‘Eu não vim por mim mesmo: mas o que me enviou é fidedigno’
Caros amigos,
Ao final de minha estada no Brasil, sinto-me particularmente grato por presidir esta Eucaristia entre vocês e por suas intenções, para agradecer a Deus pela acolhida que recebi e pelo compartilhamento da fé que pudemos vivenciar juntos em torno da questão do sacerdócio de Jesus Cristo na Igreja.
Também lhes expresso minha gratidão pelo testemunho de seu povo e pelo serviço de todos os ministérios que sustentam a vitalidade da Igreja local. O Brasil continua sendo um ponto de referência na Igreja universal, tanto pela cultura católica que encarna no continente quanto pelos desafios que deve enfrentar para revitalizá-la.
Neste momento da Quaresma, a liturgia nos apresenta o testemunho de Jesus, que está enfrentando uma crescente oposição a seu ministério e à sua pessoa. Sentimos que o círculo de oponentes está se fechando sobre Ele para esmagá-Lo. A lógica dessa oposição é aquela dos ímpios, descrita pelo livro da Sabedoria: “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: Ele repreende em nós as transgressões da lei de Deus. Vamos condená-Lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com Suas palavras, virá alguém em seu socorro”.
O Evangelho de hoje atesta que eles tentaram prender Jesus, mas ninguém pôs a mão n’Ele, porque sua hora ainda não havia chegado. Apesar da oposição e das ameaças, Jesus ensinou no templo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno”.
Caros amigos, toda a missão de Jesus está contida nesse testemunho. Já ouvimos sua declaração diante de Pilatos: “Eu vim ao mundo para dar testemunho da verdade”. Essa verdade é seu relacionamento com o Pai, o relacionamento com o Pai que O enviou e cujo testemunho devemos aceitar se quisermos estar em comunhão com Deus.
Todos os nossos esforços de evangelização e pastoral giram em torno desse testemunho. Quem é esse Jesus que deixou uma marca tão grande na história? Quem é Jesus e quem somos nós que caminhamos juntos seguindo seus passos? Nós também estamos experimentando um mundo que às vezes é duro e hostil, e podemos ser tentados a esconder nossa fé ou negligenciar nosso testemunho. As festividades da Páscoa que se aproximam nos lembram dos “mirabilia Dei” da paixão e morte de Jesus Cristo, que sustentam nossa jornada e renovam nosso próprio testemunho.
Estejamos conscientes de que nosso testemunho está em comunhão com todo um povo que sofre e espera pela vida eterna. Que o Espírito Santo guie nossos passos até a Páscoa do Senhor, renovando em nossos corações a resposta à pergunta de Jesus a seus discípulos: “E para vós, quem sou eu?”.