Joseph Ratzinger, ou mais conhecido como Papa Bento XVI, nasceu em um sábado de Aleluia, foi batizado em um domingo de Páscoa e faleceu na oitava do Natal, o seu tempo litúrgico favorito.
Estas não são as únicas peculiaridades da história do teólogo bávaro que nunca aspirou construir um tratado de teologia, contudo, naturalmente o fez, com a própria vida e missão.
A vivência cristã marcou sua história desde tenra idade, passou pelo horror da guerra e se cristalizou a partir do labor acadêmico, o qual o fez um doutor da Igreja, título este que ultrapassou os trâmites burocráticos para se consolidar nas mentes e corações daqueles que tiveram a oportunidade de conhecer seus pensamentos, ideias e ideais.
Eleito Papa no dia 19 de abril de 2005, dia em que a Igreja faz memória a São Leão I, um Papa alemão, e falecido na data dedicada a São Silvestre, um Papa romano, aprouve Deus, de forma caprichosa, unir à história de Bento XVI outros dois pontificados.
Os três Papas tiveram participação nos Concílios de Nicéia (325) Calcedônia (425) e Vaticano II (1965) e, testemunharam, cada um no seu tempo, a afirmação de três aspectos essenciais da fé cristã: “O Filho de Deus é o verdadeiro Deus”; “Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem” e “A Luz dos povos é Cristo”.
E foi inspirado na centralidade de Cristo que Joseph Ratzinger caminhou, evangelizou e refutou, com especial elegância, as narrativas de um mundo moderno, o qual, segundo o Pontífice, urge voltar às suas origens, para reencontrar o sentido da própria História.
Os pontos integradores de sua teologia, as confissões de Nicéia e Calcedônia, foram ratificados definitivamente na trilogia Jesus de Nazaré, sua última obra teológica, já como Pontífice Romano.
As obras de Joseph Ratzinger/Bento XVI cristalizam sua imagem como a de um homem extremamente comprometido com a Igreja, e, por isso, sua Eclesiologia deve ser compreendida para além de uma visão meramente sociológica horizontal. Nela, Povo de Deus e Corpo de Cristo se fundem e, alicerçados nas dimensões cristológicas, mistéricas, pneumatológicas, bíblico e sacramentais, constituem a communio eclesial.
O Cooperador da Verdade, de personalidade refinada e cultura erudita, também desenvolveu especial inclinação pela pessoa humana, a partir da doutrina sobre a Trindade e da natureza hipostática de Cristo.
Arraigada nos princípios do amor e da verdade, que conduzem ao real sentido do ser Igreja, a dinâmica da salvação é, segundo Ratzinger, constantemente gerada no “eu” da pessoa humana que ao encontrar o “Tu” de Jesus Cristo, se realiza no “nós” da Igreja.
Por isso, as encíclicas sociais de Bento XVI não são passíveis de uma simples síntese. É preciso compreender a união indissolúvel entre o amor e a verdade que gera a caridade em seu sentido pleno, ultrapassa o puro sentimentalismo e, toca profundamente a realidade hodierna, em todas as suas particularidades, em vista à Santidade.
Passados seis meses de sua morte e, diante da singularidade de sua missão como professor, teólogo e pontífice, pode-se afirmar: Ratzinger vive!
O legado teológico e pastoral de Joseph Ratzinger/Bento XVI pulsa, com a mesma vitalidade do homem, que dedicou até os últimos minutos de sua vida a serviço da humanidade, sem distinções e no mais elevado exercício da liberdade e da consciência, sob o manto de Maria, Mãe da Igreja.
Assim, com o propósito de difundir e promover o pensamento de Joseph Ratzinger/Bento XVI, o Instituto Superior de Ciências Religiosas abre seu espaço para acolher a Academia Ratzinger, que traz consigo a realização de cursos, pesquisas, seminários e congressos, destinados a todos aqueles que buscam o enriquecimento da fé e, comprometidos com um mundo melhor, compreendem a importância dos ensinamentos do teólogo pontífice para a sociedade contemporânea.
A partir de uma metodologia diferenciada e da inovação pedagógica unida às novas tecnologias, a Academia Ratzinger visa valorizar o potencial humano, priorizando as competências de liderança e responsabilidade social, onde aspectos éticos, pensamento crítico, promoção do bem comum e criatividade estão intrinsicamente ligados ao kerigma, que precede e justifica quaisquer ações que trazem em si o selo do cristianismo autêntico, comprometido com o futuro.
No próximo dia 15 de julho, sábado, às 9h, o Instituto Superior de Ciências Religiosas lançará oficialmente a Academia Ratzinger, em sua sede a Avenida Paulo de Frontin, 568 – 1º andar, no bairro do Rio Comprido, na cidade do Rio de Janeiro, com o Seminário “o significado dos valores religiosos e morais na sociedade pluralista”, ministrado pela advogada e mestre em teologia sistemática pela PUC-Rio, Dra. Michelle Figueiredo Neves.
A participação é livre e presencial. Sem esquecer a realidade da fome que acomete importante parte da população e, em parceria com a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, pede-se aos participantes a doação de pelo menos um quilo de alimento não perecível.
Para fazer parte da Academia Ratzinger, cujas aulas terão início no dia 8 de agosto de 2023 e serão desenvolvidas na modalidade remota, com encontros presenciais eventuais, foram disponibilizados no site do Instituto Superior de Ciências Religiosas, as informações sobre a academia e o correspondente formulário de inscrição para participação nos cursos oferecidos (iscrarqrio.com.br/academia-ratzinger). Outras informações contatar o telefone/whatsapp: 96600-5001.
Da Redação