O mês de outubro é marcado por dois momentos importantes na vida da Igreja: o encerramento do Tempo da Criação e a memória dos grandes missionários. Iniciado no dia 1º de setembro, o Tempo da Criação encerrou-se no dia 4 de outubro, na memória litúrgica de São Francisco de Assis. A vida do nosso querido e admirado santo continua a ter um significado importante para os dias atuais.
Três testemunhos de sua vida continuam nos inspirando, mesmo depois de 800 anos de história.
O primeiro: a simplicidade e o despojamento, tão necessários no mundo complexo de hoje, marcado pelo consumismo e apego aos bens materiais.
O segundo: o seu apelo pela paz, tão inspirador neste mundo cheio de conflitos, guerras e polarizações.
O terceiro: a sensibilidade com a natureza, onde todas as criaturas, além de refletirem a beleza e a singularidade do Criador, são consideradas irmãs e irmãos do ser humano.
São Francisco de Assis viveu aquilo que gostaríamos hoje de viver, ou seja, uma visão integradora entre o teológico, o social e o ambiental. O seu exemplo nos estimula a cuidar melhor da Criação, preservar a natureza e realizar ações sustentáveis.
Nesse Tempo da Criação, a nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro, por meio do Vicariato do Meio Ambiente e Sustentabilidade, realizou algumas atividades, entre elas a inauguração do jardim de plantas bíblicas na Catedral Metropolitana de São Sebastião e o plantio de várias espécies da Mata Atlântica na área da casa de encontros no Sumaré — atividade realizada pelos bispos da Regional Leste 1 e no encerramento do Congresso Internacional de Direito Canônico.
No dia 4 de outubro, Dia de São Francisco de Assis e encerramento do Tempo da Criação, houve uma missa ecológica na Capela Laudato Si’, no Monumento Cristo Redentor. Na oportunidade, foram homenageados três pesquisadores que prestam relevantes serviços em projetos de restauração ambiental e pesquisas na Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro. Também nesse dia foi apresentado, pelo padre Omar Raposo, o Plano de Gestão Ambiental do Santuário Cristo Redentor — um compromisso da Igreja local com a sustentabilidade socioambiental.
Para motivar a nossa missão neste mês missionário de outubro, a liturgia procura trazer à memória o exemplo de santos e santas que viveram aquilo que Jesus Cristo pediu a todos nós: “Ide pelo mundo todo e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). São homens e mulheres que fizeram a diferença pela ousadia, coragem e testemunho de vida e fé.
As duas celebrações marianas — Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora Aparecida — nos recordam a figura da Virgem Maria, missionária que ouviu a Palavra de Deus e a colocou em prática.
As duas doutoras da Igreja, Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Teresa d’Ávila, são exemplos de uma mística de simplicidade e profundidade no amor a Cristo e à Igreja. Como modelo de mãe e esposa, Santa Edwiges é lembrada no catolicismo popular. Na difusão da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, a pessoa de Santa Margarida Maria Alacoque é venerada.
Não poderia ser diferente no universo masculino, onde São Francisco de Assis, São Benedito, São Calixto, São Bruno, Santo Antônio Maria Claret, São Geraldo Majella, Santo Afonso Rodrigues, Santo Antônio Galvão, São João Paulo II, São João XXIII, São Lucas, São Judas Tadeu e São Simão, entre outros, são exaltados pelo testemunho que deram, em obras e palavras, do seguimento de Jesus Cristo, entregando suas vidas em prol do Reino de Deus.
Que possamos aproveitar a riqueza deste mês missionário para cuidar melhor das pessoas e do meio ambiente, promovendo a cultura da paz e rezando pelas necessidades da Igreja, da sociedade e das pessoas mais pobres e vulneráveis.
Padre Josafá Carlos de Siqueira SJ – Vigário Episcopal para o Meio Ambiente e Sustentabilidade.