Cardeal Parolin: ‘repensar as estruturas para facilitar a cooperação internacional’

É necessário um “repensar das estruturas” que facilitem a cooperação internacional e, acima de tudo, lembrar que a governança global deve ser concebida não apenas com base na “soberania paritária dos Estados”, mas também nos “princípios de subsidiariedade e participação paritária”.

O secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, participou da cúpula dos chefes de Estado e de Governo no Rio de Janeiro. No primeiro dia, 18 de novembro, leu a mensagem do Papa Francisco.

No segundo dia, 19 de novembro, o secretário de Estado fez uma intervenção, dirigindo-se aos chefes e representantes de países presentes, na qual destaca “a distorção presente no panorama global, caracterizado pelo surgimento de novas tecnologias, por uma maior interconexão e pela intensificação da globalização” que, de fato, levaram a uma “notável diminuição da influência dos Estados nacionais” e a uma “crescente influência dos setores econômicos e financeiros”, que, por sua vez, se tornaram “cada vez mais transnacionais, exercendo assim maior controle sobre os processos de tomada de decisão política”.

 

Uma cooperação internacional eficaz

O Cardeal Parolin apontou as dificuldades enfrentadas pelas “instituições multilaterais internacionais”, muitas delas criadas após a Segunda Guerra Mundial, para “responder às demandas do século XXI.” Um exemplo destacado pelo secretário de Estado do Vaticano é “o aumento exponencial do número de países independentes, que também levou a uma expansão substancial do número de membros” dessas organizações. Isso, explicou ele, “exige um repensar das estruturas que deveriam facilitar uma cooperação internacional eficaz”.

Além da fundamental “atenção para garantir a paz e a estabilidade”, não se pode ignorar a importância de “enfrentar o surgimento de novos desafios e desenvolver mecanismos globais capazes de responder a questões ambientais, de saúde pública, culturais e sociais, bem como à inteligência artificial”. O secretário de Estado ressaltou que isso possui uma “importância notável para consolidar o respeito aos direitos humanos fundamentais, aos direitos sociais e à proteção de nossa casa comum, confiada a nós por Deus”.

 

Subsidiariedade e participação paritária

Portanto, concluiu o secretário de Estado, “é importante não confundir multilateralismo com uma autoridade global concentrada em uma única pessoa ou em uma elite com poder excessivo.” Além disso, qualquer “reforma da governança global deve ser construída não apenas sobre a soberania paritária dos Estados, mas também sobre os princípios de subsidiariedade e participação paritária, em vez de se basear no domínio e no poder”.

 

Vatican News

 

 

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