O Rio de Janeiro sediou no mês de julho a quarta edição do encontro da Missão Sem Fronteiras, promovido pelo Colégio Imaculado Coração de Maria, no Méier, que faz parte da Rede de Educação das Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo.
A Missão Sem Fronteiras acontece desde 2017, de dois em dois anos, e foi iniciada na cidade de São Paulo, junto ao Centro do Migrante, lugar de acolhimento e assistência, principalmente aos mais vulneráveis fora de sua terra. No Brasil, a Congregação das Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo fazem parte de duas províncias, a do Norte e a do Sul (o Rio de Janeiro está na Província Norte).
O objetivo da edição no Rio de Janeiro, que reuniu cerca de 200 pessoas entre organizadores e alunos, possibilitou que os agentes missionários, jovens integrantes das ‘Juventudes Missionárias’ das escolas da Rede de Educação, tanto da Província Norte, como da Província Sul, através do seu protagonismo, convivam fraternalmente imersos numa realidade de vulnerabilidade e possam descobrir na partilha e na vivência comunitária um caminho possível para transformação.
A Missão Sem Fronteiras tende a favorecer a desinstalação, a provocação e a imersão dos seus agentes missionários nas realidades propostas, produzindo um incômodo que desvele os valores humanos, enraizados no cotidiano, ou seja, abrir mão do aconchego do lar e viver algo inusitado e inédito nas diversas situações, por vezes, diferentes da que se vive.
No dia 1º de julho, os agentes missionários tiveram a oportunidade de visitar o Lixão, no Jardim Gramacho, no município de Duque de Caxias, através da ONG Cheifa (Central Humana de Educação, Ideias e Formação Alternativa), liderada pela professora Maria de Fátima da Silva, que levou um pouco de dignidade aos moradores e, principalmente, às crianças que vivem no local.
Todos puderam criar, pelo choque de realidade, uma dimensão de ‘ser’ humano tocado pelo desespero e pelo esquecimento do poder público, que traz à consciência a responsabilidade natural que temos uns para com os outros.
A proposta do evento foi provocar o intercâmbio relacional, que é a abertura que uma pessoa faz à realidade de um outro alguém, em todas as suas potencialidades circunstanciais, ou seja, é a saída de si para experimentar o que é da existência do outro de maneira a saborear situações desinstaladoras que ressignifiquem a visão de mundo, a interpretação da realidade e o conceito de ser humano.
A pedido da própria comunidade do Jardim Gramacho, foram doadas cerca de 2.090 garrafas de 1,5 litros de água para os moradores.
No dia 2 de julho, a Missão Sem Fronteiras visitou o Vale Encantado, no Alto da Floresta da Tijuca. Rodeada de casas de alto padrão e da linda floresta, essa comunidade de apenas 28 casas torna-se modelo de sustentabilidade, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), promovendo um movimento de autossustentabilidade e preservação do meio ambiente. Através de Otávio Barros, líder comunitário e idealizador do projeto, as famílias são conscientizadas sobre a importância do lixo e dos seus derivados.
Os agentes missionários puderam conhecer como a comunidade se organiza. Por exemplo, o biosistema de retenção de dejetos e utilização posterior para adubação e a cozinha comunitária que utiliza o biogás extraído da coleta seletiva do lixo e transformado em gás metano.
Da Redação
