No último dia 3 de outubro, a Insigne Colegiada de São Pedro celebrou uma dupla ocasião de grande importância: os 106 anos de sua fundação como cabido coral e os dois anos da investidura dos atuais cônegos. A celebração em ação de graças foi presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, na Capela do Palácio São Joaquim, no bairro da Glória.
Segundo o presidente da Colegiada, cônego Valtemário Silva Frazão Junior, a data marca a continuidade de uma tradição centenária ligada à história religiosa da cidade. “Tivemos a alegria de celebrar os 106 anos da Insigne Colegiada de São Pedro, que é constituída pelos cônegos de São Pedro e também pelos seus mancionários”, afirmou.
A origem da colegiada remonta ao século XIX, quando um casal de leigos fundou o Coro de São Pedro, dentro da Irmandade do Príncipe dos Apóstolos São Pedro. “Quando foi fundado, já tinha por objetivo tornar-se posteriormente um cabido de cônegos, porém um cabido coral, visto que existe a diferença entre cabido catedrático e cabido coral. Nosso cabido é um cabido coral”, explicou o cônego Valtemário.
O reconhecimento oficial veio em 1919, quando a Irmandade e a Arquidiocese do Rio de Janeiro solicitaram ao Papa Bento XV a elevação do coro à condição de cabido. “O Papa Bento XV constitui, em 1919, a Insigne Colegiada de São Pedro como um cabido coral. E de lá pra cá, ela teve por missão manter e promover o culto na Igreja Colegiada de São Pedro, sede da Irmandade de mesmo nome.”
Com o tempo, no entanto, o cabido foi perdendo membros e ficou inativo. “Os bispos do Rio deixaram de nomear novos cônegos. E assim o cabido acabou por ficar inativo”, relembrou. A reativação só veio recentemente, por iniciativa do atual arcebispo. “Dom Orani, depois de uma ampla consulta aos órgãos consultivos da Arquidiocese, decide reativar a Insigne Colegiada, com a nomeação de novos cônegos e também de novos mancionários.”
A nova fase do cabido veio com uma missão ampliada. Além de manter a liturgia coral, os cônegos passaram a assumir responsabilidades pastorais, especialmente com os padres idosos e enfermos da Casa do Padre. “Assim, um dos cônegos foi feito capelão da Casa do Padre, que é o cônego Vicente de Freitas. A Colegiada assumiu também a direção administrativa da casa.”
Nesses dois anos desde a reativação, a atuação da colegiada tem sido marcada pelo zelo e dedicação. “Temos nos empenhado em melhorar as condições e instalações da Casa do Padre, assim como ter uma atenção mais dedicada para com os padres mais enfermos, mais debilitados e idosos”, afirmou o presidente. Ele destacou ainda que os membros se reúnem mensalmente para a celebração coral da Liturgia das Horas na Igreja de São Pedro, seguida de reuniões administrativas.
A escolha do Palácio São Joaquim para a celebração deste ano teve um forte simbolismo. “Resolvemos celebrar o nosso aniversário na casa do arcebispo do Rio, que é no Palácio São Joaquim, o que é muito simbólico, pois estreita cada vez mais os laços do Cabido de São Pedro com o nosso arcebispo diocesano”, explicou cônego Valtemário. No ano anterior, a celebração ocorreu no Santuário Cristo Redentor, onde atua o cônego Omar, também membro da colegiada e reitor do santuário.
Com uma história rica e uma missão renovada, a Insigne Colegiada de São Pedro segue reafirmando sua importância na vida eclesial da Arquidiocese do Rio de Janeiro, unindo tradição litúrgica e cuidado pastoral.
Carlos Moioli