“Hoje é um dia de refletir sobre a nossa realidade humana: a de que um dia nós adormecemos para o Senhor. Cremos que a vida não termina. Vamos rezar por aqueles que partiram, para que estejam junto de Deus. E pedir a consolação aos que ficaram, para que tenham confiança, esperança e enquanto viverem, façam o bem às pessoas. As dores da perda são muito grandes porque nos apegamos às pessoas e queremos que elas permaneçam para sempre. Elas permanecem, não da mesma forma, mas na vida eterna”.
Foi com essa mensagem que o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, abriu o Dia de Finados, 2 de novembro, no Crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju.
A cerimônia também foi uma homenagem ao arcebispo pelo seu jubileu de 50 anos de ordenação sacerdotal. A CEO do Crematório e Cemitério da Penitência, Karla Belchior Monielly, presenteou Dom Orani com uma casula mariana, em tecido estilo francês e veludo azul com douramento, uma alusão a Virgem Maria.
Ela entregou uma placa a Dom Orani com os seguintes dizeres: “Prestamos nossa sincera homenagem por cinco décadas dedicadas ao sacerdócio de guiar compassivamente os fiéis de nossa cidade pela seara espiritual: acolhendo, consolando e fortalecendo a todos. O vosso lema ‘Ut omnes unum sint’ – ‘Para que todos sejam um’ -, nos ensinou o verdadeiro valor da união e do amor ao próximo”.
Surpreso com a homenagem, Dom Orani disse: “Tenho colocado como intenção de vida rezar pelas vocações, a fim de que nunca faltem sacerdotes para servir o povo de Deus.” Ao lembrar dos jovens que morrem de maneira violenta na cidade, o arcebispo sinalizou que “a missão da Igreja é trabalhar para um mundo mais justo, humano e de paz”.
Dom Orani assistiu a apresentação do Ballet de Manguinhos, projeto social formado por meninas e meninos de 20 comunidades da cidade.
Durante toda manhã, o Cemitério da Penitência promoveu atividades de acolhimento e conforto a quem foi visitar seus entes queridos.
Especialistas em luto, a assistente social Márcia Torres e o psicólogo Paulo Victor, coordenadores do projeto A Vida Não Para – grupo de apoio ao luto do Cemitério da Penitência –, comandaram o ‘Caminho da Serenidade’, onde os visitantes foram estimulados a caminhar pela alameda central do cemitério e falar de sentimentos relativos ao processo do luto, a partir de palavras como ‘vivenciar’, ‘caminhar’, ‘saudade’ e ‘compartilhar’.
“Nossa proposta foi levar as pessoas a entenderem que o luto precisa ser vivenciado de forma mais serena e que há um caminho a percorrer durante esse processo do luto. É uma etapa de mudança, de compreensão e também de sofrimento e choro, mas é um percurso para a compreensão sobre a perda e recobrar a paz”, diz Márcia, que também é fundadora do grupo Amigos Solidários na Dor do Luto – Rio de Janeiro. Houve ainda a tradicional revoada de balões brancos, simbolizando a continuidade da vida.
Um estande foi montado especialmente ao lado da capela histórica para receber o Grupo de Operações com cães da Guarda Municipal do Rio de Janeiro. Zack e Montanha, das raças Border Collie e Fox Paulistinha, interagiram com os visitantes, sob o comando dos seus tutores.
A direção do Crematório e Cemitério da Penitência calcula ter recebido no Dia de Finados cerca de dez mil visitantes.
Cláudia Freitas