Celebramos neste final de semana, junto com a conclusão do Ano da Família Amoris Laetitia e com o X Encontro Mundial das Famílias, o décimo terceiro domingo do Tempo Comum. Estamos chegando ao fim desse mês de festejos juninos (dia 23 ou 24 temos São João Batista) e dos diversos santos que celebramos nesse mês do Sagrado Coração de Jesus (dia 24). No próximo dia 29, ainda celebraremos as festas de São Pedro e São Paulo, embora liturgicamente essa comemoração solene seja transferida para o domingo seguinte aqui no Brasil. Ao celebrarmos o Tempo Comum, acompanhamos Jesus em sua vida pública e anunciando o Reino de Deus. Que esse Reino de Deus possa acontecer agora e tenhamos mais paz, amor e justiça no mundo.
A cada domingo, nos reunimos para celebrarmos a paixão, morte e ressurreição de Jesus. O caminho do cristão é exigente e nem sempre é fácil, mas o caminho se tornará mais fácil à medida em que nos aproximarmos do Senhor e termos intimidade com Ele através da oração. A cada domingo que nos alimentamos da Palavra e da Eucaristia, teremos forças para vencer os obstáculos que possam aparecer.
O “sim” dado a Deus tem que ser verdadeiro e inteiro, ou seja, temos que servir a Deus de forma integral, não podemos servi-Lo e ter outras preocupações ou afazeres no coração. Somos chamados a colocar Deus em primeiro lugar. Todos os domingos são dias de irmos à celebração Eucarística, e não podemos colocar outras obrigações à frente. O domingo tem que ser dedicado ao Senhor – Dia da Eucaristia. Comungando todos os domingos, teremos forças para enfrentar as dificuldades que possam aparecer durante a semana.
A primeira leitura deste domingo é do primeiro livro dos Reis (1Rs 19, 16b. 19-21). Nessa leitura do livro dos Reis, o Senhor pede a Elias que vá ungir Eliseu, filho de Safat, como profeta em seu lugar. Elias encontra Eliseu lavrando a terra, junto com 12 juntas de bois, e ele mesmo conduzia a última. Com isso, Elias lança a rede, Eliseu pede um tempo para que vá se despedir de seus pais e imola a junta de bois. Dá de comer a sua gente e, então, começa a seguir Elias. Essa leitura mostra que Deus escolhe para o Seu serviço qualquer pessoa, não importa se seja rico ou pobre, inteligente ou não, ou que seja solteiro ou casado. Ele escolhe aquele que tenha bom coração, que seja justo e que tenha caridade com o próximo e, ainda, aquele que está disponível para servi-Lo. Por isso, Ele conta com cada um de nós para o seu serviço, cabe a nós dar o “sim”.
O Salmo responsorial é o 15(16). O refrão do salmo nos diz: “Ó Senhor, sois minha herança e minha taça”. Somos herdeiros da graça de Deus, do mesmo modo que Ele escolheu o povo de Israel, hoje Ele nos escolhe e quer fazer a aliança conosco. Cabe a nós sermos fiéis a essa aliança, ouvindo a sua palavra e seguindo os seus caminhos.
A segunda leitura é da Carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 5, 1.13 -18). São Paulo diz para a comunidade que é para a liberdade que Cristo nos libertou. Não devemos nos tornar escravos novamente. Cristo uma vez por todas nos libertou das amarras do pecado e nos salvou morrendo na cruz. Devemos pedir ao Espírito Santo a graça de vivermos uma vida reta, longe dos vícios, das paixões desordenadas e do pecado, e assim não nos tornarmos escravos dele. Em Deus nós somos livres, por intermédio de Jesus Cristo.
O Evangelho é de São Lucas (Lc 9, 51- 62). Esse trecho do Evangelho relata momentos antes da entrega total de Jesus por nós na cruz e Ele estava prestes a entrar em Jerusalém. Ele envia mensageiros a sua frente, a fim de preparar a sua chegada. Os mensageiros entraram num povoado onde havia samaritanos, para preparar hospedagem para Jesus. Mas os samaritanos não o receberam, deduzindo que Jesus ia mais adiante.
Diante desse fato, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los”? (Lc 9,54). Jesus, porém, volta-se contra eles e repreende-os, e partiram para outro povoado.
Enquanto caminhavam, alguns na estrada diziam que queriam segui-Lo, mas sempre tinham um empecilho no caminho para resolverem e, depois, o segui-Lo de fato. O seguimento a Cristo deve ser uma entrega total, ou seja, nada deve nos impedir de segui-Lo. O seguimento a Cristo tem que ser por inteiro, não podemos ter outros compromissos no meio, pois não faremos bem nem a uma coisa e nem a outra, ou seja, não seguiremos bem a Cristo e não daremos a atenção devida aos nossos afazeres.
Deus está sempre nos chamando e nos quer perto d’Ele. Antes de dar o nosso “sim” por completo, devemos rezar, meditar e ver se conseguiremos servi-Lo inteiramente, sem nada nos atrapalhar. Isso vale para qualquer serviço pastoral que assumimos na igreja. Temos que nos dedicar a esse serviço, pois é Deus quem nos chama. É um serviço gratuito, mas requer compromisso e disponibilidade.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ