“Alegrai -vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,12)
Celebramos neste Domingo a Solenidade de Todos os Santos e Santas. Sabemos que esta solenidade é celebrada no calendário no 1° de novembro, mas a Igreja no Brasil, por razões pastorais, transfere a celebração para o domingo seguinte para que possa haver uma maior participação dos fiéis.
Neste ano, o dia 1° de novembro ocorre numa sexta-feira, anterior ao Dia de Finados, e a Igreja no Brasil transfere a celebração para domingo, dia 03. O domingo é o Dia do Senhor por excelência, em geral, não é substituído por nenhuma celebração de santo. A não ser algumas festas marianas, Solenidade da Santíssima Trindade, São Pedro e São Paulo e Todos os Santos.
Nesta celebração de Todos os Santos a Igreja “terrestre” – chamada de Igreja militante – volta-se para a Igreja “celeste” – chamada de Igreja triunfante –, pois enquanto peregrinamos nesse mundo estamos a caminho do céu, e ser santo não é mérito apenas daqueles que foram canonizados pela Igreja, mas cada um é chamado a viver a santidade no dia a dia desde quando fomos batizados. É a nossa primeira vocação.
A nossa meta é o céu, após peregrinarmos nesse mundo o cristão deve ter como meta a vida eterna ao lado de Deus, por isso, devemos fazer o esforço de edificarmos aqui na terra o Reino de Deus e contemplá-Lo de maneira plena no céu. Começamos aqui a viver a nossa vida de conversão, colocando em prática o Evangelho. E pedimos a intercessão de toda a igreja triunfante.
Outubro é um mês especial com a comemoração de diversos santos, e o mês de novembro já inicia com a comemoração todos os fiéis defuntos e Todos os Santos. Peçamos nessa celebração a intercessão de todos os santos e que de fato quando chegar a nossa hora de partir desse mundo possamos habitar a Igreja celeste e interceder por aqueles que aqui ficarem. Façamos o possível para trilharmos uma vida de santidade enquanto estivermos aqui para sermos merecedores da vida eterna.
A primeira leitura da missa dessa solenidade é do Livro do Apocalipse de São João (Ap 7,2-4.9-14), essa leitura remete ao que acontecerá no fim dos tempos, fala dos cento e quarenta e quatro mil que serão salvos, que vieram da grande tribulação. São povos que vieram de todos os cantos da terra. O número cento e quarenta e quatro mil é simbólico, pois o que a leitura quer nos passar é que a salvação de Deus é para todos os povos. Se multiplicarmos doze vezes doze, o resultado será 144. Esses números doze representam as doze tribos de Israel e os doze apóstolos que multiplicamos pelo número simbólico de 1.000. Tanto as doze tribos de Israel, como os doze apóstolos representam a Humanidade inteira.
Deus julgará toda a Humanidade e cada um de nós será julgado segundo as suas atitudes e o quanto foi capaz de amar o seu próximo. Vivamos com fidelidade os mandamentos da lei de Deus e que no final dos tempos possamos estar dentre os cento e quarenta e quatro mil que serão salvos.
O Salmo responsorial é o 23 (24), o refrão do salmo diz: “É assim a geração dos que procuram o Senhor”, ao Senhor pertence todos os povos e todas as nações, e compete ao Senhor a salvação. O Senhor não castiga ninguém e quer o bem de todos, peçamos a Ele a salvação e que olhe por toda a Humanidade.
A segunda leitura desta missa é da primeira carta de São João (1Jo 3, 1-3), João nos diz que recebemos um grande presente, de sermos chamados de “Filhos de Deus”. Nós nos tornamos filhos de Deus através do nosso batismo. Somos a imagem e semelhança de Jesus Cristo e no dia do julgamento final o veremos tal como Ele é. Quando nos encontrarmos com Cristo seremos puros, do mesmo modo que Ele é puro.
O Evangelho desse domingo é de Mateus (Mt 5, 1 -12a), é o tradicional texto conhecido como as “Bem-aventuranças”, pois o caminho para a santidade é viver as bem-aventuranças. Todo santo é bem-aventurado, e nós somos convidados a viver as bem-aventuranças nos dias que passamos aqui na terra, para que no dia da Parusia, ou seja, na segunda vinda de Cristo, final dos tempos, possamos escutar Jesus dizer para nós: “Vinde benditos de meu Pai”.
Nós vivemos as bem-aventuranças quando amamos o nosso próximo, quando não pagamos o mal com o mal e temos paciência com aqueles que nos provocam o mal, quando temos coragem de testemunhar Jesus Cristo em todos os lugares que estivermos, e quando perdoamos. Bem-aventurados e felizes somos nós quando amamos o próximo sem medidas e quando vivemos uma vida reta diante do Senhor. A oração nos ajuda na busca da santidade, tenhamos a prática da vida de oração para que tudo possa dar certo em nossas vidas.
Coloquemos Deus como prioridade em nossa vida, deixemos as outras coisas para depois e coloquemos Deus em primeiro plano. Não levaremos nada dessa vida, mas se formos capazes de amar e servir a Deus aqui na terra, levaremos Ele em nosso coração. Sejamos “pobres de espírito”, como nos diz Jesus no evangelho de hoje, sendo pobres de espírito seremos livres para amar e servir a Deus e aos irmãos.
Celebremos com alegria essa Solenidade de Todos os Santos, e peçamos ao Espírito Santo que nos auxilie no caminho para a santidade. Estamos sempre a caminho da Igreja celeste, por isso na celebração eucarística nós nos voltamos para o Altar onde está Cristo e os santos, enquanto peregrinamos nesse Mundo, Cristo vem a nós, na hora de nossa morte nós iremos a Cristo. Amém.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ