A Igreja recomenda que, ao menos uma vez ao ano, realizemos nossa confissão sacramental por ocasião da Páscoa da Ressurreição. É claro que, se sentirmos a necessidade, devemos nos confessar mais vezes ao longo do ano. O período da Quaresma tem por característica um apelo forte à conversão e à mudança de vida. É um tempo que nos convida a fazermos penitência. Acrescentemos também que estamos no tempo do jubileu, que supõe a confissão, entre outras práticas, para obter a indulgência plenária.
Por meio da oração, do jejum e da caridade – três práticas espirituais desse tempo quaresmal –, é possível sustentar a nossa penitência. Essas três práticas espirituais estão intimamente ligadas umas às outras. O que sustentará o nosso jejum é a oração, e a caridade é o gesto concreto do jejum que realizamos. A caridade poderemos também concretizar na coleta da solidariedade no Domingo de Ramos. Do mesmo modo, se vivermos bem essas três práticas espirituais, estaremos prontos para realizar nossa confissão sacramental.
A Igreja oferece meios, ao longo do tempo quaresmal, para que realizemos a nossa confissão sacramental. Trata-se da confissão individual auricular. Uma das formas é possibilitar aos fiéis a participação na celebração penitencial. Nessa celebração, são meditados textos de caráter penitencial, o sacerdote profere a homilia e faz reflexões para que todos os fiéis examinem suas consciências e, depois, se confessem. A celebração continua com as preces e a oração do Pai Nosso. Após a oração, o sacerdote se dirige ao confessionário e aguarda os fiéis para a confissão auricular, pois, em geral, não se pode dar a absolvição geral.
Meus irmãos, ao longo desse tempo quaresmal, as paróquias costumam realizar o “mutirão” de confissões, com o intuito de possibilitar que um número maior de fiéis busque o Sacramento da Confissão, pois, no mutirão, os padres das paróquias vizinhas ajudam no atendimento. Assim temos também a oportunidade de confessores extraordinários. Procure se informar em sua paróquia sobre quando acontecerá o mutirão de confissão e busque o sacramento para a Páscoa.
Ao contrário do que alguns pensam, o tempo da Quaresma não é um período triste ou de luto, mas um período de recolhimento e penitência. Não podemos confundir penitência e recolhimento com tristeza, mas, principalmente após a confissão, o nosso coração deve se encher de alegria. Ao longo do período quaresmal, somos convidados a ir ao deserto com Jesus e a vencer as tentações. Recordamos também os quarenta anos em que o povo de Deus peregrinou no deserto até chegar à Terra Prometida, tendo a Arca da Aliança à frente.
O sentido de irmos ao deserto é penitencial: um tempo para nos encontrarmos com Deus, e é isso que fazemos no tempo quaresmal. Quando realizamos a procissão ao longo desse tempo da Quaresma, recordamos o que o povo de Deus fez no deserto e nos colocamos a caminho, ao encontro do Senhor. A procissão tem um sentido penitencial; tenhamos isso em mente ao longo desse tempo quaresmal e nos preparemos a cada dia para a Páscoa do Senhor, pedindo o perdão de nossos pecados, buscando a confissão e rezando uns pelos outros.
Por isso, a confissão é um passo importante para celebrarmos a Páscoa, pois, na Vigília Pascal, no Sábado Santo, renovamos as promessas do Batismo e somos purificados completamente de todos os pecados. Somos convidados a iniciar a Quaresma de uma maneira e chegar à Páscoa de outra. Temos que “morrer” para o pecado e “ressurgir” para uma vida nova na Páscoa. Dessa forma, a Igreja recomenda que, ao menos uma vez por ano, por ocasião da Páscoa do Senhor, realizemos nossa confissão sacramental.
A confissão nos ajuda a celebrarmos com alegria a Páscoa do Senhor. É preciso, a cada ano, nos confessarmos para não acumular os pecados e cumprir aquilo que a Igreja nos orienta. Quando o sacerdote nos acolhe na confissão, é como se o próprio Cristo estivesse nos acolhendo, pois o padre, naquele momento do sacramento, é o representante de Cristo. Ele vai nos acolher com misericórdia e dar o seu perdão. Aproveitemos que ainda estamos no Ano Jubilar da Esperança e da Misericórdia e nos confiemos à misericórdia do Senhor.
Busquemos a confissão sacramental em vista da preparação para a Páscoa. Procuremos, ao longo desse tempo da Quaresma, os horários de confissão na paróquia e informemo-nos do dia e horários do mutirão de confissão. Sobretudo, se faz bastante tempo que não se confessam, eis o tempo oportuno para procurar a reconciliação com Deus. Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação. Dias 28 e 29 de março, teremos também a oportunidade das “24 horas para o Senhor”, com o tema: “Tu és minha esperança”, que conta com momentos de confissões e orações, nos ajudando a chegar ao domingo Laetare, da alegria, deste tempo da Quaresma.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ