Celebraremos no dia 15 de outubro a memória litúrgica de Santa Teresa d’Ávila, a grande doutora da Igreja. Conhecida também como a Mestra, por isso, nesse dia, é comemorado o Dia do Professor, pois, a exemplo de Santa Teresa, os professores possuem o dom de ensinar.
O mês de outubro é um mês especial para a Igreja, com diversas comemorações de santos. Além de Santa Teresa d’Ávila, comemoramos no dia 1º Santa Teresinha do Menino Jesus, os santos Anjos da Guarda no dia 2, Nossa Senhora do Rosário no dia 7, Nossa Senhora Aparecida no dia 12, o segundo final de semana do Círio de Nazaré, Santo Antônio de Santana Galvão no dia 25 e São Judas Tadeu no dia 28. Que esses santos sejam nossos intercessores junto a Deus.
Santa Teresa é a segunda filha de um judeu convertido. Nasceu em Ávila (Castela), em 28 de março de 1515. Teve uma infância feliz ao lado dos irmãos e primos e era fascinada pela cavalaria. Após a morte de seu irmão em uma batalha no ano de 1524 e a perda de sua mãe, Beatriz, a jovem foi enviada para estudar no mosteiro Agostiniano de Nossa Senhora da Graça. Durante esse período, foi atingida por uma crise existencial, a primeira de muitas.
Após uma grave doença que a acometeu, retorna à casa de seu pai, onde presencia a partida de seu outro irmão, Rodrigo, para as colônias espanholas no ultramar. Em 1536, foi atingida pela segunda “grande crise” e amadureceu a firme decisão de entrar no Mosteiro das Carmelitas da Encarnação de Ávila. O pai de Santa Teresa se opôs veementemente, e ela fugiu de casa. Santa Teresa foi acolhida pelas freiras e fez sua profissão religiosa em 3 de novembro de 1537.
Infelizmente, a saúde de Santa Teresa se agravou e, mesmo voltando para a família, o caso se tornou desesperador. Santa Teresa voltou ao convento numa situação de quase morte; devido a isso, as irmãs começaram a preparar seu funeral. De repente, como por um milagre, Santa Teresa voltou à vida, deixando as irmãs assustadas. Devido à doença, Santa Teresa ficou parcialmente livre das atividades da clausura.
Santa Teresa era alegre, amante da música, da poesia, da leitura e da escrita. Era amiga de todos e gostava de conviver com todos. Mesmo assim, não queria que as amizades atrapalhassem sua vida de oração, e ela experimentou o que se chama de segunda conversão.
Ao longo de sua vida, Santa Teresa teve algumas visões e êxtases que representam um capítulo misterioso e interessante de sua vida. Em sua autobiografia (escrita por ordem do bispo) e em outros textos e cartas, são descritas as várias etapas das manifestações divinas, visuais e auditivas. Ela foi vista levitando, desmaiando e até sendo dada como morta. Essas manifestações correspondem a um grande crescimento espiritual que Teresa transcreveu em seus escritos, textos e poesias.
Algumas pessoas não compreendiam Teresa e achavam que suas experiências eram algum tipo de visão demoníaca. Apoiada pelo padre jesuíta Francisco Borgia e pelo frade franciscano Pedro de Alcântara, conseguiu dissipar as dúvidas de seus acusadores. Teresa sentiu no coração o desejo de reformar o Carmelo, não no sentido físico, mas nas regras de vida. Em 1566, o superior geral da Ordem autorizou a fundação de vários mosteiros em Castela, incluindo dois conventos de carmelitas descalços. Assim, surgiram os conventos em Medina, Malagón e Valladolid (1568); Toledo e Pastrana (1569); Salamanca (1570); Alba de Tormes (1571); Segóvia, Beas e Sevilha (1574); Sória (1581); Burgos (1582), entre outros.
Santa Teresa teve uma grande amizade com São João da Cruz, que conheceu em 1567. Ele era recém-ordenado sacerdote. Juntos, muitas vezes incompreendidos, concretizaram o desejo de reforma do Carmelo, dando origem à nova Ordem dos Carmelitas Descalços.
A obra mais famosa de Santa Teresa é o “Castelo Interior”, um itinerário da alma em busca de Deus, após alguns estágios. Santa Teresa d’Ávila morreu em Alba de Tormes, em 1582, durante uma de suas viagens.
Santa Teresa foi canonizada em 12 de março de 1622 pelo Papa Gregório XV e proclamada doutora da Igreja pelo Papa São Paulo VI em 27 de setembro de 1970. Que Santa Teresa seja um exemplo para todos nós de perseverança e constância na oração, para que possamos crescer na intimidade com Deus e com os demais irmãos e irmãs.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ