No dia 10 de agosto de 2025 é a comemoração da memória litúrgica de São Lourenço, patrono dos diáconos, que neste ano, como cai num domingo, não é celebrado na liturgia. O mês de agosto, como bem sabemos, é um tempo especial para a Igreja: o mês vocacional.
No primeiro domingo, celebramos o Dia do Padre, no segundo domingo, o Dia dos Pais, no terceiro domingo, homenageamos os religiosos e consagrados, no quarto domingo, recordamos os diversos ministérios e serviços nas comunidades, e no último domingo, celebramos a vocação dos catequistas. Dentro dessa perspectiva, recordamos também o Dia dos Diáconos, na festa do padroeiro São Lourenço.
Em 2025, a memória de São Lourenço seria celebrada em um domingo, o Dia do Senhor. Mesmo assim, não deixaremos de recordar e valorizar a vocação diaconal.
Convido todos os diáconos a participarem do Jubileu dos Diáconos e da Escola Diaconal Santo Efrém, bem como da abertura da Semana Nacional da Família, que acontece no sábado, dia 9 de agosto, na Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro.
O evento se inicia às 8h, com a oração do Terço Mariano, seguida da Santa Missa “O Rio Celebra”, às 8h50. Participemos juntos deste momento e rezemos por todos os diáconos e por aqueles que se preparam para abraçar esse ministério.
O ministério diaconal é o primeiro grau do Sacramento da Ordem; o segundo é o presbiterato, e o terceiro é o episcopado. Após o Concílio Vaticano II, a Igreja ampliou o ministério diaconal, permitindo que homens casados pudessem ser ordenados diáconos permanentes. Essa decisão visou ampliar o serviço pastoral nas comunidades.
O diaconato permanente é destinado a homens e, quando casados, exige o consentimento da esposa e dos filhos, já que o ministério requer dedicação, tempo e presença nas atividades da Igreja. O diácono permanente pode assistir matrimônios, oficiar exéquias, realizar bênçãos, presidir a celebração da Palavra e batizar. Para isso, é necessário um processo formativo, incluindo os cursos de Filosofia e Teologia, além de estágios pastorais. Hoje, é cada vez mais comum termos diáconos permanentes atuando nas comunidades e colaborando com os párocos.
Rezemos para que Deus continue suscitando homens de fé, caridade e bom caráter, que queiram abraçar o ministério diaconal. Pode ser seu esposo, irmão, amigo ou alguém próximo. Como toda vocação, o chamado parte de Deus, e Ele espera a resposta do coração generoso de quem é escolhido. O diácono, como ministro ordenado, faz parte do sacerdócio ministerial de Cristo e é chamado a servir à Palavra, aos pobres e à comunidade.
Além do diaconato permanente, temos também o diaconato chamado de transitório, destinado àqueles que se preparam para o sacerdócio. Geralmente, dura de seis meses a um ano e, ao final, o candidato é ordenado presbítero. O percurso formativo é longo: seminário propedêutico, quatro anos de Filosofia, quatro de Teologia — um total de cerca de nove a dez anos de formação.
A origem do ministério diaconal remonta à Igreja primitiva, conforme o livro dos Atos dos Apóstolos (At 6,1-7), que relata:
“Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária. Então, os Doze convocaram todos os discípulos e disseram: ‘Não é razoável que abandonemos a Palavra de Deus para servir às mesas. Escolhei entre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais confiaremos esse serviço. Quanto a nós, permaneceremos dedicados à oração e ao ministério da Palavra’.”
A partir dessa necessidade, surgiram os primeiros diáconos, como Estêvão e Filipe, homens cheios de fé, sabedoria e Espírito Santo. Essa missão permanece atual: o diácono continua sendo aquele que serve, evangeliza e cuida dos mais necessitados. Ele é homem da caridade, sinal visível do cuidado da Igreja com os pobres, doentes, viúvas e pequenos.
São Lourenço, patrono dos diáconos, nasceu na Espanha, no século III. Era amigo íntimo do Papa Sisto II, que o nomeou arquidiácono de Roma. Lourenço administrava os bens da Igreja e distribuía as ofertas aos pobres, órfãos e viúvas, vivendo o espírito diaconal com fidelidade.
Em 258 d.C., durante a perseguição do imperador Valeriano, Lourenço, o Papa Sisto II e outros diáconos foram presos. O Papa foi executado no dia 6 de agosto. Lourenço foi poupado momentaneamente, com a exigência de entregar os “tesouros da Igreja”. Ele, então, reuniu os pobres, cegos, coxos e órfãos e os apresentou ao imperador, dizendo: “Eis aqui os nossos verdadeiros tesouros.”
No dia 10 de agosto, Lourenço foi martirizado, sendo queimado vivo em uma grelha. Seu testemunho de fé, coragem e serviço ficou eternizado. Sobre sua sepultura, foi construída uma igreja dedicada a ele, onde hoje repousam suas relíquias.
Celebremos com alegria e fé a memória de São Lourenço, patrono dos diáconos. Que nunca faltem servidores fiéis ao povo de Deus, que se coloquem à disposição do Evangelho e da caridade. Rezemos para que o Espírito Santo continue suscitando vocações ao ministério ordenado, tanto no diaconato permanente quanto no transitório, e que os nossos diáconos e padres sejam homens de Deus, servidores da Palavra, do Altar e dos pobres.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ