Uma só alma, uma só voz: A Juventude do Papa em Roma

“Esta es la juventud del Papa!” — O mesmo coro que escutávamos há doze anos nas ruas de Copacabana ressoava, na última semana, nas ruas de Roma. O Jubileu Ordinário de 2025, que traz como tema central a virtude teologal da esperança, foi celebrado pela juventude católica oriunda das mais diversas partes do mundo, em comunhão com o Papa Leão XIV, de 29 de julho e 3 de agosto.

“Peregrinos de Esperança”, esta é realmente uma definição adequada para os jovens que, em multidões, tomaram as ruas da Cidade Eterna nesses dias. As diferentes línguas e culturas cantando e rezando numa só voz recordavam a passagem de Atos dos Apóstolos: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (At 4,32). Estávamos unidos pelo vínculo do amor de Cristo. E esse amor manifestava-se especialmente numa sincera devoção ao Sucessor de São Pedro. Em diferentes momentos, espontaneamente, ouvia-se um coro entoar “Papa Leone!” e, quando nos dávamos conta, eram centenas de milhares de jovens a repeti-lo em harmonia.

Nesse sentido, há que se destacar um momento de grande emoção. A Santa Missa de abertura, presidida por Dom Rino Fisichella, pró-prefeito para o Dicastério para Evangelização, foi celebrada na noite do dia 29 de julho. A Praça de São Pedro estava repleta até a famosa “Via della Conciliazione”. Após o término da Missa, porém, Dom Fisichella deu um aviso que foi motivo de grande alegria para todos: “Agora, não vais embora, pois o Santo Padre vos fará uma surpresa: vem saudar-vos!”. Enquanto o povo cantava, surgiu o papamóvel trazendo o Vigário de Cristo, que os jovens tanto ansiavam ver! O Papa fez questão de percorrer todos os cantos da Praça até a Via della Conciliazione. Dirigiu-se até o altar montado em frente à Basílica e, de lá, proferiu as palavras que deram o tom deste Jubileu dos Jovens: “Esperamos que sejais sempre sinais de esperança no mundo! Hoje estamos a começar. Nos próximos dias, tereis a oportunidade de ser uma força que pode levar a graça de Deus, uma mensagem de esperança, uma luz à cidade de Roma, à Itália e ao mundo inteiro.”

Uma preocupação esteve presente em todos os discursos deste Jubileu: a paz no mundo. Ali, na Praça de São Pedro, unida ao Papa, a juventude católica bradou: “Queremos a paz no mundo!”. Grupos oriundos de zonas de guerra, especialmente da Ucrânia e da Palestina, estavam presentes, o que nos parecia indicar nitidamente nossa missão enquanto cristãos num mundo envolto pela treva da guerra: “Vós sois o sal da terra \[…] Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13-14). E o desejo expresso pelo Santo Padre era que, justamente, o entusiasmo dessa juventude cheia de esperança fosse ouvido até os confins da terra.

Paradoxalmente aos hinos e aos gritos da multidão, foi mais impressionante o silêncio que, por vários momentos, se estabeleceu. A belíssima Vigília em Tor Vergata, na periferia de Roma, já contava com uma quantidade surpreendente de participantes, e o silêncio adorador parecia fazer com que se reduzisse ao encontro de duas pessoas: Jesus e cada jovem.

Esta experiência estendeu-se também para a Santa Missa, na presença de um milhão de pessoas. Durante a homilia, o Papa recomendou-nos os exemplos dos beatos que serão canonizados no próximo dia 7 de setembro, Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati: “Onde quer que estejais, aspirai a coisas grandes, à santidade. Não vos contenteis com menos”. E, para alcançar esta meta, deixou-nos um programa eficaz de santificação: “Oração, adoração, Comunhão eucarística, confissão frequente e caridade generosa”.

A música litúrgica, regida por monsenhor Marco Frisina e executada por orquestra e coro da Diocese de Roma, conduzia a solenidade e a alegria daquele encontro. Após a Sagrada Comunhão, o Santo Padre e um milhão de pessoas estavam em um silêncio tão profundo que só se podia escutar os sons de carros e sirenes à distância.

Viver esta experiência inesquecível na companhia de irmãos seminaristas e de sacerdotes da nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro tornou tudo mais marcante. Para mim e, certamente, para muitos outros, serviu como um verdadeiro renovo vocacional. Isso sem contar as numerosas vocações que devem surgir a partir desse encontro! Tudo isso só nos leva a repetir o que lá tantas vezes se ouviu, como testemunho para o mundo: “Esta é a juventude do Papa!”, que, em outras palavras, quer dizer: “Esta é a juventude que pertence a Cristo Jesus!”

 

Rennan Nazar

Seminarista do 3º ano de Teologia

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