“Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor” (Sl 88/89)
Na Quinta-Feira Santa, pela manhã, acontece a Missa dos Santos Óleos. Nessa missa é consagrado o óleo do Crisma e abençoados os óleos catecúmenos e enfermos, além dos sacerdotes renovarem perante o bispo diocesano as promessas feitas no dia da ordenação. Essa missa é de extrema importância e traz um significado muito grande. Do mesmo modo que no Sábado Santo os fiéis renovam as promessas do batismo, nessa missa, todos os sacerdotes renovam as promessas sacerdotais. É uma maneira dos sacerdotes celebrarem de maneira renovada a Páscoa, pois durante a Quaresma os sacerdotes são convidados a se confessarem e, na Quinta-Feira Santa, renovam as promessas feitas na ordenação.
Em nossa arquidiocese será celebrada, às 9h, na Catedral Metropolitana de São Sebastião. Rezemos nesse dia por todos os sacerdotes para que se mantenham fiéis ao chamado que Deus lhes fez. Os sacerdotes precisam de muita oração para continuar a missão. O padre não se mantém sozinho, precisa da ajuda do povo, sobretudo, a ajuda que advém da oração. Rezemos para que muitos jovens se sintam atraídos e chamados a abraçar a vocação sacerdotal e que o clero seja unido na missão evangelizadora, testemunhando Jesus Cristo.
Nesse dia, é uma oportunidade de rezarmos por todos os sacerdotes e parabenizá-los por terem respondido a essa vocação. Hoje, poderia ser o Dia do Padre, pois além de renovarem as promessas sacerdotais, é o dia da instituição da Eucaristia e é por meio dos sacerdotes que a Eucaristia chega até todo o povo. Mas o Dia do Padre é em 4 de agosto, por ser o Dia de São Joao Maria Vianney, padroeiro dos sacerdotes. A Quinta-Feira Santa é um dia de alegria para toda a Igreja, pois agradecemos o dom da Eucaristia e a vocação de todos os sacerdotes.
Algumas dioceses, por questão de calendário, extensão territorial ou divisões regionais, celebram essa missa em outros dias e locais, mas na maioria dos casos, essa missa é celebrada na quinta-feira, por volta das 9h, como ocorre em nossa arquidiocese. Peçamos nessa missa que o Espírito Santo de Deus renove a Igreja e encoraje todos os sacerdotes para a missão diária. Que o Espírito Santo que vai consagrar os santos óleos faça surgir novos fiéis e que esse mesmo Espírito faça com que a Igreja continue a sua missão.
Essa missa, obrigatoriamente, é celebrada pelo bispo diocesano, pois os sacerdotes renovam perante ele as promessas sacerdotais, e o bispo consagra o óleo do Crisma que será usado não somente nas celebrações de Crisma, mas nas ordenações, também.
Peçamos ainda nessa Eucaristia, pela paz, tão necessária e urgente nos dias de hoje, que cessem as guerras e que o coração do homem se converta para Deus. Que a paz possa vir em nossa cidade e que menos vidas sejam ceifadas precocemente. Peçamos a Deus que nós, como Igreja, sejamos instrumentos de paz e que, através da Eucaristia que consagramos, tudo se faça novo a partir da ação do Espírito Santo.
A primeira leitura dessa missa é do livro do profeta Isaías (Is 61, 1-3a.6a.8b-9). O profeta diz que o Espírito Santo o conduz para a missão e para anunciar aos doentes, presos, marginalizados e todo o povo a Palavra de Deus. Por meio do Espírito Santo é possível proclamar o ano da Graça do Senhor. O Espírito Santo vai consagrar nessa missa os óleos que serão usados ao longo de todo o ano, e no Sábado Santo esse mesmo Espírito abençoará as águas do batismo e consagrará o Círio Pascal, que vai ser usado ao longo de todo o ano. Que pela ação do Espírito Santo esse ano possa ser um ano da graça do Senhor. Os sacerdotes têm as “mãos ungidas” com esse mesmo Espírito e devem abençoar o povo em nome de Deus.
O Salmo responsorial é 88 (89) e o refrão diz: “Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor”. Que possamos sempre cantar o amor de Deus, seja em nosso tempo presente aqui na terra até a eternidade. O Senhor escolheu a Davi e o ungiu com o óleo, para que a força do Senhor estivesse com ele. O mesmo acontece com os sacerdotes, são ungidos com o óleo no dia de sua ordenação para que recebam de Deus a força necessária para realizarem a sua missão.
A segunda leitura dessa missa é do livro do Apocalipse de São João (Ap 1, 5-8). Nessa leitura, João começa constatando o fato da ressurreição de Jesus e que do céu Ele intercede por todos nós. Ele é o sumo sacerdote e todos os sacerdotes agem in “persona Christi”, tudo deve ser direcionado para Ele. João ainda diz que devemos estar preparados para o dia da vinda do Senhor, pois todos O verão e o contemplarão. Jesus é o alfa e o ômega e existe desde sempre e para sempre.
O Evangelho dessa missa é de Lucas (Lc 4, 16-21). Em Jesus se cumpre a profecia de Isaías, se concretiza aquilo que ouvimos na primeira leitura dessa missa. Nesse Evangelho, Jesus apresenta o seu programa de vida, ou seja, diz o porquê Ele veio nessa terra e assumiu a condição humana. Tudo aquilo que Jesus diz nesse Evangelho se cumpriu em Sua vida e deve se cumprir na vida de todo os sacerdotes nos dias de hoje. O sacerdote deve ser sinal de esperança na vida dos fiéis.
Tudo aquilo que o padre prometeu no dia de sua ordenação, e que nessa missa fará a renovação das promessas, coloca em prática ao longo de sua vida sacerdotal. O padre deve ser testemunha de quem encontrou em Jesus Cristo a vida. O padre deve amar a todos de maneira igual, um amor que vem de Deus, sem esperar nada em troca.
Após o Evangelho, acontece a renovação das promessas sacerdotais, são perguntas que o bispo dirige aos sacerdotes e eles respondem: “Quero”. Depois, o bispo se dirige aos fiéis e diz para eles rezarem por seus sacerdotes para que eles se configurem ao Cristo Bom Pastor. Ainda, por fim, o bispo pede para que todo o povo reze por ele, para que seja fiel à missão apostólica. Depois das preces dos fiéis, acontece a bênção dos óleos dos enfermos e catecúmenos e a consagração do óleo do Crisma.
Celebremos com alegria esse dia dedicado aos queridos sacerdotes e que eles continuem caminhando sempre, tendo à frente a luz do Espírito Santo, para guiá-los nos momentos de dificuldade. Rezemos para que todos os sacerdotes sejam fiéis ao chamado que Cristo lhes fez.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ