Na tarde de 2 de novembro, Dia de Finados, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, presidiu missa no Cemitério Santa Cruz, na zona oeste da cidade.
Na homilia, o arcebispo disse:
“A celebração de hoje, Dia de Finados, é uma grande luz. Durante todo o dia, rezamos pelos nossos irmãos e irmãs falecidos. E de modo especial aqui nesta região onde estamos, no Cemitério de Santa Cruz, onde a única identificação são os números, com tantas cruzes colocadas à minha frente, atrás e nos dois lados. Quantos números, quantas pessoas que não têm identificação, mas Deus conhece cada um, cada uma. E nós rezamos por todos eles.
E, ao mesmo tempo, ao rezarmos pelos nossos irmãos falecidos, a Palavra de Deus nos ilumina. Os justos estão nas mãos de Deus. Pareciam que estavam sendo castigados, mas estão no Senhor. Vivemos em tempos difíceis, além das doenças e problemas da idade, a violência tem matado muita gente em nossa cidade. Mas nós sabemos que eles, sejam quais forem as causas, estão nas mãos de Deus. E nós cremos o que foi proclamado no Evangelho. Jesus disse: ‘não perturbe o vosso coração. Na casa de meu Pai tem muitas moradas’. Nós sabemos e cremos que Jesus morreu, ressuscitou e está vivo no meio de nós. A palavra de vida eterna nos fala que o verbo se fez carne e veio morar no meio de nós.
Agradeço a Deus por todas as pessoas empenhadas na missão de evangelização no dia de hoje em todos os 17 cemitérios de nossa arquidiocese, além das paróquias e capelas, rezando pelos falecidos. Uma das consequências de nossas ações são os testemunhos que ouvi em todos os cemitérios visitados, e também muitas confissões. Muitas pessoas aproveitaram a presença dos sacerdotes para as confissões, que também entram na questão das indulgências. Quem se confessa, comunga, reza na intenção de Santo Padre, e visita o cemitério, lucra a indulgência plenária para os defuntos.
No entardecer deste 2 de novembro, Dia de Finados, nós sabemos que essa janela que se abre, e que nos questiona muito, nos fala da finitude. Nós não temos aqui morada permanente. Todos nós, um dia, iremos fechar nossos olhos para a eternidade, a não ser aquele que chegar no final dos tempos, assim como nos fala São Paulo. Mas a grande maioria um dia vai terminar seus dias. Então, nós sabemos que somos finitos enquanto pessoas humanas. Ao celebrarmos esta Eucaristia, nós celebramos a eternidade como nos lembra o Apocalipse, ou seja, uma vida que não termina. Nós hoje celebramos os dois aspectos de terminar e não terminar. Esse é o grande sinal que nós católicos queremos viver neste dia.
Acreditamos que, após a nossa vida, nós continuamos vivendo na eternidade. Queremos viver bem, felizes, e na graça de Deus, colocando em prática o Evangelho, queremos contemplar a Deus. E se não tiver essa possibilidade, teremos um pouco de purificação, um pouco de purgatório para terminar a nossa purificação. Nós queremos evitar, de qualquer jeito, ir para a condenação com aqueles que não andam no caminho do Senhor. Por isso, nós rezamos pelos falecidos. Sabemos que eles estão juntos de Deus, estão na eternidade.
Somos chamados, diante da realidade da nossa vida, que o dia de hoje nos faz pensar a aproveitar cada vez melhor da nossa vida para fazer o bem. Aquilo que realmente vamos levar para a eternidade, que vai ser a construção da nossa casa no céu, das nossas moradas na eternidade. A nossa casa é construída na eternidade com aquilo que nós fazemos aqui, com o bem que nós fazemos aqui. Os passos que damos são os tijolos que enviamos para a eternidade, através do bem que fazemos a cada dia, a cada instante da nossa vida. O que nos faz mais felizes é ver que as nossas boas ações também fizeram o bem e o outro feliz. Ajudar a pessoa a viver melhor, dar comida para alguém, ajudar alguém a viver com mais tranquilidade. Já aqui e agora nos faz mais felizes vendo os outros felizes. E esses atos de bondade são tijolos que colocamos em nossa morada no céu, construindo nossa casa no céu. Ou seja, vivendo para Deus.
Meus irmãos e irmãs, hoje é um dia de reflexão e oração. Que esses irmãos e irmãs aqui sepultados descansem em paz. Que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém.”
Rita Vasconcelos e Carlos Moioli