Na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, em 2 de novembro, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, presidiu missa campal no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Ainda de manhã, no mesmo cemitério, rezou e ofereceu flores na quadra dos padres da Irmandade de São Pedro. Ao meio-dia, o arcebispo presidiu outra missa campal no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Na homilia, Dom Orani disse:
“O dia de hoje é uma oportunidade de abrirmos uma janela de luz em nossos corações e em nossas vidas. É uma realidade que nos deparamos quase todos os dias, de parentes, amigos, conhecidos, pessoas que partem desta vida. Passando pelos cemitérios na área do Caju, vi muitos nomes conhecidos. Quantas pessoas estão sepultadas nesta região, que fizeram o bem, trabalharam e marcaram a vida do Brasil e de nossa cidade. Mas também há o que cada um de vocês traz no coração, saudade dos amigos, conhecidos, e parentes que partiram.
O Papa Francisco, neste mês de novembro, fala da oração pelos jovens que faleceram e das famílias que perderam seus filhos. Ele recorda essa realidade das guerras que matam os jovens e tiram a esperança da juventude. No Rio de Janeiro, nós acompanhamos diversas situações que levam os nossos jovens. O Papa fala que é tão inusitada a questão de os jovens irem para a eternidade. Nós sabemos que, quando falece um marido, uma esposa, torna-se viúvo ou viúva; quando falecem os pais, nós nos tornamos órfãos. Mas quando falecem os filhos, não têm nome, não tem como qualificar porque é contra a nossa lógica humana. Nós sabemos e vivemos essa realidade em nossa família e na nossa cidade. Há momentos em que os nossos olhos se fecham para essa realidade do mundo de hoje. Mas Jesus é quem nos leva para as moradas eternas, a começar pela fé neste nosso tempo até chegarmos à visão beatífica. Nós celebramos essa certeza. Os católicos têm essa certeza de que aqueles que partem continuam vivos na eternidade. Hoje é dia de nós contemplarmos e olharmos com essa confiança que no meio das dores, da saudade, do sofrimento, nós olhamos e rezamos por aqueles que partiram para que estejam na paz, na alegria, na eternidade, na visão beatífica com Deus. Nós católicos cremos que a vida não termine com a morte. Nossos corpos também ressurgirão como Cristo para a bem-aventurança na vida perpétua e na vida eterna.
Nós também rezamos pelos nossos irmãos e irmãs que estão no purgatório, por isso a igreja padecente; e nós, Igreja militante, rezamos para que todos possam um dia estar na Igreja triunfante. Nós somos chamados a refletir e ver que hoje é um dia de pensar sobre a finitude, a eternidade e o tempo que nós temos. Porque ainda temos esse tempo. Não sabemos até quando teremos, então devemos passar esse tempo fazendo o bem, devemos ajudar as pessoas, a família, os vizinhos, os parentes, a sociedade a caminharem bem. Nós não podemos nos acostumar com essa violência, com os problemas que temos. A reflexão de hoje deve nos levar a viver uma vida como bons cristãos e fazer a diferença. Nós católicos, quando realmente nos convertemos a Jesus Cristo e nos encontramos com Ele, nós não mudamos somente a nossa vida, a nossa mentalidade, o nosso comportamento, nós também somos impulsionados a passar pelo mundo fazendo o bem, ajudando as pessoas a serem melhores e mais felizes.
O cristão católico, que se encontra com Jesus Cristo, com a Palavra de Deus, com os sacramentos, a eucaristia, é impulsionado a fazer o bem. E quanta coisa nós temos para fazer ao nosso redor e por onde passamos. A arquidiocese celebra 65 anos do Banco da Providência, fundado por Dom Helder Câmara, 40 anos da Pastoral do Melhor, fundado por Dom Eugenio Sales, que tanto trabalho social fazem de promoção humana. Nós sabemos de quantas pessoas empenhadas e quantas milhares de pessoas foram ajudadas a mudarem de vida.
Por isso, no dia de hoje, neste momento de finitude e de eternidade, nós contemplamos essas duas realidades e nos irmanamos a tantos que sofrem de saudade ou dor. Ao terminar este mundo, nós teremos a eternidade para podermos viver a ressurreição final, a Jerusalém Celeste. Nós somos chamados a aproveitar cada instante e cada momento.
Hoje é também um dia de oração e de conversão: oração pelos falecidos e esperança por todos nós, conversão para cada um de nós. Sabemos que temos moradas no céu. O Evangelho nos fala: na casa do meu Pai tem muitas moradas, e o caminho é Jesus Cristo. Ao ficarmos configurados a Cristo, cada vez mais nós viveremos conforme a Palavra de Deus e a ação do Espírito Santo em nossa vida. Que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz.”
Rita Vasconcelos e Carlos Moioli