composições autorais surgiram espontaneamente, por ação do Espírito Santo, como um transbordar do coração para Deus, especialmente nos momentos em que faltam palavras. Para ela, a música é uma forma privilegiada de comunicação com Deus e com os irmãos. A dedicação à teologia e à formação cristã marcam muitas de suas composições na direção da transmissão ou fortalecimento da fé através da música.
As duas primeiras experiências de gravação vieram como convite a uma participação especial em dois projetos de um amigo produtor: álbuns inspirados nos escritos de santos. No primeiro, Raní gravou uma canção composta em parceria (“Meu Céu na Terra”) e, no segundo, uma música de sua autoria baseada no texto de Santa Teresa d’Ávila, “Alma, procura-te em mim”. Apesar da alegria de contribuir com um projeto com o qual muito se identificava, naquele momento ela ainda não pensava em gravar suas composições originais ou se lançar como cantora católica.
Junto com a irmã, fundou a Companhia de Artes Luz do Mundo, que busca evangelizar por meio de musicais cristãos que unem diversas expressões artísticas. Nesse contexto, foi pedido a Raní suas composições autorais para integrarem os musicais, e ela conta que precisou da ajuda da direção espiritual para compreender que essas canções são dons a serem partilhados.
Suas primeiras gravações autorais foram dedicadas ao Mistério Pascal de Jesus Cristo, que é sua grande paixão: “Banquete do Amor”, relacionada à Ceia; “Jamais Te Deixo Só”, que remete à Cruz; e “Jesus, Filho de Deus”, ligada à Ressurreição. Com alegria e surpresa, recebeu a notícia de que as duas últimas foram nomeadas finalistas no Catholic Music Awards. Para Raní, mais do que a premiação, o maior presente é poder cantar o Mistério Pascal e representar a música católica brasileira com uma canção para o mistério da cruz e outra para o mistério da ressurreição. Ela afirma: “Meu grande desejo é que o Senhor possa se servir de toda a musicalidade que Ele me concedeu para a Sua glória e para o bem das pessoas que ouvirem essas canções.”
Ela e a irmã são artistas independentes, sem gravadora ou patrocínio, e produzem tudo com recursos próprios, confiando na graça e na providência de Deus, que sempre supre suas necessidades e as leva além do que imaginam. Raní faz votos de que o Catholic Music Awards fortaleça a produção fonográfica católica e que o incentivo permita continuar compartilhando os dons confiados por Deus. Para ela, suas canções são como os cinco pães e dois peixes, que, nas mãos do Senhor, se multiplicam para o alimento de Seu povo.
A teóloga Raní dos Santos Jaber concorre nas categorias: melhor novo cantor – canção: “Jesus, Filho de Deus”, e melhor canção de catequese (tradição, doutrina e magistério) – canção: “Jamais Te Deixo Só”.
Rita Vasconcelos