Venerada há 312 anos pelo povo carioca, Santa Rita de Cássia tornou-se a padroeira do centro da cidade do Rio de Janeiro, o núcleo histórico e o coração da Cidade Maravilhosa. O Dia de Santa Rita, a ser comemorado a cada ano em 22 de maio, e agora incluído no calendário oficial da cidade, foi outorgado pela Câmara Municipal por meio do Projeto de Lei nº 369/2021.
A entrega do decreto aconteceu durante missa solene da padroeira da Paróquia Santa Rita, no Centro, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, na manhã do dia 22 de maio. Devotos, que encheram a matriz tricentenária, acompanharam a celebração, segurando flores, a maioria, rosas vermelhas, símbolo devocional e de súplica a Santa Rita.
Na companhia dos padres Abimar Oliveira de Moraes e Marcelo Antonio Ribeiro do Nascimento, e do diácono Adahil Rodrigues de Morais, o pároco, padre Wagner Toledo Moreira, acolheu a todos e conduzindo-os a rezar.
“Rita, sois dos impossíveis! Sois de Deus muito estimada! Sede minha Protetora e Advogada, ó Santa Rita, Bem-aventurada!”
Ao acolher Dom Orani, o pároco, padre Wagner Toledo, fez memória das datas comemorativas e da continuidade da missão paroquial sob a intercessão de Santa Rita, e destacou a alegria em abrir as portas da igreja, após dois anos de limitações por causa da pandemia, para receber os devotos, que também concretizam a devoção, de forma permanente, com a partilha de seus bens com os mais necessitados.
“Louvamos a Deus por celebrar os 312 anos de devoção da chegada do quadro da imagem de Santa Rita, início da devoção no Brasil, os 302 anos de construção do templo e os 271 anos da instalação como paróquia. Por ser também um tempo de missão, neste ano, refletimos no novenário da padroeira o lema: “A exemplo de Santa Rita de Cássia, busquemos viver com sabedoria e ensinar com amor”, em sintonia com a Campanha da Fraternidade de 2022 que abordou sobre a educação. Nossa gratidão, por último, por Santa Rita de Cássia ser declarada padroeira do centro da cidade”, disse padre Wagner Toledo.
Mulher forte e de fé
Na homilia, Dom Orani observou que o povo tem uma devoção especial por Santa Rita de Cássia, tanto que na arquidiocese há seis paróquias a ela dedicadas, porque a sua história é conhecida e muitos se identificam com a sua vida de filha esposa, mãe, viúva, religiosa e doente.
“Santa Rita é uma mulher forte e de fé. Longe de desanimar, enfrentou as dificuldades de sua vida com firmeza, coragem e perseverança. Passados tantos séculos, sua vida e testemunho de fé servem para nós como exemplo, além de ser nossa intercessora junto do Senhor, de quem ela soube amar, confiar e depositou suas esperanças. Que ela nos ajude a viver a vida cristã com autenticidade e interceda pelas nossas necessidades”, disse.
O arcebispo lembrou que assim como Santa Rita de Cássia, os santos e santas, independente das épocas que viveram ou das situações com que passaram, são sinais de Deus e que convidam os cristãos a seguir o caminho da conversão, da santidade e do encontro com o Senhor.
“A vida dos santos é a concretização da pregação do Evangelho. É o Evangelho vivo. Os tempos em que eles viveram são diferentes, mas o Evangelho é o mesmo que transforma corações e ilumina a vida”, disse.
Dom Orani destacou que os cristãos, cada um com a sua história, também podem enfrentar os mesmos problemas com que passou Santa Rita de Cássia, porque eles continuam atuais, assim como permanecem os exemplos de sua vida de fé.
“Santa Rita de Cássia conseguiu vencer suas dificuldades porque teve a coragem de abrir-se à graça de Deus e deixar sua vida ser conduzida por Ele. Tudo é possível para quem faz a experiência do amor de Deus na sua vida, a ponto de colher rosas em pleno inverno. Esse episódio de sua vida é algo inconcebível para a meteorologia de seu tempo e de onde vivia, mas aconteceu por vontade de Deus. Também nós podemos ter dificuldades, mas temos a certeza que somos amados por Deus”, completou o arcebispo.
Na conclusão da homilia, à luz do 6º Domingo da Páscoa, Dom Orani convidou a todos para ser uma Igreja viva, que nasce do alto, de Deus, da ação do Espírito Santo, para impulsionar o anúncio de que Deus enviou seu Filho para a salvação de todos.
“O mundo tem suas transformações, mas a Igreja, pela ação do Espírito Santo, nos faz olhar, compreender e encontrar caminhos para anunciar o Evangelho. Diferente de provocar o mal, as más notícias, as falsidades e guerras, inclusive por meios digitais, precisamos contagiar o mundo com o perdão, a reconciliação, a fraternidade e a presença de Deus no meio de nós. Isso é divino”, finalizou.
Padroeira do centro da Cidade
No final da celebração, o vigário paroquial, padre Abimar, fez memória da coleta de assinaturas, iniciada na festa da padroeira do ano passado, para que Santa Rita fosse declarada padroeira do centro da Cidade, de acordo com que prescreve a Lei Nº 5.146, de 2010.
Em seguida, convidou o autor do projeto, o vereador Rafael Aloisio Freitas, para explicar o processo e a entregar o documento nas mãos de Dom Orani.
“Apresentamos o projeto na Câmara, junto com o coautor, o presidente da Câmara dos Vereadores, Carlos Caiado, e o mesmo foi aprovado e sancionado pelo prefeito Eduardo Paes. Definido como lei, fica o dia 22 de maio estabelecido no calendário oficial da cidade do Rio de Janeiro, que passará a dar o suporte necessário para a realização da festividade. Santa Rita já era de fato a padroeira do centro da cidade, mas agora é de lei”, disse o vereador Rafael Aloisio.
Na conclusão, Dom Orani deu bênção especial com a relíquia de Santa Rita de Cássia, e aspergiu água benta nos devotos, a conhecida “Bênçãos das Rosas”.
Texto e fotos: Carlos Moioli