Sacerdote incansável

Há pessoas em nossas vidas que passam por ela e deixam marcas que nem o tempo, nem a distância conseguem apagar. Estou falando de um homem de Deus, simples, humilde que arrebanhava muitas pessoas.

Eu conheço Dom Orani desde abril de 1977, eu tinha apenas 16 anos e fui fazer um encontro de jovens na Paróquia São Roque, em São José do Rio Pardo (SP), ele era um padre bem novinho, tinha sido ordenado em dezembro de 1974.

Nem eu nem a maioria dos jovens pertencíamos juridicamente à paróquia. Morávamos longe dela e íamos a pé todos os domingos, para nos reunir e escutar uma palavra.  Dom Orani sempre nos acompanhava, nos ajudava demais, nos orientava, nos colocava à frente de muitos trabalhos: na zona rural, na catequese, nas quermesses, nas visitas a orfanatos, asilos etc.

Nos confiava a direção dos TLCs, dos encontros de férias “Uma luz no meu caminho”, dos retiros de Carnaval, preparava conosco, sempre teve um zelo muito grande.

Ele despertou em nós o amor pelo Evangelho, pelas coisas de Deus. Nos ensinou a ter zelo pela nossa paróquia. Éramos todos bem jovens, mas Dom Orani nos dava responsabilidades, e isso nos entusiasmava, nos animava. Assim como ele, que não ficava parado, ele fazia com que nós também não ficássemos. Hoje, vivemos numa sociedade em que o jovem é muito poupado, na própria Igreja também o é.

O fato de Dom Orani nos inserir nos vários trabalhos, nos motivava a não querer parar de caminhar, e a buscar sempre mais, a sermos perseverantes. Dom Orani era tão carismático que houve uma época em que nos reuníamos em 150 pessoas.

Muitos se perderam pelo caminho, mas grande parte participou da comunidade de jovens até se casarem. E muitos estão na Igreja até hoje, e estão à frente de comunidades, são catequistas na paróquia.

Tudo isso é fruto daquilo que Dom Orani plantou.

O João, meu marido, o conheceu alguns anos depois. Na época ele nos colocou como responsáveis pelo dízimo da paróquia.

Ele sempre foi um homem à frente de seu tempo. Fazia filmes conosco, nos entrevistando, e depois passava para as comunidades, ali contávamos a experiência do dízimo em nossas vidas e isso atraía as pessoas.

Sempre foi um sacerdote incansável, sempre se desdobrou para atender a todos, para ouvi-los, dava assistência a todos os movimentos da paróquia.

Fez o casamento da maioria dos jovens, e foram muitos. Batizou nossos filhos, nos visitava no hospital quando tínhamos os filhos, ia nos aniversários das nossas crianças.

Um pastor sempre presente, Dom Orani é amigo, irmão, pai na fé. Sempre se fez presente nos momentos alegres e nos tristes também.

Foi nosso catequista quando participava da comunidade Neo Catecumenal. Um homem muito iluminado, que nos colocava na verdade e nos ajudava.

Experimentamos uma mistura de alegria e tristeza, quando ele foi nomeado bispo.

Me lembro até hoje que escrevi uma carta a ele, dizendo o quanto ele era importante nas nossas vidas, na nossa caminhada e agradecendo por todo bem que fez a nós, e a todos os jovens, casais, idosos que passaram por ele.

Ele nem tinha assumido a Diocese de São José do Rio Preto e eu fazia as contas com quantos anos ele voltaria para São José.

Sempre recebeu a todos na sua casa, uma vez eu e minha família ficamos hospedados lá. Com todo o trabalho que tinha, ainda arrumava tempo para ver se todos estavam bem acomodados.

Nos recebeu no Rio de Janeiro, e isso sempre fez com que todos daqui quisessem visitá-lo. Mesmo que sua agenda estivesse cheia, arrumava um tempinho para cada um.

Nos sentimos privilegiados por termos participado de todos os momentos da sua vida, da sua história, tanto aqui em São José do Rio Pardo como em São José do Rio Preto, no Rio de Janeiro, em Roma.

Mesmo estando longe, faz o possível e o impossível para se fazer presente para celebrar os casamentos dos nossos filhos.

Geralmente volta para o Rio na madrugada, nem dorme. Ele é demais.

Veio para celebrar várias bodas de prata, inclusive a nossa. Foi inesquecível.

Todos nós o admiramos muito pelo exemplo que é para toda nossa Igreja, pela sua simplicidade, humildade, que permanecem até hoje.

Como dizia a serva de Deus Lourdinha Fontão, “Esse menino vai longe”.

Parabéns Dom Orani pelos seus 25 anos de ordenação episcopal, que Deus o conserve sempre assim. Agradecemos a Deus pela oportunidade que nos deu de caminharmos ao seu lado durante muitos anos.

Obrigada por tudo que sempre fez pelos jovens, pela nossa paróquia, por toda a nossa Igreja, pela minha família!

 

Diva Maria Secco Capoano (esposa de João Capoano Neto)

São José do Rio Pardo (SP)

 

 

 

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