Na manhã de 6 de setembro, o Seminário Arquidiocesano de São José celebrou 286 anos de fundação com uma missa solene presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta. A celebração eucarística reuniu reitores, formadores, seminaristas, familiares, benfeitores e fiéis no auditório da casa de formação, no bairro do Rio Comprido.
O repertório musical próprio da comunidade seminarística contribuiu para a beleza da liturgia em ação de graças por mais um ano da instituição, considerada o mais antigo seminário em funcionamento no Brasil.
Fundado em 5 de setembro de 1739 por Dom Frei Antônio de Guadalupe, o Seminário São José surgiu como resposta ao apelo do Concílio de Trento pela formação adequada do clero, ainda no contexto do regime do padroado no Brasil. Após um período de fechamento no início do século XX, foi reaberto em 1924 por Dom Sebastião Leme, reconhecido como seu “segundo fundador”. Desde então, a instituição já formou centenas de sacerdotes para a Arquidiocese do Rio de Janeiro e outras dioceses do Brasil e do mundo.
Formar sacerdotes segundo o Coração de Cristo
Durante a homilia, Dom Orani destacou a importância da casa de formação como sinal de esperança vocacional em meio aos desafios da sociedade atual. “É uma alegria poder dar graças a Deus pela vida vocacional em nossa arquidiocese e pelos 286 anos do nosso seminário”, disse o arcebispo.
Ele refletiu sobre a figura do pai adotivo de Jesus como modelo para os formadores e seminaristas. “São José cuidou de Jesus, Filho de Deus, com o coração de pai”, afirmou, recordando o ensinamento do Papa Francisco na Carta Apostólica Patris Corde. “Nós sabemos, caríssimos irmãos e irmãs, que entre tantas missões que ele tem, São José cuida do seminário, já que é dedicado a ele”, completou.
O arcebispo também mencionou os altos e baixos vividos pelo Seminário São José ao longo de sua história, ressaltando sua permanência como referência de formação presbiteral, mesmo diante das adversidades. “Sabemos que houve tempos em que permaneceu fechado devido às circunstâncias nacionais e econômicas da época, mas isso foi sendo reconduzido”, lembrou. “Hoje vemos, diante de uma situação caótica que vive o mundo – com perseguições religiosas, guerras, inseguranças e violência –, que a dedicação desse seminário faz ver que, no meio de tantas circunstâncias, justamente aparecem as vocações.”
Dom Orani agradeceu a Deus pela vida dos reitores, formadores, professores e benfeitores do seminário ao longo dos séculos, e pediu orações pelos seminaristas e pelas vocações. “Pedimos ao Senhor que São José continue intercedendo por todos nós, pelas vocações, para que venham bons e santos operários para cuidar da messe”, disse. E acrescentou: “Essa é bem a missão do seminário: ajudar para que, através da formação, possam os nossos jovens ser configurados a Jesus Cristo.”
Ele também sublinhou a missão do Seminário São José como polo agregador das demais etapas formativas da arquidiocese – o Seminário Menor, o Propedêutico e o Redemptoris Mater – e saudou a presença dos grupos vocacionais, especialmente o Clube Vocacional. “Queremos nos configurar a Jesus Cristo. E essa é a grande missão do seminário”, afirmou. “Que todos possam crescer na fé, sabedoria e graça como Jesus, e depois serem sinais do Cristo sacerdote em meio à sociedade e à comunidade.”
Por fim, Dom Orani ressaltou o valor da vocação como dom gratuito de Deus e concluiu com um chamado à esperança. “Nessa contradição de uma cidade tão complexa como a nossa, temos tantas vocações”, disse. “Somos chamados a anunciar que proclamamos aquele que é a nossa esperança e que não decepciona: Jesus Cristo, nosso Senhor.”
A celebração marcou mais um capítulo na longa história do Seminário São José, cuja missão continua sendo formar sacerdotes segundo o Coração de Cristo, mesmo diante dos desafios do tempo presente.
Ação de Deus na caminhada do seminário
Ao final da missa em ação de graças, o reitor do Seminário Arquidiocesano de São José, cônego Jorge André Pimentel Gouvêa, dirigiu uma mensagem emocionada de gratidão e reconhecimento aos que colaboram com a missão formativa da casa.
Em sua mensagem, ele destacou a liderança e a proximidade do arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, definindo-o como presença paterna constante na caminhada dos seminaristas e formadores. “O senhor, com esse seu olhar paternal, esse jeito próximo de ser, sabe o momento de nos corrigir e o momento de nos conduzir”, afirmou. Segundo o reitor, essa postura contribui para que a comunidade formativa se abra cada vez mais “ao projeto de Deus na nossa arquidiocese”.
Cônego Jorge André estendeu seus agradecimentos a toda a equipe formativa do seminário, composta por vice-reitores, diretores espirituais, prefeitos de disciplina, formadores e reitores das etapas propedêutica, menor e missionária. “Só podemos levar a obra de Deus à frente se tivermos outros braços. Se o nosso braço é curto, com outros braços conseguimos atingir lugares muito mais longínquos”, ressaltou.
Os seminaristas também receberam menção especial, assim como os professores, funcionários e benfeitores da casa de formação. Ele agradeceu à Obra das Vocações Sacerdotais (OVS) e às famílias que contribuem com doações e orações. “Tenho a certeza de que Nossa Senhora jamais vai faltar na vida e na família de cada um de vocês. Porque a mãe cuida, protege, conduz e está sempre ao nosso lado.”
Cônego Jorge ainda recordou as ordenações e ministérios previstos até o final do ano, fruto do processo formativo em andamento: o ministério do acolitato, no dia 13 de setembro, em Campo Grande, e as ordenações diaconais — transitória e permanente — nos dias 6 e 13 de dezembro.
“A Igreja do Rio de Janeiro é viva, e todos os trabalhos e formações são possíveis graças ao apoio contínuo de cada pessoa, que, apesar das fragilidades humanas, consegue perceber a ação de Deus. Contamos com a oração de cada um de vocês”, concluiu o reitor.
Carlos Moioli