Não podemos pensar no escotismo e não fazer relação com aventura. O Movimento Escoteiro tem como base de atração justamente algo que faz parte da construção da personalidade humana e é característica baluarte de quem aproveita a vida no seu sentido mais sublime. A aventura tem a ver com coragem, com determinação, com a vontade de sair do comodismo habitual da vida e contar sempre uma nova história para si mesmo. Aventurar-se faz relação com o corpo e o espírito, com a realidade transcendente e terrena, com a realidade dos sonhos, das utopias e da própria vida nesse espaço-temporal do mundo material.
A maior aventura que podemos realizar na vida é a da “fé”. E todas as ações que forçamos o nosso ser a ir um pouco mais além das forças que até então se tinha conhecimento, tem como sustentação a fé. Foi isso que moveu um militar, filho de um reverendo anglicano, a fundar um movimento para jovens; deste homem, suas ideias se expandiram para outros marinheiros, que ávidos de expandir essa experiência para seus parentes e amigos, em 1910, trouxeram o escotismo para o Brasil, especificamente, Rio de Janeiro. Até 1924, esses aventureiros já tinham espalhado o escotismo para quase todas as partes do nosso Brasil. Muito já se tinha difundido a grande novidade do século, mas faltava uma força para dinamizar mais ainda o escotismo: a unidade.
Foi assim que, em 1924, nasceu a União dos Escoteiros do Brasil (UEB). De Baden-Powell, fundador do Escotismo, passando pelos grandes marinheiros da fragata Minas Gerais, já tendo se estabelecido, em 1917, a Federação dos Escoteiros do Mar e a Associação Escoteira Católica São João Batista da Lagoa, sob o comando do almirante Sodré e monsenhor Leovigildo Franca, uma nova história passou a ser contada até os dias de hoje. E como não afirmar que tudo também não passou de uma grande aventura? Talvez a maior de todas elas para esses homens combatentes da paz e da fé.
A União dos Escoteiros do Brasil, que fincou suas raízes na Cidade Maravilhosa, tem muito a contar. A história de seus membros perpassa a história da cidade e do Brasil. Hoje, sua sede nacional é em Curitiba-PR, mas muito do início do escotismo até os dias atuais se encontram hodiernamente no Rio de Janeiro. O Centro Cultural do Movimento Escoteiro, presente até hoje no centro do Rio, a parcela de contribuição dos escoteiros para a construção do Cristo Redentor e o incentivo do Estado para a manutenção do escotismo por meio do Maracanã são expressões ainda vivas na cidade onde há 114 anos acolheu esta grande expressão de virtudes humanas, e há cem anos foi palco de uma instituição que durante esse tempo, mais de um milhão de pessoas beberam de seu método educativo.
Para novembro o escotismo está preparando um grande momento com seus membros, inclusive o Cristo Redentor foi o lugar escolhido para essa solenidade tão especial. Na vida de crianças, adolescentes, jovens e adultos que, apaixonados pela aventura do escotismo, transformam sua dedicação a este movimento em um estilo de vida, os deveres para Deus, consigo mesmo e com o outro fazem parte de seus hábitos mais altivos e mantém por meio da espiritualidade suas estruturas educacionais, sendo um meio para o desenvolvimento integral do ser humano de melhores cidadãos para o nosso Brasil.
Que Deus abençoe o escotismo, e sempre alerta!
Padre Hugo M. M. Galvão, capelão Nacional Católico dos Escoteiros do Brasil