“Que Deus nos dê a sua graça e a sua bênção” (66/67)
Celebramos no dia 1º de janeiro a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, e o mundo todo também celebra o Dia Mundial da Paz, ou confraternização universal. Peçamos a Nossa Senhora Mãe de Deus que interceda junto a Deus pela paz no mundo. Nossa Senhora é a Mãe de Deus justamente porque é a Mãe de Jesus, e Ele é o Filho de Deus.
Infelizmente, vivemos grandes guerras no mundo, além de algumas outras menores que não são noticiadas e as guerras urbanas de nossas cidades. Peçamos a intercessão de Nossa Senhora Mãe de Deus para que cessem as guerras em 2025 e, neste Dia Mundial da Paz, peçamos a paz tão necessária. Peçamos ainda que cada governante possa pensar em como pode controlar o avanço do aquecimento global, para que, dessa forma, o planeta possa ser salvo. O planeta precisa respirar, o futuro das próximas gerações está em risco, e não só os governantes, mas a população em geral precisa tomar uma atitude.
Em 2025, a Igreja viverá um momento especial, que é o ano jubilar da esperança. Somos todos peregrinos da esperança e chamados a encorajar aqueles que andam desanimados e sem fé. A cada vinte e cinco anos, a Igreja vive o ano jubilar. Somos convidados a nos mergulhar nesse ano jubilar e pedir a misericórdia do Senhor sobre nós. Peçamos a misericórdia do Senhor sobre todo o mundo, e que possamos nutrir em nós a esperança em um mundo melhor.
A Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus sempre ocorre no dia 1º de janeiro, concluindo a oitava de Natal, e é celebrada independentemente do dia da semana em que ocorre. Este ano, o dia 1º de janeiro cai numa quarta-feira; no domingo seguinte, dia 5 de janeiro, celebraremos a Solenidade da Epifania do Senhor, e no outro domingo, dia 12, encerraremos o Tempo do Natal com a festa do Batismo do Senhor.
Santa Maria Mãe de Deus é um dogma, ou seja, uma verdade de fé, que a Igreja, após muito estudo, propõe aos fiéis para que creiam. O dogma de Santa Maria Mãe de Deus é o mais antigo, foi proclamado em 431 durante o Concílio de Éfeso. Pois, se Maria é a Mãe de Jesus, e Ele é o Filho de Deus, logo, Ela é a Mãe de Deus. O termo “Mãe de Deus” vem do grego (Theotókos), afirmando que Jesus Cristo possui as duas naturezas: Ele é plenamente humano e divino. Os outros dogmas marianos são: Virgindade Perpétua, Imaculada Conceição e Assunção de Nossa Senhora. Portanto, peçamos a intercessão de Nossa Senhora por nós e por nossa família.
Façamos um esforço para participarmos da Santa Missa da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus no dia 1º de janeiro. Nesse dia 1º de janeiro, também acontece a tradicional bênção do Papa, diretamente de Roma para o mundo. Essa bênção é conhecida como “Bênção Urbi et Orbi”. Que a bênção que o Papa Francisco dará de Roma chegue aos nossos corações e ao coração de todos os habitantes deste mundo.
A primeira leitura da missa dessa quarta-feira é do livro dos Números (Nm 6, 22-27). O Senhor fala a Moisés para que ele possa dizer a Aarão e aos seus filhos como eles devem abençoar os seus filhos e parentes. A bênção que vem de Deus nos dá forças para seguirmos em frente e enfrentarmos as lutas diárias. Hoje em dia, perdeu-se o costume de pedir a bênção aos pais, avós e madrinhas. Esse é um costume que vem desde o Antigo Testamento e não devemos deixar que essa tradição se perca. Ao dizer “Deus te abençoe” ao próximo, estamos desejando coisas boas a ele e que tudo o que ele fizer naquele dia, Deus o abençoará. Ensinemos novamente as gerações que estão surgindo a importância de pedir a bênção e manter viva a nossa tradição. Que a bênção do Senhor nos acompanhe ao longo deste ano e possamos ter muita paz.
O Salmo responsorial é o 66 (67). O refrão do salmo é a resposta daquilo que ouvimos na primeira leitura, e o salmista pede que o Senhor nos dê a sua graça e a sua bênção. Que todos os homens possam conhecer os caminhos do Senhor e descobrir que somente a paz pode construir um mundo melhor. Que Deus nos dê a graça de estarmos em paz com Ele, com o nosso próximo e com os nossos irmãos de comunidade.
A segunda leitura dessa missa é da carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 4, 4-7). Paulo diz à comunidade de Gálatas que, no momento oportuno, Deus enviou o seu Filho ao mundo, nascido de uma mulher e sujeito à lei humana. Ele assumiu a condição humana para ensinar à Humanidade o caminho do amor e da fraternidade. Ensinou a importância de construirmos aqui na terra o Reino de Deus para vivê-lo de maneira plena no céu. Ele é o herdeiro e nós somos os co-herdeiros da graça.
O evangelho da missa dessa solenidade é de Lucas (Lc 2, 16-21). Esse trecho do Evangelho que ouvimos hoje retrata quando os pastores foram a Belém encontrar-se com Maria e José, com o intuito de adorar o Menino Deus. Eles contaram tudo o que ouviram a respeito do Menino, e todos ficaram admirados. Maria, porém, guardava e conservava tudo em seu coração.
Os pastores voltaram louvando e glorificando a Deus por tudo o que viram e ouviram, conforme o anjo lhes havia dito. O Menino que havia nascido veio para ser o rei de Israel e ensinar à Humanidade que somente o amor pode construir um mundo mais justo e fraterno. O Messias nasceu pobre e humilde, para confundir os ricos e ensinar-lhes que a riqueza não salva, mas o amor e a solidariedade.
José e Maria, ao completar-se o tempo previsto, levaram o Menino para circuncidá-lo e deram-lhe o nome de Jesus, como havia sido predito pelo anjo. Nessa celebração, rendemos graças a Deus por ter enviado o seu Filho Jesus e permitido que Ele nascesse de um ventre materno.
Neste dia, peçamos a Virgem Maria que nos proteja e nos guarde, e que possamos guardar e conservar tudo em nosso coração e fazer sempre a vontade de Deus.
Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ