“Como o emocional impacta na saúde da pele” foi o tema da palestra que reuniu o Grupo Plural de Psicólogos (GPP), na sede da Mitra, no Rio de Janeiro, na tarde do dia 31 de outubro. A convidada deste mês foi a médica dermatologista Carolina Araújo Iggnacio, que falou sobre a inter-relação entre os aspectos emocionais e as doenças que afetam a saúde da pele.
A médica explicou que existem emoções que provocam ou potencializam determinadas afecções cutâneas. Podemos citar vitiligo, lúpus, eflúvio telógeno, alopecia areata, psoríase, acne, hiperidrose, entre outras.
Existem também doenças da pele que interferem nas emoções das pessoas afetadas por elas, como o albinismo (distúrbio genético que se caracteriza pela ausência total ou parcial da melanina), hemangiomas, hanseníase (lepra), mancha vinho do Porto e outras, afetando a estética e trazendo um visível desconforto para quem padece desses males.
Alguns estados psicológicos alterados também podem provocar comportamentos que levam a manifestações cutâneas prejudiciais à saúde. Um caso típico é a onicofagia, o hábito de roer as unhas, tanto das mãos quanto dos pés. Algumas pessoas desenvolvem o hábito de arrancar os pelos do próprio corpo, a tricotilomania; ou, ainda, de arrancar e comer fios ou tufos de cabelos, distúrbio conhecido como tricotilofagia, que requer um tratamento associado de psicólogos e gastroenterologistas.
Segundo Carolina Araújo Iggnacio, o preconceito é o maior problema decorrente das doenças da pele, por causarem desconforto e mal-estar tanto para quem é afetado, quanto nas pessoas que convivem com os doentes.
Um dos casos mais conhecidos é o do bangalês Abul Bajandar, diagnosticado com epidermodisplasia verruciforme, uma rara síndrome que provoca o crescimento de verrugas que se parecem com cascas de árvore nas mãos e nos pés. Ele foi submetido a mais de 20 cirurgias para se recuperar da doença, que impedia até mesmo o uso das mãos para se alimentar.
A dermatologista explicou que o estigma e o preconceito têm feito com que pessoas nessa condição fiquem vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos psicológicos e busquem o isolamento. Apesar de alterações na aparência, geralmente, algumas dessas doenças não trazem comprometimentos graves à saúde de quem as desenvolve, nem são necessariamente transmissíveis.
Existem diversas formas de tratamento para as doenças de pele, conforme sua natureza e etiologia. Peelings, laser, aplicações de botox e preenchimentos costumam trazer bons resultados, associados ao uso de medicamentos tópicos ou sistêmicos, dependendo da gravidade e do tipo da infecção diagnosticada.
A Cosmiatria (uma subespecialidade da área da Dermatologia) é voltada exclusivamente para o tratamento e prevenção de problemas estéticos na pele. De modo geral, é a ciência que estuda a beleza humana, de forma responsável e ética, buscando proporcionar ao paciente o restabelecimento de sua autoestima, ao reduzir ou eliminar as alterações ou deformidades provocadas pelas doenças de pele.
A médica ressaltou a importância de se manter um estado psicológico saudável, o que contribui decisivamente para a saúde da pele. Por isso, considera fundamental o papel da psicoterapia na busca do equilíbrio emocional de cada indivíduo.
A médica Carolina Araújo Iggnacio respondeu ainda as perguntas dos presentes na palestra e recebeu das mãos de Dom Antônio Augusto Dias Duarte, coordenador do GPP e bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o certificado de participação na reunião mensal do Grupo Plural de Psicólogos.
Se você é psicólogo ou estudante de Psicologia e deseja fazer parte do GPP, venha participar das reuniões mensais e acompanhe as notícias no Instagram, em @psicologosarqrio.
Luís Paulo Dias