“O povo tem correspondido, e a paróquia voltou a ser referência de fé e de caridade. Hoje somos uma igreja viva, aberta e missionária, que tem feito diferença na vida das pessoas da Piedade”, diz padre Paulo Diego.
Há seis meses à frente da Paróquia Santa Cruz do Senhor, em Piedade, o padre Paulo Diego Braga da Silva tem experimentado uma intensa caminhada de renovação pastoral e espiritual na comunidade. O sacerdote, que assumiu a paróquia em maio deste ano, afirma que encontrou uma realidade marcada pela carência da presença mais próxima do padre, mas que aos poucos vem sendo transformada pela reorganização da vida litúrgica, missionária e social.
Segundo o sacerdote, “o primeiro ponto foi perceber que os fiéis estavam muito carentes da presença de um pároco, no sentido de se colocar à disposição para os atendimentos e celebrações de missa”. Logo que chegou, reorganizou os horários. “Só havia missa aos domingos, em um único horário, e na primeira sexta-feira do mês. Hoje temos missa de segunda a segunda, com exceção da terça, que é meu dia de folga, e cada celebração tem um tema específico para que as pessoas possam se identificar”, explicou.
Entre as novidades, o pároco destacou a Missa da Esperança, rezada pelas almas dos fiéis, e a Missa das Famílias, na qual, semanalmente, uma família é escolhida para levar a imagem da Sagrada Família para casa, acompanhada de um roteiro de oração. “Às quintas-feiras celebramos a missa com a bênção do Santíssimo. Já as sextas têm dinâmicas diferentes: a primeira é a missa do Apostolado da Oração, a segunda é dedicada aos enfermos, idosos e doentes, a terceira é celebrada com confraternização, e a última sempre conta com a bênção da relíquia da Santa Cruz, deixada como presente à paróquia pelo padre Eduardo, meu antecessor.”
A relíquia ocupa hoje um espaço de destaque dentro do templo. “Consegui colocar a relíquia abaixo da cruz principal da igreja, em um espaço com redoma de vidro e iluminação, para que todos possam venerar o lenho da cruz. É uma graça que nós temos”, ressaltou o padre.
A pastoral com as crianças também ganhou novo impulso. “Começamos a pré-catequese, que não existia, e logo tivemos grande procura. No sábado, os encontros acontecem às 14h30 e terminam com a Missa das Crianças, às 16h. É uma celebração com dinâmica própria, pensada para elas, em um horário que termina cedo, possibilitando que voltem tranquilas para casa.” Dessa experiência surgiu também a renovação da Pastoral dos Coroinhas. “Quando cheguei, só havia duas crianças e três cerimoniares. Hoje temos 20 coroinhas em estágio, que serão investidos no domingo, dia 5 de outubro.”
As celebrações dominicais mantiveram o horário tradicional das 9h da manhã, mas com linguagens adaptadas aos diferentes públicos. Um domingo por mês, a missa é a chamada Missa da Vitória, com adoração ao Santíssimo e momentos mais intensos de oração.
Além da vida litúrgica, melhorias estruturais também marcaram este período. “Conseguimos pintar toda a fachada com doações de amigos e colocamos placas de identificação nos espaços internos, como secretaria, sala de atendimento e capela do Santíssimo. Também instalamos placas de sinalização nas ruas próximas, porque antes as pessoas não sabiam nem o nome da igreja, já que não havia identificação na fachada.”
A Capela do Santíssimo, antes usada como depósito, foi totalmente reformada e reinaugurada no dia da posse do pároco. “Esse foi o primeiro passo dado: oferecer um espaço adequado para a oração silenciosa. A reinauguração aconteceu no dia 3 de maio, presidida por Dom Roque Costa Souza, já que Dom Orani estava em viagem pelo Consistório. Foi um momento muito especial.”
O bairro da Piedade, marcado por desafios sociais, também tem experimentado uma maior proximidade da Igreja. “Graças a Deus, a situação melhorou muito. Não há mais barricadas na frente da igreja e as pessoas se sentem mais tranquilas para participar. Colocamos as missas em horários que terminam cedo, como às 18h durante a semana, às 9h na sexta-feira, às 16h no sábado e às 9h no domingo. Isso dá segurança para o retorno das famílias.”
Outra frente resgatada foi a das festas e manifestações de fé populares. “Voltamos com procissões, carreatas e almoços comunitários. Tivemos a Festa da Santa Cruz, que mobilizou todo o bairro, e isso ajudou a motivar as pessoas a retornarem à vida paroquial. A presença da Igreja na rua tem trazido paz para a comunidade e mostrado que estamos aqui não apenas para celebrar, mas também para evangelizar e ajudar na caridade.”
No dia 19 de julho, a paróquia promoveu a Festa Julina, das 15h às 20h, e contou com grande participação dos moradores do bairro e também de comunidades vizinhas. Para acolher o público, além do salão e do pátio, a própria rua em frente à igreja foi utilizada como espaço de convivência e integração.
Todas as pastorais da paróquia se envolveram na organização, assumindo barracas de comidas típicas e brincadeiras, o que “garantiu um clima de união e trabalho conjunto”, destacou o pároco. Foi um dia que atraiu a presença de pessoas do morro, da paróquia e também das comunidades vizinhas.
“A festa foi marcada por muita animação, música ao vivo, atividades para as crianças e a alegria característica das tradições juninas e julinas, reforçando o espírito comunitário e missionário da paróquia”, disse o pároco.
As ações sociais foram intensificadas. “Entregamos cestas básicas, doces e brinquedos para mais de 400 crianças nas festas de São Cosme, São Damião e São Vicente de Paulo. Promovemos atendimentos de saúde com corte de cabelo, aferição de pressão, exames de glicose, vacinação contra gripe, Covid e hepatite. Tivemos ainda a presença de psicólogo, dentista, nutricionista e barbeiro. Foi um trabalho em conjunto com a Clínica da Família do bairro, que se colocou à disposição para colaborar.”
Para o padre Paulo Diego, o retorno dos fiéis é visível. “Aos poucos a igreja tem voltado a ser o que sempre foi: uma comunidade viva. Durante um tempo as pessoas tinham medo de vir, mas agora estão se sentindo à vontade e animadas para participar. Talvez estejam matando a sede que guardaram por muito tempo e que hoje encontram aqui, em uma paróquia que se tornou um canal de esperança e motivação.”
Ele reconhece que essa vitalidade só é possível graças à colaboração dos leigos. “Não é só a presença do padre que faz diferença. Os leigos que algum dia foram tocados por Deus agora têm papel fundamental na evangelização. Precisamos de uma Igreja missionária em saída, como pediu Dom Roque na minha posse e na visita pastoral. É preciso alcançar também os que vivem no alto do Morro do Urubu e em tantas ruas do bairro.”
A primeira festa do padroeiro titular da paróquia – Santa Cruz do Senhor – organizada pelo padre Paulo Diego, foi realizada no dia 14 de setembro, quando a Igreja celebra a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Padre Paulo Diego e a comunidade paroquial receberam a visita do arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, que presidiu a Santa Missa.
O dia festivo começou com o badalar dos sinos às 8h, seguido da oração de Laudes às 8h30 e do Santo Terço meditado às 9h. Às 9h45, Dom Orani fez sua entrada solene, conduzindo em seguida a celebração da missa solene, às 10h. Após os ritos, a programação continuou com um almoço comunitário e uma confraternização que “reuniu paroquianos e visitantes ao longo da tarde, coroando um momento de fé, unidade e renovação para toda a comunidade”, destacou o pároco.