No dia 21 de setembro, dentro do Tempo da Criação, celebramos o dia da árvore e a entrada da primavera. Neste dia louvamos o Deus Criador por ter possibilitado, ao longo da história geológica da vida, o surgimento de centenas de milhares de árvores, que enriquecem o planeta Terra, nossa Casa Comum. Elas, junto com os demais seres vivos, manifestam a beleza da obra criacional, mantendo uma relação íntima com as águas, os solos, os animais e os seres humanos. As árvores fazem parte da história da salvação, sendo citadas inúmeras vezes nos relatos bíblicos e nas metáforas, para exemplificar a relação de Deus Criador com suas criaturas, em diferentes épocas, contextos e culturas. Celebrar o dia da árvore é reconhecer com gratidão os serviços ambientais que as inúmeras espécies de árvores prestam aos nossos biomas, ecossistemas e a toda a sociedade, a saber: melhoria da qualidade de vida nas cidades; proteção, abrigo e alimento aos animais; contribuição para o microclima na amenização da temperatura; sequestro do carbono; ajuda na distribuição e absorção das águas de chuvas; dispersão das sementes que irão formar as matas e florestas; fontes medicamentosas na cura de doenças; e ainda, fornecem madeira, fibras e cosméticos; produzem alimentos para os seres humanos e animais; e embelezam as nossas avenidas, ruas e praças. Louvamos com gratidão as árvores, pelo bem e o equilíbrio que elas prestam à ecologia integral de nossa Casa Comum.
Por outro lado, não podemos deixar de expressar a nossa preocupação com a derrubada exagerada de árvores nas florestas, cerrados e pantanal, como também das queimadas que destroem centenas de milhares de espécies, intensificando a emissão dos gases de efeito estufa, agravando as mudanças climáticas e gerando ondas de calor e fumaça que matam animais e prejudicam a saúde dos seres humanos. Neste ano de 2024, atingimos patamares elevados de queimadas em nosso país, constituindo assim um pecado contra a Criação pelos seguintes motivos: destruição de nossos biomas, irresponsabilidade para com o bem comum, aumento de doenças respiratórias, desrespeito às leis constitucionais, desequilíbrio climático, extinção de espécies, entre outros. Não podemos continuar destruindo a riqueza de nossa biodiversidade, cujas árvores são fundamentais para equilibrar os ciclos de vida de um planeta onde o Criador foi extremamente generoso, sobretudo com a megadiversidade biológica de nosso mundo tropical.
Nosso compromisso, como cristãos, seguindo os apelos da Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, consiste em sermos guardiões da obra que Deus colocou em nossas mãos para ser contemplada, amada e administrada com sabedoria. Para tanto, façamos gestos simples, plantando mais árvores e procurando cuidar daquelas que estão em nossas casas, ruas e praças, e preservá-las, pois esta pequena ação contribui para melhorar a qualidade de vida, ajuda a resgatar a nossa relação com a natureza e contribui com a sustentabilidade de nossa Casa Comum. Louvado seja Deus pelas nossas árvores!
Padre Josafá Carlos de Siqueira, SJ
Vigário Episcopal do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Arquidiocese do Rio de Janeiro