‘Agradecemos a Deus por nos ter chamado, ungido e colocado a vocação em nosso coração’

Na Quinta-Feira Santa, marcada pela conclusão do tempo da Quaresma e início do Tríduo Pascal, o arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, presidiu a Missa do Crisma na Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro – Igreja Mãe da Arquidiocese do Rio de Janeiro –, no dia 6 de abril.

A missa da unidade arquidiocesana contou com as presenças de bispos auxiliares, eméritos, vigários episcopais, sacerdotes diocesanos e religiosos, diáconos, seminaristas, consagrados e fiéis leigos de todos os vicariatos da arquidiocese.

Na celebração, que marca a instituição do ministério do sacerdócio de Cristo, o clero renovou suas promessas sacerdotais, comprometendo-se, mais uma vez, a colocar-se a serviço de Deus e da Igreja. Também conhecida como Missa dos Santos Óleos, na ocasião também foram abençoados os óleos do Batismo e da Unção dos Enfermos e foi consagrado o óleo do Crisma. Todos eles foram distribuídos aos nove vicariatos da arquidiocese.

Na sequência, veja parte da homilia de Dom Orani: “Nesta manhã da Quinta-Feira Santa, damos graças a Deus por deixarmos nos conduzir pela ação do Espírito Santo em comunhão e unidade. Passamos três anos de maneira extraordinária, diferente, como nunca tínhamos passado – ainda não terminou, mas pelo menos amenizou – e, no entanto, a comunhão e a fraternidade prevaleceram entre nós, seja por telefone, transmissões via internet e outras maneiras. Não faltou a assistência ao nosso povo, sempre com prudência para não contagiar ninguém à época. Tivemos perdas, sim, tivemos pessoas que partiram tanto do presbitério, como também das nossas famílias, e pessoas que têm sequelas ainda hoje. Agradecemos a Deus, que nos ajudou a fazer a diferença para este mundo tão cheio de dores, dificuldades e problemas. Sabemos que a cura do ser humano, que leva a ter uma vida de fraternidade e de paz, passa pelo Evangelho. A Palavra de Deus vai nos conduzindo cada vez mais a ter um compromisso com o necessitado, o pobre, aquele que vive na injustiça. 

Nesta Quinta-Feira Santa, quando contemplamos Jesus Cristo ungido do Pai, está bem claro que Ele traz a salvação, a boa notícia para todos. Somos chamados por Deus para anunciar a vida de Jesus Cristo às pessoas. 

Renovamos nesta manhã nosso agradecimento a Deus por nos ter  chamado, ungido e colocado a vocação em nosso coração. Que a renovação das nossas promessas sacerdotais nos ajude a continuar abertos à ação do Espírito Santo e assim levar adiante a nossa missão, que às vezes é complexa, porque o mundo se transforma com antivalores.

Ao renovar os nossos compromissos sacerdotais, olhamos a nossa história, agradecemos e comprometemos-nos  ainda mais a continuar unidos na fraternidade e a fazer a nossa parte. 

Ao vermos também a bênção e a consagração dos santos óleos, recordemos também dessa comunhão. É o mesmo óleo que será utilizado em todas as celebrações de toda a nossa arquidiocese, neste ano, mostrando o bem dessa comunhão até mesmo física, com o mesmo óleo que vai ser distribuído em todos os lugares. Que assim seja também a nossa vida de comunhão, de unidade, de pedir ao Senhor que retire de nós todas as situações que nos dividem, que nos separam, daquilo que nos leva às amarguras e dificuldades. Muitas vezes, há tantas divisões, separações e polarizações. E nos faça, cada vez mais, viver essa comunhão e ver o que eu posso fazer de bem para o outro, para aquele que talvez eu nem conheça, mas fazer o bem às pessoas. Meus irmãos e irmãs, essa celebração encerra a Quaresma e nos abre para o Tríduo Pascal. É um dia que em todas as catedrais, nesta manhã de Quinta-Feira Santa, se renova essa vida de comunhão, vida de unidade, as promessas do nosso sacerdote e também a nossa comunhão, tanto da presença física, como também pela distribuição dos santos óleos. Que o dia de hoje possa realmente marcar bem a nossa vida e, com o coração agradecido, nos olharmos uns aos outros para dizer que o Senhor nos chamou, e nós somos toda uma comunidade que se espalha por essa grande cidade, para uma bela e importante missão. Agradeço, Senhor, por essa missão e peço que me dê força para poder continuar levando adiante essa missão a tantas pessoas que necessitam e vivem, muitas vezes, amedrontadas, divididas, cheias de problemas na família ou de desemprego, que nós possamos continuar unidos na caminhada e olhando os dons que recebemos, essa unção pela ação do Espírito Santo, continuemos ainda mais abertos a deixarmo-nos conduzir por essa mesma ação do Espírito Santo para aquilo que ele mesmo decide sobre qual será o nosso caminho e qual a nossa direção, mas que não falte nunca aquilo que nós estamos vivendo, o Ano Vocacional Missionário, a redescoberta, a reanimação cada vez maior da nossa vocação e, principalmente, a nossa missionariedade com tudo que realmente se entende por essa missão na grande cidade, nesta vida urbana que nós vivemos, com tudo que existe de situações e dificuldades. Temos certeza que o mesmo Espírito Santo, que ungiu Jesus Cristo, nos fala a Palavra de Deus hoje, que entregou a sua vida a todos nós, como celebraremos no Tríduo Pascal, e que nós fazemos memória a cada Eucaristia, nos faz também unidos em meio a tantas situações e divisões, até mesmo na questão da liturgia, na questão de pessoas que dividem, separam, questões da própria Igreja, questão de unidade com o Santo Padre, nós queremos reafirmar a nossa comunhão nesta liturgia, na caminhada com Igreja atual, caminhada com o Santo Padre, e buscarmos vivenciar, cada vez mais também, a nossa vida de conversão, de unidade, de buscar, cada vez mais, fazermos o bem uns para com os outros. Amém!”.                  

 

Rita Vasconcelos

 

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