3° Domingo da Quaresma

O Senhor é bondoso e compassivo (Sl 102, 103)

 

Celebramos, neste domingo, o terceiro do tempo quaresmal. Podemos dizer que estamos na metade desse tempo de graça, realizando nosso retiro espiritual em preparação para a Páscoa. Ao longo desse período, somos chamados a uma sincera conversão do coração, a nos arrepender de nossos pecados e a procurar o Sacramento da Reconciliação.

Conforme nos diz a oração da coleta da missa de hoje, que, através dos exercícios espirituais deste tempo – oração, jejum e caridade –, possamos vencer todo o mal e todo o pecado e ser alcançados pela misericórdia do Senhor. Do mesmo modo que o filho pródigo, voltemos para a casa paterna. Deus está sempre de braços abertos para nos acolher. Ele nunca se esquece de nós; somos nós que nos esquecemos d’Ele. Deus nunca se cansa de nos perdoar; somos nós que nos esquecemos de pedir perdão. No próximo final de semana, iremos ter as 24 horas para o Senhor, em sua XII edição, como tema: “Tu és a minha esperança” – com oportunidades de confissão em nossas dioceses.

Ainda há tempo para procurar o Sacramento da Reconciliação. Estamos iniciando a terceira semana da Quaresma. Informe-se em sua paróquia sobre a realização do mutirão de confissão ou sobre os horários em que o padre estará disponível para atender as confissões. Com certeza, após a confissão, a alegria do perdão tomará conta do seu coração e acolhido com carinho por Deus. É claro que a confissão precisa ser sincera e acompanhada do desejo de buscar uma mudança de vida e a conversão.

Que a partir da Palavra que iremos ouvir neste domingo e da Eucaristia que iremos comungar, possamos produzir bons frutos por onde passarmos. A Quaresma nos chama a cortar o mal pela raiz e a produzir frutos de bondade, mansidão, paz e justiça, ou seja, a praticar tudo aquilo que advém do Reino de Deus. Por isso, o convite na Quarta-feira de Cinzas: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Os frutos da conversão vêm a nós por meio do Espírito Santo. Que Ele direcione nossos caminhos e nos faça celebrar verdadeiramente a Páscoa.

A primeira leitura da missa deste domingo é do livro do Êxodo (Ex 3, 1-8a. 13-15). O trecho apresenta o episódio da sarça ardente. Moisés fica encantado com o que via e com o fato de o fogo não se consumir. O Senhor lhe ordena que tire as sandálias dos pés, pois o lugar onde ele pisava era santo. Deus viu o sofrimento do povo no deserto, libertou-os da escravidão e os conduziu à Terra Prometida. Moisés tornou-se o portador da mensagem de Deus e anunciou ao povo que o Senhor os libertaria da escravidão. Moisés transmitiu ao povo que Aquele que existe desde sempre os libertaria, e somente a Ele deveriam prestar culto, e a nenhum outro.

Por isso, o significado da Páscoa, para os judeus, remete à passagem do povo de Deus do deserto para a Terra Prometida, da escravidão para a liberdade. Para nós, católicos, essa passagem ganha um novo significado: é a passagem da morte para a vida, por meio da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Salmo responsorial é o 102 (103), que tem como refrão: “O Senhor é bondoso e compassivo”. Ele perdoa toda a nossa culpa e acolhe, com carinho, o pecador que se arrepende de seus pecados. Podemos cair muitas vezes, mas, se nos arrependermos de coração sincero, o Senhor nos acolhe e perdoa nossas faltas. Este é o tempo propício para voltarmos ao Senhor de todo o coração. Ele é bondoso e compassivo, pois não nos julga na mesma proporção de nossas faltas.

A segunda leitura é da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 10, 1-6. 10-12). Paulo recorda à comunidade e a nós, hoje, o que aconteceu ao povo de Deus: como Ele os libertou do Egito e como Moisés os guiou, a pé enxuto, pelo Mar Vermelho. No entanto, muitas vezes, o povo de Deus murmurava contra Ele, mesmo após a libertação. Era um povo de cabeça dura. Paulo alerta a comunidade de Corinto e a nós, hoje, para não repetirmos esse erro, mas, sim, para sermos sempre agradecidos a Deus.

O Evangelho deste domingo é de Lucas (Lc 13, 1-9). No trecho, algumas pessoas trazem notícias a Jesus sobre alguns galileus que Pilatos mandou matar e cujo sangue foi misturado aos sacrifícios que ofereciam. Jesus responde que eles não eram mais pecadores do que os outros e adverte: “Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo”.

Todos nós somos pecadores e, por isso, não podemos julgar ou condenar ninguém. Não temos esse direito. Antes, devemos olhar para nós mesmos, nos arrepender de nossos pecados e nos converter, para merecermos a vida eterna. Como já dissemos, o tempo da Quaresma é propício para a conversão. Olhemos para nós mesmos, sem julgar os outros, e nos arrependamos de nossos pecados, para sermos merecedores da vida eterna.

Jesus ainda conta a parábola da figueira. Há três anos que estava plantada e não produzia frutos. O dono da figueira ordena ao empregado que a corte. No entanto, o empregado pede para esperar mais um pouco, prometendo cavar ao redor e adubar a figueira. Se, ainda assim, ela não desse frutos, então poderia ser cortada.

Podemos interpretar que o dono da figueira representa Deus, e nós somos essa figueira. Somos chamados a produzir frutos durante a nossa vida: frutos de esperança, paz, justiça e caridade. Precisamos dar frutos que nos aproximem de Deus e nos conduzam à salvação eterna. Não podemos permitir que o dono da figueira a corte. Não podemos ser inúteis, apenas ocupando a terra; devemos produzir sempre frutos, para que o Senhor não nos corte.

Celebremos com alegria este terceiro domingo da Quaresma, e que o Espírito Santo nos oriente neste caminho de conversão, para produzirmos frutos de fé, esperança e caridade. Amém.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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